Hóquei: o canto é sempre o mesmo

Novo piso

A recepção ao Gulpilhares, treinado pelo antigo guarda-redes do Benfica Fernando Almeida, marcou a estreia em jogos oficiais do novo piso do Pavilhão Açoreana Seguros. Um piso ligeiramente mais escuro, e à vista desarmada, sem buracos nem irregularidades. As bancadas despidas (cerca de 250 espectadores) como habitual e como será habitual. No banco, o guarda-redes menos batido do Campeonato nas 2 últimas épocas, na bancada Mariano, lesionado. Em campo um Benfica pálido como cor de rosa dos equipamentos...

Entrar mumificado!

O Benfica entrou no jogo a... perder. Aos 80 segundos de jogo, André Pinto isolou-se na cara de Albert Balagué e rematou para a baliza, e o catalão nem se mexeu. Talvez mumificado, o tal guarda-redes que vinha para fazer a diferença entrou mal no jogo. Mais tarde viria a melhorar, mas esta contratação é agora (com provas em jogo) bastante incompreensível. Balagué não ganhará concerteza o salário de Nuno Adrião, ganhará mais. E não parece ser melhor que Carlos Silva. Se calhar com o dinheiro do seu ordenado tinha-se apostado num goleador, não?

Resposta do guerreiro

O rendimento dos jogadores do nosso hóquei parece ser afectado, em uns casos mais que nos outros, pelo facto de o treinador “ir com a cara do jogador” ou não. Carlitos será sem dúvida dos casos que “mais leva nas orelhas”, aliás foi ele que empatou o jogo aos 4 minutos num lance em que Carlos Dantas berrava incessantemente com o jogador, que do meio da rua “calou” o treinador com o golo do empate.

Quem avisa...

Nos minutos seguintes o Benfica dominou o jogo (como em toda a partida) mas muito pouco consequente. O guarda-redes do Gulpilhares, Alex Saraiva, como quase sempre, arrancou uma exibição concentrada e foi chegando para os remates sem perigo. No contra-ataque, o Gulpilhares ia dando o aviso: Vasco Ferreira rematou ao poste da baliza de Balagué. Pouco depois Ricardo Barreiros rendeu Vítor Hugo e arrancou para 30 minutos desinspirados, como aliás foram as suas últimas épocas, com sucessivos remates ao lado ou simplesmente fracos à figura do guarda-redes. A 8 minutos do intervalo André Pinto isolou-se e Carlitos bateu no seu stick, provocando livre directo (curiosamente o jogador visitante tinha conseguido marcar golo na sequência da jogada, mas que já se encontrava anulada). Carlitos, como castigo, foi para o banco. Na conversão do livre, André Pinto rematou de muito longe para defesa para a frente de Balagué, que no entanto demorou muito a responder a recarga, estava feito o 1-2...

Olha quem é ele...

A perder por 1-2, Carlos Dantas recorreu pela primeira vez esta época a Rui Ribeiro. Voltado do empréstimo feliz que teve, Ribeiro parece estar de volta aos tempos infelizes na Luz. Com vontade de mostrar muito no pouco tempo em que está em campo, Rui Ribeiro não consegue produzir muito, o que até é normal, é um jogador claramente sem confiança. Até ao intervalo o Benfica beneficiou de um penalty, que Ricardo Barreiros atirou... ao lado. E bem ao lado.

O canto é sempre o mesmo

A segunda parte poucas surpresas trouxe. O Gulpilhares fechou-se bem, marcação muito atenta, saindo em contra-ataque com perigo. Foi assim que avisou o Benfica, com mais uma bola à barra... Entretanto Carlos Dantas recorreu a Diogo Rafael, a jovem promessa de 17 anos, que no entanto apesar de até ter sido o elemento mais próximo do golo (bola à barra), saiu 10 minutos depois de ter entrado, permanecendo (porquê???) Barreiros em campo. A 14 minutos do fim, estocada quase final: André Pinto (quem mais?) em contra-ataque (ora pois...) atirou com precisão, completando o seu hat-trick. 4 minutos volvidos o Benfica reduziu, através de uma insistência de Tó Silva, ele que foi dos mais inconformados e que procurou remar contra a maré, a par de Carlitos e Valter Neves, este último sempre com o velho pecado da finalização.

Um futuro muito pouco... cor de rosa.

Até final, o Gulpilhares defendeu e defendeu, e o Benfica atacou muito e mal. Nem de meia-distância, nem das bolas colocadas na área, onde Vítor Hugo abusou nos remates na atmosfera (deve ser dos buracos...). O Gulpilhares lutou e levou os 3 pontos, justos. O futuro deste Benfica está muito pouco cor de rosa... há claramente 3 ou 4 jogadores que jogam sem confiança nenhuma (Carlitos, Barreiros, Ribeiro, Diogo Rafael); outro que enfim, não joga (Carlos Silva) vá se lá saber porquê, isto é, se Balagué fosse efectivamente melhor, não consentia golos como os 2 primeiros. Os outros que até têm mais confiança, só Valter e Tó Silva mostraram alguma coisa, Vítor Hugo continua a léguas do que pode fazer, pelo menos nos jogos na Luz. Faltou neste jogo Mariano, mas já se sabe que o capitão é um jogador exímio a defender e a controlar a bola, não podem esperar que seja ele que também resolva os problemas todos. Em suma, o canto continua a ser o mesmo: O Benfica TEM jogadores para ganhar, para jogar bem, eles têm talento e já o mostraram. E ainda tem Pedro Afonso emprestado. E os resultados, as exibições não aparecem. Mas as desculpas sim, aparecem. Que este dia mau não seja o mau presságio de mais uma temporada com as últimas 3...

Ficha de jogo
SL BENFICA 2 – 3 ACR GULPILHARES
(1-2 ao intervalo)
Campeonato Nacional, 3ªJornada
Pavilhão Açoreana Seguros, cerca de 250 espectadores
Árbitros: Jorge Ventura e Miguel Guilherme

Benfica: Albert Balagué; Valter Neves (cap), Carlitos (1), Vítor Hugo e Tó Silva (1). Ricardo Barreiros, Rui Ribeiro e Diogo Rafael.
Não jogou: Carlos Silva.
Treinador: Carlos Dantas

Gulpilhares: Alex Saraiva; Marco Dias (cap), Vasco Ferreira, Tiago Ferraz e André Pinto (3). Leandro Wada.
Não jogaram: Diogo Almeida; João Paulo, Ricardo Ramos e Daniel Oliveira.
Treinador: Fernando Almeida

Disciplina: Cartões amarelos a Carlitos, Tó Silva e Rui Ribeiro; Tiago Ferraz, Vasco Ferreira, João Paulo e André Pinto.

Marcha do marcador: 0-1 André Pinto (2’); 1-1 Carlitos (4’); 1-2 André Pinto (17’); 1-3 André Pinto (36’); 2-3 Tó Silva (40’)