Benfica 3-3 Sporting (7-6 a.g.p.): Afinal Liedson não resolveu...

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Estádio da Luz em Lisboa, com temperaturas baixas, mas muito calor em redor de uma partida que foi electrizante do primeiro ao último minuto. Ambas as equipas a apresentarem-se esta noite com algumas ausências. Do lado dos «encarnados» foram Miguel e Karadas. Já do lado dos rivais, Beto não alinhou. Nas bancadas, cerca de 65 mil espectadores, a assistirem a aquele que prometia ser o jogo da desforra, depois da derrota em Alvalade para a SuperLiga. O jogo foi transmitido em sinal aberto de televisão, através da RTP, mas ainda assim os adeptos a marcarem presença na Luz em grande número, dando assim uma vez mais, uma bonita imagem ao magnífico Estádio da luz.

Antes da partida, registo para a homenagem da equipa leonina a Miklós Fehér e para o comportamento dos adeptos, que ao que tudo indica, comportaram-se como se quer. António Costa foi o árbitro da partida, que ficou marcada pela ausência inicial do delegado da Federação Portuguesa de Futebol, que mais tarde apareceu no recinto, justificando o seu atraso com um acidente de aviação onde esteve envolvido.

1ª PARTE: Muito rítmo acompanhado com golos...

Com as ausências de Miguel e Karadas, Geovanni Trapattoni foi obrigado a mexer no «onze». Dos Santos e João Pereira substituíram os lesionados. Assim sendo, o Benfica alinhou de início com Quim, João Pereira, Luisão, Ricardo Rocha e Dos Santos na defesa; Petit, Manuel Fernandes e Bruno Aguiar no meio-campo, Simão Sabrosa, Geovanni e Nuno Gomes na frente.

Do lado do Sporting, José Peseiro optou por deixar de fora Rui Jorge e não contou com Beto devido a lesão. Os «leões» iniciaram o jogo com Tiago; Rogério, Enakarhire, Polga e Paíto; Rochemback, Custódio, Pedro Babosa e Hugo Viana; Sá Pinto e Liedson.

O pontapé de saída coube ao Sporting, mas foi o Benfica a primeira equipa a adiantar-se no marcador e logo aos 3' minutos por intermédio de Geovanni. Simão cobrou um livre à entrada da área... O internacional português atira ao poste de Tiago e, na recarga, Geovanni, que seguiu o lance, inaugurou o marcador na Luz. Foi só encostar e estava feito o 1-0 na Luz, para alegria dos adeptos benfiquistas.

O Sporting tentou rsponder por Rochemback, mas sem êxito na primeira tentativa de remate dos leões, que no entanto acabariam por restabelecer a igualdade aos 14' minutos por intermédio de Hugo Viana. O golo dos «leões» também procedeu de um livre em que Pedro Barbosa dá um toque para Hugo Viana, que de fora da área arranca um petardo, com a bola a entrar pela primeira vez na baliza de Quim. Estava feito o 1-1 e o jogo prometia.

A alegria estava agora espalhada por todo o estádio, mas foi «sol de pouca dura», já que bastaram dois minutos, para que o Sporting voltasse a marcar e desta feita por Liedson. Foi aos 16' minutos após uma grande jogada de Huvo Viana que deu a bola para Rogério, a fim de este isolar Liedson que remata colocado para o fundo das redes, a bater Quim pela segunda vez. Os «leões» passavam então a estar em vantagem.

A festa era então verde no Estádio da Luz, mas só durou sete minutos, porque o jogo estava tão vivo que o Benfica voltaria a restabelecer a igualdade no marcador e de novo, por intermédio de Geovanni. Decorria então o minuto 23' quando num livre de muito longe, Petit recebe de Simão e atira forte para uma defesa para a frente de Tiago. Geovanni, mais uma vez no sítio certo, cabeceia para a baliza deserta e restabelece a igualdade na Luz. Uma autêntica noite esta na Luz.

No minuto seguinte o Sporting teve oportunidade para se colocar novamente na frente, mas Rochemback rematou muito acima da baliza defendida por Quim. O jogo estava de facto a ser uma partida bem disputada, com lances ofensivos de ambas as partes, com bola cá, bola lá e acima de tudo muita garra de ambas as equipas e aos 30' minutos o Benfica esteve de novo perto do golo. Sem dúvida uma grande oportunidade para Geovanni, que isolado de cabeça por Nuno Gomes, no lado direito da área, rematou à figura de Tiago. Rogério fez o alívio e evitou prejuízos maiores. Há muito que nãos e via um jogo assim...

