Juniores: Atlético 2-2 Benfica

Tarde de sol na Tapadinha, num dos terrenos mais complicados do Nacional de Juniores nesta temporada. Um campo sintético de dimensões mínimas colocaria frente a frente o primeiro classificado Benfica, frente ao 14º de 17, Atlético, a lutar ponto a ponto pela manutenção. Mantendo o sistema com que tem entrado nas últimas semanas, o técnico João Alves apresentou o reforço Abdoulaye Fall no onze titular, na posição 6 do meio-campo (ver caixa).

“Águias” cedo fecharam a loja

E foi praticamente a ganhar que os “encarnados” abriram a partida. Estavam decorridos três minutos de jogo quando João Alberto, num lançamento lateral, colocou a bola na área do Atlético e Abdoulaye Fall, ao primeiro poste, cabeceou mais alto caindo a bola na pequena área onde Orphée Demel, oportuno, não desperdiçou e fez o primeiro golo da partida. O Benfica entrava assim na sua melhor fase do jogo, onde dispôs de algumas ocasiões para aumentar a vantagem. Aos 9 minutos, foi André Carvalhas que num passe “de morte” isolou Leandro Pimenta que, depois de ultrapassar o guardião contrário, não conseguiu evitar o corte de um defensor contrário.


Miguel Rosa

O Benfica justificava mais do jogo, tendo nos primeiros minutos um domínio claro do encontro. Foi André Soares, pouco tempo volvido, lançado por um passe de ruptura de Abdoulaye Fall, que num remate cruzado obrigou o guardião Miguel a uma excelente intervenção. Bom quarto de hora, que contra todas as expectativas, foi o único momento do jogo onde o Benfica conseguiu mostrar bons lances de futebol. O Atlético subiu, começou a desenvolver o seu futebol e só a defesa “encarnada”, atenta, ia evitando males maiores para o guardião Rui Santos, que teve de se aplicar em algumas ocasiões.

Atlético começa a ter maior controlo do jogo

O Benfica, num espaço muito reduzido, procurava na capacidade física de Abdoulaye Fall uma forma de contrariar a boa organização do Atlético. À entrada para os 40 minutos, o Médio Senegalês cruzou largo com Miguel Rosa, ao segundo poste, a não conseguir desfeitear o guardião contrário. Pouco tempo volvido, foi André Soares, a flectir para o centro, que ficou perto de ampliar a vantagem. Era no entanto a equipa do Atlético que estava por cima e criava algumas ocasiões de relance. Já em cima do intervalo, um livre à entrada da área “encarnada” obrigou Rui Santos a uma excelente intervenção, negando o golo caseiro ao intervalo.

Tempo de intervalo, com o técnico João Alves a retirar de campo André Soares – um dos jogadores em melhor nível – para colocar o chinês Wang Gang numa posição de apoio (até então ocupada por André Carvalhas) ao ponta-de-lança Orphée Demel. Como vem sendo hábito, o Benfica ressentiu-se e não mais conseguiu criar boas combinações colectivas, com Wang Gang a mostrar não ser o protótipo de atleta com as características para fazer aquele lugar.

Jogo nunca esteve decidido

O Atlético, que já estava forte, cresceu ainda mais e não foi de estranhar que estivesse a chegar com maior regularidade ao último terço “encarnado”. Na tentativa de contrariar o ascendente caseiro, o técnico João Alves voltou a mexer e tirou Leandro Pimenta, fazendo entrar Daud Machude, fazendo passar para o centro do terreno Miguel Rosa. Oito minutos volvidos, canto da esquerda, a bola sobrou para a entrada da área onde um jogador do Atlético, sem marcação, atirou forte, com a bola a sofrer um desvio e a trair Rui Santos, fazendo a igualdade.


