O adeus a João Santos

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O Benfica perdeu esta quarta-feira mais uma figura importante da sua história. Já esta quinta-feira, o corpo do antigo presidente do Benfica João Santos foi cremado no cemitério do Alto de São João, em Lisboa, numa cerimónia que juntou cerca de uma centena de pessoas, entre as quais algumas figuras ilustres do clube.

Em representação da actual Direcção "encarnada", o presidente da Assembleia Geral, Tinoco de Faria, recordou João Santos, que morreu terça-feira aos 90 anos, como "uma figura que ficará na memória dos benfiquistas".
"Privei mais com ele na fase final da sua vida, era uma pessoa que fazia questão de estar sempre presente nos jogos. Lembro-me particularmente da forma como assistiu emocionado à inauguração do novo Estádio da Luz", disse.
Tinoco Faria não afastou a hipótese de poder vir a ser atribuída a título póstumo a "Águia de Ouro", o maior galardão a que pode aspirar um associado "encarnado" e que João Santos viu ser-lhe negado em Assembleia Geral.
"Essa é uma matéria da competência da Assembleia Geral, não sei o que a Direcção pensa sobre o assunto, mas estatutariamente essa atribuição é possível", referiu.

Gaspar Ramos, responsável pelo futebol "encarnado" na gestão de João Santos, recordou-o como "um cavalheiro que prestigiou o Benfica" e lamentou a ausência do "merecido reconhecimento". "Se calhar os benfiquistas não foram suficientemente gratos com um homem que muito ajudou o clube" considerou, acrescentado que "há atribuições de 'Águias de Ouro' a pessoas que pouco fizeram pelo Benfica".

José Manuel Capristano, vice-presidente na gestão de Vale e Azevedo, classificou João Santos como uma figura que "sempre demonstrou uma enorme paixão pelo desporto" e que "faz falta ao Benfica".

A cerimónia contou também com a presença da mulher do actual presidente do clube, Luís Filipe Vieira, que se encontra na Rússia a acompanhar a equipa de futebol, que joga hoje com o CSKA de Moscovo a primeira mão dos 16 avos-de-final da Taça UEFA.

O antigo futebolista internacional português Paulo Sousa, que foi formado no Estádio da Luz e alinhou na equipa principal durante a gestão de João Santos, lembrou o antigo presidente como "um homem bom, que fez do Benfica um clube de prestígio".
"Merece toda a homenagem pela sua dedicação. No futuro os benfiquistas devem lembrar-se sempre dele", referiu Paulo Sousa, que em 1993, durante a presidência de Jorge de Brito, protagonizou uma polémica transferência para o Sporting, após rescindir unilateralmente o contrato com o Benfica, alegando salários em atraso.

A cerimónia de cremação foi antecedida de uma missa, celebrada na Igreja de Santa Joana Princesa, na qual participaram, entre outros, Raúl Martins, em representação do pai Fernando Martins, e João Rocha, antigo presidente do Sporting.

Nascido em Lisboa em 03 de Dezembro de 1914, João Santos, sócio número 253 do Benfica, assumiu a presidência do clube a 03 de Abril de 1987, sucedendo a Fernando Martins.

Os seus mandatos marcaram um período importante na história do clube, que esteve presente em duas finais da Taça dos Campeões Europeus e conquistou três títulos de campeão nacional de futebol e uma Taça de Portugal.
Acusado por alguns de falta de liderança, foi a partir do seu segundo mandato que a gestão do clube iniciou um percurso negativo, sobretudo a nível financeiro.

Foi substituído na presidência do clube, em 1992, por Jorge de Brito, que teve um curta passagem na liderança do Benfica.

Texto: Infordesporto/Lusa