Futsal: Displicência na finalização podia ter saído muito cara

 

Vantagem madrugadora

O Benfica apareceu na quadra com o 5 inicial da última partida, com o jovem Carlos Paulo entre os postes, ele que até teve trabalho logo a abrir o jogo. No entanto, quem entrou melhor foi o Benfica, que passou rapidamente das ameaças aos golos. Ainda não iam decorridos 2 minutos, Ricardinho com um passe soberbo deixou Arnaldo isolado na cara de Nuno Moita, e com um toque ainda mais soberbo, fez um chapéu perfeito para o primeiro golo do Benfica. Não tirando o pé do acelerador, o Benfica esteve muito perto do golo por Zé Maria, mas foi Ricardinho quem materializou o 0-2, numa jogada em que roubou a bola e sem grandes hesitações, coisa rara entre os jogadores do Benfica nesta partida, disparou fortíssimo para o fundo da baliza.

Desacerto na hora de “matar”

E quase pareceu que aos 4 minutos o Benfica que tinha entrado com tudo, tinha ido embora da quadra. Se naturalmente o Benfica deixou de pressionar tão alto, o que permitiu ao Vila Verde conseguir ter mais posse de bola, a equipa encarnada não desistiu de procurar o golo, mas começou a falhar muito na finalização, em lances que deviam ser de “golo feito”, mas em que ou por excesso de confiança, ou por falta de confiança, ou por mero azar, a bola não quis entrar. Quem não marca, sofre, diz o ditado, e assim foi: perto dos 10 minutos, já depois de Carlos Paulo ter negado de a David deforma brilhante o 1-2, o golo surgiu, num erro do Benfica, que estava mais preocupado em fazer a substituição à pressa de Ricardo Pereira, que tinha entrado para bater um livre. Com a desatenção surgiram 2 jogadores na cara de Carlos Paulo, com David calmamente a assistir Bruno para o golo.

Festival de golos perdidos

O golo dos locais despertou o Benfica, que até ao intervalo brindou os seus adeptos com um festival de golos perdidos. Só até ao intervalo foram 5 oportunidades flagrantes, 3 delas tinham de ter dado golo. Primeiro uma boa combinação entre Costinha e Arnaldo terminou com o remate do pequeno genial travado por um defensor. Depois foi a vez do “Expresso de Bragança” pecar no momento letal, rematando com displicência para um remate interceptado sobre a linha. Ricardinho teve também 2 oportunidades, na primeira sem muito espaço tentou um cabrito ao GR que saiu curto, e na segunda tentou um “replay” do golo que marcou à Espanha no Europeu, mas a bola saiu direita às mãos de Nuno Moita. E mesmo a 4 segundos do intervalo, Gonçalo Alves tem uma segunda bola à frente da baliza e de modo escandaloso, falhou o golo. Ao intervalo o resultado era magro, mas penalizava a ineficácia do Benfica.

Benfica aumenta vantagem…

A segunda parte começou com mais uma perdida do Benfica, desta vez por Zé Maria. Na resposta, em contra-ataque, o Vila Verde viu Carlos Paulo em grande estilo, negar o golo do empate. Continuava a ser o Benfica muito próximo do golo, e em 2 para 1, Ricardinho deu a Gonçalo, que viu o GR defender o seu remate. Pouco depois muitas dúvidas num lance sobre Gonçalo Alves dentro da área, mas a bola sobrou para canto, do qual nasceu o 1-3, com a movimentação dos jogadores do Benfica a confundir toda a defesa do Vila Verde, com Costinha a colocar bem curto em Ricardinho, que de forma brilhante, colocou a bola no ângulo superior direito da baliza de Nuno Moita.

… e deixa-se empatar.

A nova vantagem de dois golos podia ter dado outra confiança ao Benfica, mas não. Nesta fase da partida, além dos problemas na finalização, a equipa começava a notar algumas falhas pouco habituais na posse de bola e na transição. Crescia o Vila Verde, e marcaria, aos 27 minutos, Bruno dispara uma “bomba” que Carlos Paulo ainda parou, mas a recarga sobrou direita para Dura atirar para o 2-3. E sem já causar muita surpresa, aos 30 minutos surgiu o empate. O ex-Benfica Majó recebeu um passe longo, rodou ante um passivo Ricardinho, e a 12 metros da baliza atirou com uma força e precisão notáveis, fazendo um golo de bandeira. O Benfica via-se agora na possibilidade real de perder 2 pontos, e tinha de fazer alguma coisa.

Erro local garante os três pontos

A tensão no jogo cresceu, o Benfica voltou a defender com mais agressividade, e bem, já que o adversário deixou de conseguir armar as suas jogadas. Depois de mais um par de finalizações desastradas, o Benfica chegou ao golo da vitória, a 5 minutos do fim, graças a uma asneira do Vila Verde, uma falha de comunicação entre o seu guarda-redes e um defensor deixou a baliza aberta, com Zé Maria descaído sobre a esquerda, com muita calma, a atirar para a baliza deserta. Os 5 minutos finais não foram de grande sufoco local, apesar de por duas ocasiões terem criado perigo relativo. Aliás, até final o maior erro do jogo foi mesmo do 2ºárbitro, que ajuizou muito mal um lance na área do Vila Verde, no qual Ricardinho foi desarmado por Majó em “tackle deslizante”, num lance passível de falta e penalty, já que Ricardinho não chegou a rematar, logo a intercepção foi faltosa. Vá lá que este pequeno detalhe não teve influência no desfecho final. Vitória justa do Benfica, que pagou caro o seu desperdício, ante um adversário que com esta postura em todas as partidas, dificilmente descerá de divisão.

Ficha de jogo
Campeonato Nacional FutSagres 2007/8 – 14ªJornada
SC VILA VERDE 3 – 4 SL BENFICA (1-2 ao intervalo)
Pavilhão do SC Vila Verde, Terrugem, Sintra.
Árbitros: Leandro Costa e Eduardo Coelho

Vila Verde: Nuno Moita; Miguel (cap), Majó (1), Pedro Coelho e Vasco; Pedro, Bruno (!), Dura (1), David e Jesus.
Não jogaram: Libório; Capelas.
Treinador: Naná

Benfica: Carlos Paulo; Zé Maria (1), Pedro Costa, Arnaldo (1) e Ricardinho (2); Gonçalo Alves, João Marçal, Miguel Almeida e Ricardo Pereira.
Não jogou: Zé Carlos (cap); Tito Coelho.
Treinador: Nélito (por castigo de Adil Amarante)

Disciplina: Cartão amarelo a Arnaldo.

Marcha do marcador: 0-1 Arnaldo (2‘); 0-2 Ricardinho (4‘); 1-2 Bruno (10‘); 1-3 Ricardinho (24‘); 2-3 Dura (27‘); 3-3 Majó (30‘); 3-4 Zé Maria (35‘);