Juvenis A: Benfica 5-1 Alverca

E como era importante abrir a ganhar. Já depois de saber do empate concedido pelo Sporting no terreno do Cultural – que o Benfica goleou – os pupilos de João Couto enfrentavam um Alverca que tradicionalmente complica a vida às equipas de topo da tabela. Na véspera da ida a Alcochete, o Benfica poderia tirar de cima dos seus ombros a responsabilidade de ter um resultado positivo frente aos “leões”. É que com a vitória, qualquer que seja o resultado, os “encarnados” saem sempre na liderança da prova.

A grande novidade do dia dava pelo nome de Domingos Silvério (Adul), um Avançado, ex-Oeiras, que já actuava pelos Juniores da equipa local e foi um dos grandes responsáveis pela vitória do Oeiras no Seixal frente aos Juniores “encarnados”. Desfalcados, sem o capitão André Campos e o goleador Toumany Sambú, o técnico João Couto não fez muitas mudanças na estrutura base da equipa, apresentando apenas uma pequena nuance no sistema de jogo, alternando um 4-4-2 a defender que se desdrobava num 4-3-3 em termos ofensivos (ver caixa).

Nelson Oliveira deu pontapé na monotonia


Nelson Oliveira

A tarde era de chuva, naquela que começou por ser uma exibição com pouco brilho dos jogadores do Benfica. Alguma dificuldade em sair nas suas habituais transições rápidas, a verdade é que a equipa ribatejana ia-se apresentando forte, bem organizada, razão essa que colocava alguns problemas à organização ofensiva do futebol “encarnado”. Não foi por isso de estranhar que o primeiro remate surgisse apenas aos 22 minutos de jogo. E por intermédio de… Adul. O reforço do Benfica estava até então algo nervoso nas suas acções mas começou a mostrar bom futebol, num remate seco para defesa segura do guardião do Alverca.

O mesmo Adul, a fazer diagonais constantes, soube temporizar um lance dentro da grande área endossando o esférico a André Delfino que, acertando nas “orelhas” da bola levou contudo algum perigo às redes visitantes. O Benfica acelerou o jogo, estava realmente com vontade de ir para o intervalo a ganhar. A cinco minutos do descanso, Nelson Oliveira num característico movimento de ruptura, à entrada da área, atirou muito forte de pé esquerdo para o primeiro golo da partida. Quase sem se dar por isso, no minuto seguinte, Serrote apareceu sozinho nas costas da defensiva “encarnada” e não teve dificuldade em empatar a partida.

Palestra decisiva


Ruben Pinto

Ao intervalo, mais do que descansar, os jogadores corrigiram movimentos e apresentaram uma grande atitude no segundo tempo. Mais confiantes, mais organizados, mais destemidos, cedo se viu que o Alverca teria dificuldade para segurar o nível de velocidade a que a “máquina encarnada” estava a jogar.

Adul em evidência, fulcral para a vitória

Aos 42 minutos, Adul fugiu pela direita e num grande cruzamento permitiu a Silvério Camará, sem marcação ao segundo poste, desviar para o segundo golo do Benfica. O tento trouxe confiança, motivação e os “encarnados” não ficaram por aqui. Dez minutos volvidos, num livre cobrado por André Delfino, Roderick Miranda, solto de marcação, teve apenas de desviar para o golo da tranquilidade.

Não querendo ficar por aqui, o Benfica teve sempre o condão de não dar grande margem de manobra ao Alverca na sua primeira fase de construção, resultando de um pressing alto feito pelos Médios Interiores do Benfica. Seria aos 55 minutos que o melhor golo da tarde apareceria. Adul, depois de uma diagonal, rematou já em esforço com o esférico a levar um grande efeito e a descer rapidamente junto à barra fazendo um golo de belo efeito.


Abdel Vieira, Mamadou Djaló e Ricardo Real

O destino do jogo estava definido, com o técnico João Couto a aproveitar para realizar algumas alterações, fazendo descansar, logo aos 58’, Lassana Camará. O Benfica não desistiu de procurar mais um golo que acabaria por surgir aos 72 minutos, a oito do final da partida, num cabeceamento exemplar de Tiago Ribeiro na resposta a um livre milimétricamente cobrado pelo então capitão, Ruben Pinto.

Depois de uma segunda parte francamente mais forte do que a primeira, os “encarnados” saem assim com a liderança do campeonato reforçada, depois de uma goleada justa, sobretudo por aquilo que foi o rendimento da equipa durante a segunda metade de jogo.


Ricardo Semedo e Roderick Miranda

Apreciação Individual:

Fábio Pereira (7) – Correspondeu bem, sem falhas, a todos os lances em que teve de intervir. Só em lances de bola parada foi obrigado a sair dos postes.

