TRAP, o português

A Gazzetta dello Sport, referência em termos desportivos em Itália, publicou ontem uma extensa reportagem sobre a vida de Trap em Lisboa, abordando temas que vão desde o seu trabalho à frente do Benfica até a relação com os adeptos. Sob o título «Trapattoni, o português», o enviado especial Giancarlo Galavotti fala de um treinador «clássico », acrescentando que os jornalistas portugueses conheciam apenas o lado bom de Trapattoni, mas tiveram oportunidade de conhecer o seu lado lunar na conferência de imprensa que se seguiu ao jogo com o Estoril, quando, irritado, afirmou que «os adeptos do Benfica viviam ainda do passado, dos tempos em que eu e Eusébio jogávamos».O jornalista assinala ainda a gaffe de Trap, que «confundiu Roger com um jogador da 2.ª Liga». Título é um milagre Começando por chamar a atenção para o facto de os media portugueses serem pouco compreensivos com o esforço linguístico de Trapattoni, que se expressa numa mistura de italiano e espanhol, salpicado com português, o enviado da Gazzetta lembra que o treinador do FC Porto, Vítor Fernandez, continua a expressar-se em castelhano, seis meses depois de ter chegado a Portugal, sem despertar os mesmos sentimentos. E cita Trapattoni: «Não me sinto incompreendido aqui. Os tifosi são iguais em todo o Mundo. Até o meu neto compreende isso.» Para o jornalista italiano, o primeiro lugar «é um milagre, tendo em conta a qualidade do plantel e o elevado número de lesões», e se o Benfica lidera a SuperLiga, ex aequo com o FC Porto, é porque a equipa nortenha desceu ao nível dos encarnados e não o contrário. Os assobios ouvidos na Luz são atribuídos às tradicionais substituições, «saída do segundo ponta-de-lança e entrada de um jogador mais defensivo». O jornalista destaca, porém, que os dirigentes estão satisfeitos com o italiano, não só porque a equipa está em primeiro, mas porque dedica 24 horas sobre 24 ao clube, especificando que passa seis horas enfiado no seu gabinete, e as outras seis num hotel a dois minutos do Estádio. Exemplar.