Benfica perde no Norte

Que excelente moldura humana apresentou o Centro de Congressos e Desporto de Matosinhos para assistir ao aguardado embate entre o Porto Ferpinta e o Benfica para a 13.ª jornada da Liga TMN.

Para mais, tratava-se de um Porto-Benfica, ainda que o clássico dos clássicos tenha ficado aquém das expectativas em termos de emotividade. Para isto contribuíram vários factores: a entrada apagada de ambos os conjuntos, que só lograram marcar pontos, decorridos 1.40 minutos, quando Jimmy Mackey converteu o cesto inaugural do encontro.

Depois, foi Abdel Boukar, um dos mais incorfomados entre os encarnados, que converteu um lance livre. As referências habituais em termos de pontos, também não apareceram na primeira parte, com Heshimu Evans a não dispor de grandes espaços perante a apertada marcação de Tyray Pearson e Albert Burditt.

Nem tão pouco o próprio Pearson, que conseguiu apenas 4 pontos na primeira parte, com 2/10 em lançamentos de campo.

Motivados pelo público, foram os da casa a conseguirem a primeira distância no resultado, precisamente depois do Benfica ter alcançado a sua única vantagem (6-7) em toda a partida através de um parcial de 0-8, que foi construído por Michael Nurse, o único que lograva marcar no cesto portista, já que 11 dos primeiros 14 pontos dos forasteiros foram seus.

Esgotado o filão Nurse, os sulistas tiveram grandes problemas de concretização. Primeiro porque as penetrações não surgiram, depois porque, defensivamente, a equipa não teve argumentos mínimos para ler a ofensiva azul e branca, entregue então a Sérgio Silva.

E foi precisamente o pequeno base a decidir o encontro, impulsionando a equipa para um parcial de 12-0 que colocou o resultado em 32-16, primeiro, e logo a seguir ao acertar todos os lançamentos de campo (2/2 L2, 3/3 L3, 2/2 LL), pois o seu opositor directo deu-lhe espaço e não acompanhou a rapidez imposta pelo capitão dos campeões nacionais.

A ajudar o domínio em campo exercido pelos homens de Luís Magalhães, os triplistas azuis e brancos começaram a acertar, com Ian Stanback, Sérgio e Marcus Melvin a quebrarem a defesa encarnada.

Do lado contrário o Benfica não conseguiu responder porque os seus atiradores não... acertavam, mas também porque se insistiu demasiado no jogo interior. E aqui, Albert Burditt, Tyray Pearson e Abdel Boukar apenas somaram 12 pontos nos primeiros 20 minutos.

Rui Mota, que entretanto regressou pela primeira vez a Matosinhos depois da polémica saída para a formação da Luz, esteve também muito discreto — exceptuando as assobiadelas com que foi brindado sempre que tocou na bola —, conseguindo apenas o par de lances livres que selou o 42-27 ao intervalo.

No reatamento, aos 5-2 iniciais do Porto, respondeu bem o Benfica com 0-8, com Abdel e Pearson a marcarem consecutivamente. Mas Heshimu Evans decidiu então reaparecer para fazer fincionar o marcador, marcando 7 dos 15 pontos nesta altura, e aliado às bombas de Jimmy Mackey e Ian Stanback, o Porto chegou à diferença de 24 pontos (64-40).

Refira-se que o possante extremo teve uma missão diferente do habitual, mas respondeu afirmamente. Fez assistências consecutivas para os seus colegas, mostrando que não é apenas o homem que marca.

Sem capacidade e soluções para quebrar a superioridade do adversário o Benfica esmoreceu. Fez muitos turnovers no ataque e não acertou com a defesa. Os espaços concedidos aos atiradores foram muitos e mesmo na rotação defensiva, não houve ritmo de acompanhamento.

Com o desfecho da partida praticamente sentenciada, só António Tavares conseguiu um ar da sua graça no período final, com 8 pontos, mas era tarde. E mesmo com constantes rotações no banco, o Porto teve a sapiência necessária para gerir o encontro e assegurar o triunfo por 88-69.


declarações de Norberto Alves:

«Penso que houve um momento que cavou um fosso no jogo, que foi a entrada do Sérgio Silva, com penetrações e lançamentos bem sucedidos».

«Mesmo não começando bem, estávamos em jogo, porque o Porto também não estava muito bem».

«Defrontamos uma equipa experiente, que nos colocou muitos problemas. Os números não explicam tudo, mas sofremos 33 pontos em triplos. Tínhamos de diminuir a eficácia deles».

«Por outro lado, dos 19 turnovers da minha equipa, 9 são da responsabilidade dos bases, que são os organizadores».

«Vamos ter um trabalho mais sistemático a partir de agora. Penso que com o fim da participação europeia este possa ser o ponto de viragem».

«Na Europa defrontamos excelentes equipas, perdemos por 2 com o Lietuvos Rytas, fomos a prolongamento na Polónia, e quase vencemos o Telekom Bonn. Podíamos ter ganho estes jogos, mas perdemos e, possivelmente, estamos a pagar alguma factura interna, porque são derrotas em que a confiança é abalada».

«Mas estamos em condição de lutar por todos os objectivos a que nos propusemos».


Porto – Heshimu Evans (15), Ian Stanback (13), José Costa (4), Élvis Évora (12), Jimmy Mackie (8) (cinco inicial); Paulo Cunha (5), Marcus Melvin (12), Sérgio Silva (12), Rodrigo Mascarenhas (4), Augusto Sobrinho, Fábio Fernandes e Anastácio Sami.
Treinador: Luís Magalhães

BENFICA – Michael Nurse (11), António Tavares (10), Tyray Pearson (20), Abdel Boukar (11), e Albert Burditt (9) (cinco inicial); Maleye N'Doye (4), Rui Mota (2), Miguel Leite (2), Luís Silva, Nuno Sousa e Bruno Costa.
Treinador: Norberto Alves

Marcha do marcador: 14-9 (10 minutos), 42-27 (20), 66-43 (30) e 88-69 (40).


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