Benfica: O Discurso dos Adeptos

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maisfutebol
Benfica: o discurso dos adeptos [ 2004/12/13 | 08:58 ] Luís Sobral Os adeptos existem para apoiar as suas equipas. Sofrer com elas, chorar às vezes, rir de alegria quando a bola entra na baliza. É da natureza dos adeptos sentir primeiro e deixar a reflexão para qualquer dia. Por isso só eles são capazes de defender as teses mais absurdas com a decisão dos que nunca têm dúvidas. É mesmo assim, será sempre assim, nem teria piada de outra forma. Naturalmente, os adeptos do Benfica são iguais aos outros e por isso, contra todas as evidências e diversos sinais exteriores de alarme, defendem com alma o clube e a equipa que têm. Faz sentido. Os dirigentes, pelo contrário, devem distinguir-se dos adeptos pelo distanciamento. Em teoria, é precisamente esse recolhimento que lhes garante a necessária frieza, suporte de todas as boas decisões de gestão. No Benfica as coisas nunca são exactamente assim. Luís Filipe Vieira tem preferido, ao longo do tempo que leva na Luz, um discurso populista. Às promessas seguem-se as frustrações, a um ritmo só interrompido pela vitória na Taça de Portugal. Nos últimos dias, na sequência do caso «Apito dourado» e do triste episódio do DVD entregue ao ministro, o presidente do Benfica adoptou um discurso de ataque. Procurava assim passar para os adeptos uma mensagem do género «eu já sabia disto tudo». Enquanto dizia o que os benfiquistas gostam de ouvir, o presidente parecia ignorar os sinais de alarme que a equipa lhe dava. Barcelos, Funchal e Leiria, mas também na Luz, com Rio Ave e Estoril. Agora, depois da goleada no Restelo, há duas saídas. Encarar de frente a situação do clube e explicá-la ou acrescentar ao discurso fácil uma nova linha: o mercado está aí, a partir de Janeiro é que vai ser. Um adepto não teria dificuldades em escolher.