O Benfica viria então a ser forçado a mexer na equipa. Ricardo Rocha saiu lesionado e para o seu lugar, Trapattoni chamou Alcides. Mas até neste aspecto as equipas estavam equilibradas, porque Custódio queixou-se a Peseiro e este chamou uma vez mais o jovem Moutinho. Entretanto o jogo atingiu, talvez, aquele que foi o momento mais calmo com as equipas a "repousarem" um pouco, mas ainda assim era o Sporting quem estava mais activo.

Ainda antes do intervalo o Sporting esteve perto do golo, uma vez mais, mas desta feita por Polga que ganha um ressalto na área, após um mau alívio da defesa encarnada. O central brasileiro falha por pouco o golo. O remate saiu ligeiramente por cima da trave. Um minuto de compensação foi jogado e logo depois, António Costa deu indicações para os jogadores regressarem aos balneários.

2ª PARTE: Mais golos e muita emoção até ao último minuto.

Tal como no primeiro tempo, foi o Benfica a primeira equipa a criar perigo e foi Nuno Gomes quem teve nos pés a possibilidade de reiniciar a partida com um golo. Nuno Gomes recebe de Simão, roda na meia-lua e atira de pé esquerdo. Tiago defende novamente para a frente, mas desta vez valeu o corte da defesa. Geovanni quase que lá chegava. Esteve à vista o 3-2 para os da Luz.

Minutos depois chegaria à Luz os momentos menos desejados, com as amostragens de amarelos. Primeiro para Pedro Barbosa aos 55’ minutos. O jogador do Sporting rouba a bola a Dos Santos quando este se preparava para marcar um livre. António Costa mostra o cartão amarelo ao capitão leonino. No minuto seguinte foi Bruno Aguiar. O benfiquista derruba Liedson quando o brasileiro se preparava para ficar isolado. Mais um amarelo na partida. Aos 58’ minutos Luisão tem um bate-papo com Pedro Barbosa e António Costa decide castigar o defesa «encarnado».

Passados que estavam estes momentos mais delicados da partida, voltaram as oportunidades de golo, primeiro para o Sporting por Rochemback aos 59’ minutos, na transformação de um livre directo. O brasileiro remata com estrondo na barra de Quim, que ainda tocou na bola. Na recarga, o guardião das águias evita o golo de Pedro Barbosa com a perna. Um grande susto para os benfiquistas. Na resposta o Benfica aposta no contra-ataque por Manuel Fernandes que desmarca Simão Sabrosa e este isola Geovanni na esquerda que remata em jeito mas ao lado da baliza defendida por Tiago. O público da Luz agora mais animado com a exibição benfiquista, tendo em conta o passado jogo na Luz diante o Beira-Mar.

Era então o Benfica quem estava mais próximo do 3-2 do que o Sporting e aos 60’ minutos bem podem os adeptos leoninos agradecer a Tiago que negou o golo ao avançado benfiquista Nuno Gomes que isolado rematou forte para defesa de Tiago.

Quatro minutos volvidos, na cobrança de um canto Hugo Viana foi «convidado» a pedir a ajuda do público lá em casa através do telemóvel, mas o jogador leonino recusou tal sugestão vinda da bancada. António Costa encarregou-se de apreender os telemóveis que foram arremessados pelos adeptos e a partida lá prosseguiu com normalidade.

A partida aproximava-se do final e estava à vista o prolongamento, já que hoje teria de ficar decidido quem continuaria em frente na prova. No Sporting entrou Miguel Garcia, enquanto que do lado dos «encarnados» Trapattoni colocou Fyssas em detrimento de Bruno Aguiar, uma substituição que gerou uma enorme assobiadela por parte dos adeptos da casa, que receavam uma jogada defensiva do técnico italiano, apesar de Bruno Aguiar não ter realizado uma boa partida de futebol. Teve uma prestação razoável o jovem benfiquista.

Com a entrada de Fyssas Dos santos subiu no flanco, João Pereira permaneceu na direita e Simão Sabrosa passou a ser o organizador do jogo encarnado. Aos 85’ minutos Liedson e João Pereira desentendem-se com o jogo parado, numa «guerra» que tinha como objectivo, a bola. António Costa mostrou o amarelo a ambos os jogadores.

Pouco mais havia para dizer nos 90’ minutos e o jogo caminhava mesmo para o prolongamento...

