TRAPATTONI faz história pelas piores razões

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www.abola.pt
Não está nada fácil a vida para Giovanni Trapattoni. Apesar de não ser a primeira vez na carreira que experimenta a contestação dos adeptos, o homem que veio para a Luz com a missão de fazer esquecer José Antonio Camacho começa a ter um espaço reduzido para trabalhar. Os números falam por si — deixando de lado questões subjectivas, como a qualidade do futebol praticado, atitude e mentalidade colectivas. A situação classificativa, o número de golos marcados, o número de golos sofridos e a diferença entre estes dois vectores é confrangedora para um candidato ao título. Comecemos pela classificação. Face aos maus resultados nos últimos dois meses (13 pontos perdidos em 21 possíveis) e à boa carreira de Sp. Braga e Boavista, os encarnados ocupam o quinto posto. Nos últimos 66 anos, data a partir da qual o campeonato passou a contar, pelo menos, com 16 jornadas, registos piores que este verificaram-se apenas por três ocasiões: em 1950/51, 1997/98 e 2000/01. Pior defesa em quatro décadas 18 golos sofridos em 16 jogos, mais de um golo encaixado por jogo. Trapattoni já experimentou seis duplas de centrais, alterou laterais e guarda-redes, mas não se poderá estabelecer uma causa-efeito directa, pois qualquer treinador defende que a dinâmica defensiva é colectiva. Voltemos aos números: é a pior marca das últimas 10 épocas, ou seja, desde 1995/96, quando as vitórias passaram a valer três pontos e, por inerência, o futebol tornou-se mais competitivo. Mas se viajarmos no tempo temos de nos situar na época 1965/66 (há 39 anos) para encontrar mais golos sofridos à 16.ª ronda: 22. No entanto, a equipa tinha marcado... 47! Nas épocas anteriores o Benfica poderia ter mais de 20 ou 30 golos sofridos [ver quadro] mas em oposição tinha um somatório de remates certeiros de 50 ou 60! Sofria-se três mas marcava-se quatro... Verdadeiro recorde O ataque também vive dias maus. Menos de 24 golos só em cinco ocasiões na história, duas delas na última década, numa das quais em 2000/01, a pior época de sempre, na qual o clube conheceu três treinadores, eleições e ficou em sexto lugar no final. Posto isto, chega-se ao recorde histórico: a diferença entre golos marcados e sofridos é a mais pequena de sempre (6). Diz-se que o coeficiente desejado para um candidato ao título (divisão dos golos marcados pelos sofridos) é 2,5, os encarnados têm apenas 1,3. Pergunta-se agora: porquê, Trapattoni?