Fonte
www.abola.pt
No sábado, a Vitória não voou nem encantou, como tem vindo a acontecer. Os vários chamamentos do seu tratador não surtiram efeito. O público, compreensivo, bateu palmas. Após o jogo, a águia teve direito a horas extraordinárias e acabou por ficar a dormir numa das grande áreas, em cima da linha de fundo, ao lado da baliza que encaixou o golo de Simão, minutos antes. Castigo, poderia pensar-se, mas não. Segundo o tratador espanhol, Juan Bernabé, a Vitória gosta de dormir no estádio quando este está vazio, a situação não é inédita. «É a sua segunda casa», diz o tratador. Os jogadores do Benfica aproveitaram para brincar com o animal (tem apenas 11 meses) e o seu eclipse da véspera — Simão, enquanto corria, simulou o chamamento habitual — e mostraram-se curiosos sobre as razões de recusa do voo. A explicação foi dada ao grupo e, pouco depois, aos jornalistas. «Não podemos esquecer que a Vitória é um animal e as águias não voam de noite. Os focos de luz eram muito fortes e, sobretudo, terá ficado assustada com a presença das bailarinas [as superáguias] no círculo do meio-campo, algo que não sucede nos treinos. É sempre uma incógnita, neste caso o medo foi superior à fome (um pedaço de carne é a sua recompensa), mas vamos trabalhar para que da próxima vez tudo corra bem», explicou, Juan Bernabé, acrescentando: «A Vitória faz o voo com um capacete próprio que lhe tapa a apurada visão porque os seres humanos são vistos como predadores e, para ela, os espectadores que estão nas bancadas não são meros pontos, como para nós, é um animal que consegue ver as letras de um jornal a um quilómetro de distância.» Ainda assim, uma certeza: «A Vitória está feliz porque o Benfica ganhou.» Uma referência para a presença na Luz, no sábado, de uma criança com cancro, para tirar fotografias com a águia. Um momento de felicidade.