Tiago Ribeiro (7) – Um golo para culminar uma exibição esforçada. Rápido a subir pelo flanco, conseguiu anular bem o Extremo do Alverca.

Ricardo Semedo (7) – Mais uma boa exibição. Desta vez sem o capitão André Campos do seu lado, foi controlando as investidas ribatejanas às quais respondeu sempre com bons desarmes.

Roderick Miranda (7) – Mais um golo de cabeça. Hoje foi imperial em termos defensivos, dando qualidade a sair a jogar desde a defensiva.

Pedro Ferreira (6) – Esforçado e trabalhador como sempre, hoje não conseguiu subir tantas vezes pelo flanco. No entanto, mais não se pode pedir naquela que tem sido uma missão de esforço numa posição onde não está rotinado.

Ruben Pinto (8) – Que garra, que qualidade! Continua a merecer todos os elogios por aquilo que vai sendo um belo crescimento como jogador. Hoje jogou mais recuado, caindo em terrenos da posição 6, onde esteve muito forte a coordenador o jogo ofensivo. Não desistiu de correr e, mesmo no final da partida, com as dores musculares a virem ao de cima, não deixou de lutar e trabalhar em prol do grupo. A braçadeira é um merecido prémio.

Lassana Camará (7) – Saiu tocado. Bom jogo, talvez o melhor na primeira metade. Rápido, incisivo, grande pressing, muitos espaços preenchidos. Necessita de apostar mais vezes na meia distância.

André Delfino (6) – Foi subindo de produção, um pouco como toda a equipa, pecando em alguns remates que não lhe saíram bem. Contudo, com a sua facilidade de aparecer em terrenos laterais é uma peça muito importante na estratégia.

Adul (8) – É hoje o melhor em campo. Expectativa alta, embora já tenha dado excelentes indicações no encontro de Juniores entre a sua antiga equipa e o Benfica. Entrou algo nervoso, com algum receio em penetrar em espaços ofensivos. Na segunda metade fez um grande jogo. Muito forte em termos tácticos, fez várias diagonais, esteve nos melhores momentos da equipa e culminou a sua exibição com um grande golo.

Silvério Camará (6) – Lutou muito e ganhou várias bolas, falhando na finalização de algumas jogadas. Foi a principal referência ofensiva da equipa na primeira metade.

Nelson Oliveira (7) – Com a braçadeira, o avançado do Benfica continua a fazer bons jogos. Rápido, forte no drible, caiu algumas vezes na Esquerda mas foi no meio que encontrou o antídoto para abrir o placar. Bom jogo.

Suplentes:

Mamadou Djaló (6) – Não teve muito trabalho. Fez o que se lhe pediu.

Ricardo Real (6) – Entrou bem. Destemido, teve um bom lance já a terminar a partida, onde um remate torto evitou aquele que seria um bom golo depois de uma boa jogada individual.

Abdel Vieira (6) – Fechou o lado direito, subindo Tiago Ribeiro para uma posição mais interior do meio-campo.

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Flash-Interview com o técnico João Couto:

Grande diferença da primeira para a segunda parte…

“Sim, acho que foi uma segunda parte bem conseguida, onde jogámos bem. Aproveitamos as situações de bola parada que tivemos, sendo que elas aparecem frequentemente neste campo. Na globalidade gostei, sendo que na segunda parte, nos primeiros vinte minutos, demos um tom diferente ao jogo. Na primeira metade houve momentos bons mas não estávamos a rematar, só o fizemos pela primeira vez aos 22 minutos.”

Ficou satisfeito com o reforço Adul?

“Sim, se ele veio é por alguma razão (risos). Nós pensamos que os jogadores que temos têm potencial e um grande espaço para trabalhar. A nossa equipa não está ainda totalmente estabilizada, em termos de formação ainda temos um plano individual para desenvolver, temos muito para progredir e para atingir. O Adul é um miúdo com talento.”

O próximo jogo, frente ao Sporting, é sempre especial…

“Sim, é especial, porque é um Sporting-Benfica, Benfica-Sporting. É sempre um derby interessante que nos permitem avaliar mutuamente, como reagimos à pressão, onde nem sempre é a melhor equipa que ganha, mas sim quem consegue estar melhor nesse jogo e consegue ter um maior controlo emocional. Gostamos sempre desses jogos e é pena que só se disputem 4 jogos, em princípio, entre as duas equipas ao longo da época porque precisávamos de mais jogos deste tipo.”

Reportagem de André Sabino, Serbenfiquista.com.