Seca de Golos

Submitted by Pedro Neto on

É verdade que Camacho continua sem perder no comando do Benfica mas também não deixa de ser verdade que, em 5 jogos para a Liga, já se contaram 3 empates a zero. O Benfica está com um sério deficit de eficácia, e essa escassez de golos justifica-se pelo cansaço e dificuldades de adaptação de Óscar Cardozo, pelas lesões de Bergessio e de Mantorras, pela inexperiência gritante de Yu Dabao, e pela desinspiração e falta de pontaria constantes de Nuno Gomes. É, evidentemente, preocupante! Uma equipa não ganha sem marcar golos, mas não tem sido por falta de oportunidades que eles não aparecem. Resta esperar que haja novidades no estado individual dos atletas referidos acima, pois, caso contrário, o Benfica continuará a não conseguir subir na tabela classificativa.

Perante uma chuva torrencial, o Benfica entrou bastante bem no jogo e poderia ter inaugurado o marcador numa sensacional jogada de Rui Costa. Abel evitou aquilo que os jogadores da Naval não conseguiram (2 m). A resposta do Sporting foi imediata e apenas Quim evitou que Miguel Veloso se estreasse a marcar pelo Sporting, frente ao clube onde iniciou a sua carreira (3 m). O início de jogo foi bastante mexido, como se pode ver, e houve várias movimentações nas duas áreas. O Benfica tinha o comando do jogo mas o Sporting aproveitava a velocidade de Liedson, e os passes a rasgar de Romagnoli, para criar perigo. Liedson, mesmo apagado, foi o principal artificie do ataque leonino mas os seus remates iam saindo desenquadrados (22 m e 25 m). Há duas boas oportunidades de golo para o Sporting, mas Quim e Nélson evitam que Djaló e Vukcevic inaugurem o marcador (36 m e 40 m).

A 2ª parte foi totalmente do Benfica e, à medida que o tempo ia passando, dava a sensação que o adversário estaria satisfeito com o resultado. O Benfica está perto de inaugurar o marcador quando Polga desvia, para perto da baliza, um remate de Cristián Rodríguez (50 m). Stojkovic estava batido. Após um brilhante passe de Romagnoli, é Liedson que tem o golo nos pés, mas Quim cobre a mancha de forma exemplar e cede canto (52 m). Na sequência desse lance o Sporting tem a sua chance mais flagrante, com Tonel a não conseguir aproveitar a oferta de Maxi Pereira (52 m). Nuno Gomes, após uma defesa a um grande remate de Rui Costa, é o grande perdulário da noite pois tem um falhanço intolerável em alta-competição (56 m).

Após uma jogada que recorda o 2º golo de Portugal no 3-2 à Inglaterra, no Euro 2000, Rui Costa coloca a bola na cabeça de Nuno Gomes mas o ponta-de-lança do Benfica atira para fora (59 m). Di Maria e Rodríguez eram um verdadeiro perigo, mas o último passe insistia em não sair em boas condições. O argentino e o uruguaio tentam a sua sorte de longe mas sem sucesso (64 m e 65 m). Apesar de um ou outro fogacho, as substituições não deram os seus frutos e o jogo acaba por ficar marcado por dois lances, polémicos, de arbitragem. Lances discutidos mais abaixo.

Muito para dizer sobre Arbitragem

Tinha-se desejado um jogo sem casos, e com uma vitória do Benfica, mas infelizmente nada disso aconteceu. Aliás, o que faltou em golos houve, de sobra, em decisões polémicas. O penalty de João Moutinho sobre Freddy Adu é mais que evidente, porque a falta que lhe daria origem é inequívoca. Perante alguns burburinhos que se foram ouvindo, importa esclarecer que uma falta cometida em cima da linha-de-área é considerada dentro da área. O referido lance ocorre claramente dentro mas fica, então, o esclarecimento para quem não conhece as regras. Quanto à mão de Katsouranis é discutível dizer-se que há penalty, visto que a lei diz que pode não haver falta se o braço estiver junto ao corpo. Portanto, em posição natural, ninguém pode cortar os braços para poder jogar, não é? Mas não haveria um escândalo se a decisão tivesse sido outra. Aceitava-se que Pedro Henriques tivesse assinalado, apesar de parecer não haver intenção do grego.

Compreende-se que haja muita gente que se incomode com a rábula entre Pedro Henriques e o seu auxiliar, mas há que esclarecer que a indicação do fiscal-de-linha ao árbitro é apenas uma indicação. O árbitro principal é o chefe da equipa de arbitragem e pode seguir o conselho do seu auxiliar... ou não. Por isso se chamam auxiliares, porque não têm poder para assinalar faltas. Foi tudo feito de pleno direito, evitava-se era a interrupção de jogo e a consequente reposição de bola ao solo. Aí houve uma falha, porque o intercomunicador é para se usar, apesar de se compreender que Pedro Henriques quisesse confirmar, pessoalmente, o ponto de vista do seu colega.

Há, ainda, outros dois lances de contacto, que poderiam originar penaltys, mas que não são evidentes. Há um em cada área e, ambos, com génese muito similar. No primeiro, Ronny e Rodríguez tentam disputar uma bola e há um encosto da perna do brasileiro no uruguaio que pode ter contribuído para a queda deste último. O lance é muito rápido e admite-se que seja muito difícil para o árbitro descortinar, principalmente com o terreno molhado. O outro lance é de Katsouranis com Romagnoli e tem parecenças com o anterior, diferindo no facto da queda ter sido mais espectacular. Pedro Henriques, que costuma permitir contactos mesmo que viris, optou por seguir o seu critério.

Perder mais 2 Pontos

As coisas vão-se tornando complicadas no Campeonato e a esperança começa a esmorecer. 8 pontos de atraso começam a pesar um pouco, principalmente numa equipa com muita gente jovem e inexperiente. A meio da semana há Liga dos Campeões, e o Shaktar tem uma frente de ataque claramente superior...

Ficha do Jogo:

6ª Jornada da Liga BWin

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Pedro Henriques (AF Lisboa)

SL BENFICA: Quim; Nélson, Luisão, Edcarlos e Léo; Katsouranis e Rui Costa (Nuno Assis, 88 m); Maxi Pereira, Di Maria (Freddy Adu, 82 m) e Cristián Rodríguez; Nuno Gomes (Cardozo, 76 m).

SPORTING CP: Stojkovic; Abel, Tonel, Anderson Polga e Ronny; Miguel Veloso; João Moutinho, Romagnoli e Vukcevic (Farnerud, 68 m); Yannick Djaló (Celsinho, 83 m) e Liedson.

Disciplina: Amarelos a Luisão (42 m), Abel (49 m) e Cristián Rodríguez (70 m).

Melhor em Campo: Nelson (Do lado do Benfica)