Um Benfica de paixão!

Só faltaram os três pontos. Noite de campeões na Luz, frente a frente o campeão europeu AC Milan e o Sport Lisboa e Benfica. A história em tudo desfavorecia os portugueses, mas o mero dado estatístico nunca se fez sentir durante toda a partida. Ou de outro ponto de vista e, neste caso, a espaços – sobretudo nos primeiros minutos - a superioridade italiana foi evidente. Maior tranquilidade, entrada à italiana. Rápidos, inteligentes e eficazes, os pupilos de Ancelotti abriram o marcador à passagem do primeiro quarto de hora por intermédio de Pirlo. Um remate forte, seco, a não deixar hipótese de defesa a Quim. 

De certa forma, um aviso sério às esperanças “encarnadas” tinha sido dado com este tento. Quem esperaria a típica filosofia italiana, do marcar, recuar e pouco "sofrer", ficou redondamente enganado. Um Benfica à Benfica, veio “para cima” dos campeões da Europa. O golo teve o condão de abrir o jogo e a resposta não se fez esperar, num hino ao futebol de Maxi Pereira, aos 18 minutos. Depois de tirar um elemento italiano do lance, um fabuloso pontapé de pé esquerdo foi ainda encontrar o poste da baliza de Dida e selar um grande remate do internacional uruguaio. 

A “Águia” ganhava asas para voar, encontrando agora o perfeito argumento e, um crescimento a nível psicológico, muito importante para procurar de forma mais concisa o importante segundo golo. O Milan não estava tão seguro de si próprio, não tendo argumentos para contrariar a filosofia, e “chama” ofensiva do Benfica. Uma segunda parte que se prolongou durante o segundo tempo, quando a equipa orientada por José António Camacho foi dona e senhora do encontro. Apenas a espaços, leia-se lances de Kaká, o Milan conseguia assustar, embora sempre sem grande expressão, uma defensiva do Benfica muito bem comandada pelo “patrão”, David Luiz. 

Maxi Pereira conseguia ganhar espaços e dar qualidade à extrema direita do Benfica, com o capitão Nuno Gomes numa noite de grande trabalho, a ter nos pés, boas ocasiões para facturar. O tempo passava, depressa demais para uma equipa portuguesa que estava a fazer tudo para encontrar o caminho da vitória. Faltava, quem sabe, mais largura ao jogo, mais profundidade e com todas as suas armas, os “encarnados” nunca desistiram de procurar o golo que os encaminharia para uma histórica vitória. A experiência e grande organização defensiva dos italianos, a queimar sempre que conseguiam, minutos importantes e quebrar ritmos de jogo, fez com que o campeão europeu tivesse saído da Luz satisfeito, com o empate. 

O Benfica fez um grande jogo, muito esforçado, com muita paixão, um pouco à imagem do seu treinador. Apenas faltou o “sim” na finalização de alguns lances, para esta se transformar numa noite gloriosa à Benfica. Da brilhante capacidade de David Luiz, passando pelo preenchimento fabuloso de espaços e empenho do regressado à titularidade, depois de prolongada lesão, Petit, à batuta ofensiva do “maestro” e aos lances sempre correctos de Maxi Pereira, a “águia” voou alto, só não o fez mais, porque não saiu do encontro com os três pontos. Vem aí jogo com o Porto, e nesse, o Inferno da Luz terá de imperar! 

André Sabino