Prolongamento (1.ª Parte)

Coube então ao Sporting dar o pontapé de saída para o prolongamento da partida, já com Carlitos em campo, que tinha substituído Geovanni, tendo aqui o técnico italiano esgotado as substituições, optando por dar mais força à equipa. Geovanni que foi o autor dos dois golos do Benfica, ainda no tempo regulamentar.

A paragem não fez bem a ambas as equipas e o futebol praticado nesta primeira parte foi bastante diferente daquele que foi demonstrado durante os 90’ minutos. Aos 92’ minutos Hugo Viana tenta a desmarcação de Liedson, mas Quim chega primeiro e recolhe. Três minutos depois Rochemback remata no lado esquerdo da área, mas uma vez mais Quim agarra com segurança.

Na resposta o Benfica tenta o golo por Simão Sabrosa após um remate de primeira a dar seguimento a uma desmarcação perfeita de Nuno Gomes, mas Tiago estava atento. No mesmo minuto Fyssas entra na área e dá para Simão, que deixa em Carlitos. O extremo encarnado atira com muita força e acerta em cheio na barra e no poste da baliza dos leões. Grande oportunidade para o Benfica decidir esta partida.

A primeira parte do prolongamento acabaria então por ficar marcada pela expulsão de Hugo Viana. António Costa entendeu que houve agressão do médio leonino sobre o lateral do Benfica, João Pereira. Ao que parece, não terá havido falta, mas as imagens televisivas poderão ser esclarecedoras.

Prolongamento (2.ª Parte)

A segunda parte do prolongamento começa com o golo do Sporting que levaria ao rubro os adeptos visitantes, que estavam então esperançados que este seria o resultado final, evitando assim a cobrança das grandes penalidades. Foi aos 109’ minutos, após uma jogada fantástica de Paíto, que rouba a bola a Carlitos, passa como quer por João Pereira, depois faz um túnel a Luisão e, na cara de Quim, atira forte para o fundo das redes. Os leões estavam de novo em vantagem no marcador.

O Sporting na tentativa de segurar o resultado decidiu injectar mais força dentro de campo e esgotou as substituições ao colocar Tello em detrimento de Pedro Barbosa, que passaria a braçadeira a Sá Pinto.

Mas quando menos se esperava e já com os adeptos leoninos a comemorarem vitória, tal como toda a comitiva leonina, Simão Sabrosa decide levar o jogo à decisão das grandes penalidades, após apontar o terceiro golo dos «encarnados» aos 117’ minutos. Dos Santos deu para Simão, e o «capitão» benfiquista encheu o pé de fora da área e bateu Tiago pela terceira vez. Estava restabelecida a igualdade (3-3) para desânimo dos visitantes e alegria dos da casa.

Há muito que nãos e via uma partida tão empolgante como a que se viu esta quarta-feira na Luz. Ainda mais, sendo um jogo com um grau de exigência redobrada já que quem perdesse dizia adeus à prova. As grandes penalidades podiam ainda ter sido evitadas, não fosse António Costa decidir acabar com o prolongamento ainda antes dos minutos regulamentares, quando o Benfica se isolava em direcção á baliza de Tiago. Não se percebe porquê...

Penalties: Miguel Garcia contrariou Liedson na decisão...

Já que não bastou o prolongamento para a decisão do resultado, deu-se então lugar à cobrança das grandes penalidades. O Benfica foi a primeira equipa a marcar por Petit, seguiu-se o Sporting por Rochemback (1-1). Manuel Fernandes fez o 2-1 e Tello restabeleceu a igualdade em 2-2. Dos Santos fez o 3-2 e Liedson o 3-3. Nuno Gomes fez o 4-3 e Polga voltou a igualar (4-4). Esta era de facto uma noite diferente.

Seguiu-se Simão que fez a paradinha atirando para o fundo das redes, obtendo assim o 5-4, mas Sá Pinto marcara de seguida e fazia o 5-5. Carlitos fazia de seguida o 6-5 e já depois de Quim ver o cartão amarelo por perturbar os «leões», o jovem João Moutinho voltava a igualar a partida (6-6). Alcides num excelente remate colocou a bola ao ângulo da baliza de Tiago e de seguida Miguel Garcia atirava a bola à barra de Quim e resolvia assim a eliminatória.

O Benfica estava então apurado para os quartos-de-final da prova rainha do futebol português, ao invés do Sporting que diria assim adeus à prova, na noite em que quem decidiu foi Miguel Garcia e não Liedson.

Reportagem na Luz de: Rafael Santos
Fotografias: Isabel Cutileiro