Wang Gang

O Benfica sentiu o golo, nunca encontrando, no entanto, o antídoto para contrariar a maior organização dos caseiros. Situação essa que acabaria por dar os seus frutos aos 80 minutos, com Kaly, na sequência de um livre lateral, a cabecear para o golo que completou a reviravolta no placar. O Benfica tentava com todas as suas armas contrariar o rumo dos acontecimentos e acabaria por conseguir, em cima da hora, empatar a partida, num cabeceamento concretizador de João Pereira, na resposta a um canto de André Carvalhas. O Atlético acabaria por desperdiçar, no último minuto de compensação, outra bela oportunidade para marcar, valendo inextremis, Rui Santos a evitar a derrota “encarnada”.

Num campo extremamente complicado, o Benfica saiu com um empate, o que acabou por ser satisfatório, tendo em conta a excelente segunda parte dos caseiros. Os “encarnados” caíram muito no segundo tempo, raramente conseguindo uma interligação dos sectores, sobretudo nas transições de jogo, o que acabou por se traduzir numa má exibição, penalizada com a divisão de pontos no terreno do “aflito”, Atlético.

Apreciação Individual:

Rui Santos (7) – Melhor em campo. Esteve a um bom nível, evitando várias vezes o golo dos caseiros. Acabou por não ter responsabilidade em nenhum golo do adversário.

João Alberto (6) – Até começou bem, com boas subidas pela lateral e bastante forte nos lançamentos longos, mas caiu, sobretudo na segunda parte.

Abel Pereira (6) – O melhor do sector defensivo. Na primeira parte foi muito forte em todos os lances divididos, conseguindo ser ele o municiador, em algumas ocasiões, de bolas ofensivas.

João Pereira (6) – Fez o golo que deu o empate. Acabou por ter uma exibição concentrada e eficaz, embora tenha demonstrando alguma dificuldade para parar os criativos do Atlético na segunda metade.

Airton Oliveira (6) – Bons pormenores e uma boa qualidade de jogo, acabou por cair, também ele, na segunda metade.

Abdoulaye Fall (6) – Jogador talhado para encontros como os de hoje. Muito alto, muito forte, lutou muito no meio-campo e revelou-se importante na primeira parte. Mostrou algumas dificuldades no segundo tempo, sobretudo a trazer a equipa para o ataque, onde perdeu algumas bolas.


André Carvalhas

Leandro Pimenta (6) – Também ele fez uma boa primeira parte, onde por pouco não conseguiu o golo. É o típico jogador que precisa de espaço, de bola, coisa que hoje se tornou difícil.

Miguel Rosa (6) – Descaído para a direita, acabou por regressar à sua posição natural já no decorrer do segundo tempo. Foi um dos mais inconformados, muito lutador, embora não tenha tido o rendimento que a todos habituou.

André Soares (6) – Talvez um dos melhores na primeira parte. Acertado, forte no drible, estava a criar problemas ao último reduto do Atlético. Saído ao intervalo, a equipa perdeu a sua capacidade criativa no flanco, ou a sua facilidade de segurar o jogo.

André Carvalhas (6) – Também ele um dos mais inconformados. Primeira parte forte, numa posição de apoio a Demel, onde muito trabalhou para fazer girar o futebol da equipa. Segunda parte mais complicada, onde pouco jogo teve.

Orphée Demel (6) – Fez o seu papel. Lutou, trabalhou e marcou. Foi poucas vezes servido na segunda metade.

Suplentes:

Wang Gang (6) – Trajecto difícil do avançado chinês. Até à 10ª Jornada, altura em que deixou de jogar na posição 9, tinha feito 14 golos. Desde esse ponto, só juntou mais 4 à sua conta pessoal. Mostrou mais uma vez ter algumas dificuldades em fazer aquele papel. Cai muitas vezes em espaços ocupados, não conseguindo arrancar para um bom jogo. Melhores certamente virão.

Daud Machude (6) – Acabou por entrar numa altura difícil do encontro, onde acabou por não ter jogo suficiente para mostrar serviço.

André Magalhães (6) – Última aposta, passando a fechar a defensiva, jogando o Benfica num 3-5-2. Poucos minutos em campo.

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Reportagem de André Sabino, Serbenfiquista.com.