Uma lição de vida

Fonte
www.abola.pt
Cinco dias por semana, cinco ou seis horas por dia, a luta de Sokota tornou-se a luta de António Gaspar. «Como está hoje o tendão? Era esta a primeira coisa que dizíamos um ao outro pela manhã», recorda o ponta-de-lança do Benfica. Seguia-se o ginásio, os enfadonhos aparelhos, as intermináveis braçadas na piscina. Aos poucos foram tornando-se amigos. «Ninguém sabia se poderia ou não voltar a jogar futebol e sem António Gaspar não teria conseguido. Ninguém faria o que ele fez por mim», confessa Sokota, com um olhar cúmplice. «Somos hoje mais amigos que aqueles que ficam de infância», acrescentou. Gaspar fala de «altos e baixos» da recuperação e da força da força de vontade do jogador: «Poucas pessoas conseguiriam suportar esta imprevisibilidade, às vezes subíamos dois degraus e descíamos três... Acima de tudo esta foi uma lição de vida, de tenacidade de alguém que sempre acreditou. É de um verdadeiro campeão.» Para o fisioterapeuta a situação também foi um desafio e muitas vezes sentiu o desespero. Mas não podia demonstrá-lo. Tinha de alegrar o jogador e ir buscar ao fundo a vontade de vencer que nele existia. E foi assim que a relação de amizade nasceu e cresceu. «Aos outros, ao treinador e aos companheiros, não podia dizer tudo, mas ao Gaspar dizia que me doía, dizia tudo o que sentia e ele deixava-me falar, ouvia-me.» Um clube especial Os familiares também começaram a relacionar-se depois dos tratamentos e tudo isso contribuiu. Sokota diz, com piada, que jogou em três clubes na sua carreira: o Dínamo de Zagreb, o Benfica e... o clube de António Gaspar. Depois voltou ao Benfica e com nova ambição. Sokota e António Gaspar tornaram-se amigos e juntos marcaram um golo ao Vitória de Setúbal, no passado sábado.