Fonte
www.abola.pt
– Foi sua a decisão de sair ou sentiu-se pressionado?
– Não. Acabava contrato daqui a seis meses e os dirigentes falaram comigo para chegarmos agora a acordo. Naturalmente não iria renovar contrato. Falámos dois minutos e acertámos tudo. Apenas me resta desejar felicidades ao Benfica. Há dados positivos que se podem tirar desta situação. Cada coisa tem o seu tempo e são aspectos normais para um jogador.
– Sai magoado com alguém?
– Não, muito pelo contrário.
– Sente que o seu passado no FC Porto o condicionou na Luz?
– Quando assinei pelo Benfica já sabia que isso ia acontecer. Tudo está bem, mas quando aparecem as dificuldades as pessoas lembram-se. Para mim, é um orgulho ter representado estes dois grandes clubes portugueses. O futebol é paixão e uma carreira deve ter aplausos e assobios. Quando só há aplausos é porque alguma coisa está mal.
– Muitas vezes foi acusado de não se esforçar o suficiente. Concorda?
– Não sou uma pessoa que se guia pelo que diz a imprensa. Cada um tem a sua opinião e, para mim, a minha é amais importante. Nós estamos sujeitos a críticas e bem. Porque não? Cada um faz aquilo que sabe e pode. Gostaríamos que a opinião pública fosse sempre boa, mas temos de seguir em frente.
Casos de Argel e Sokota
– Sente que as suas características foram bem aproveitadas?
–Tenho de reconhecer que o clube esperava mais de mim, eu sei, mas eu também esperava mais. O que tenho a certeza é que entrei com o clube numa situação complicada e de certeza não estive tão mal como muitas vezes disseram.
– Há muito que se ouve que o Benfica precisa de um número dez. Você joga com esse número...
– O número dez no Benfica é muito importante porque o utilizou um dos jogadores mais importantes do clube [Rui Costa]. Daqui para a frente, quem o usar, também vai ter dificuldades, porque é impossível superar o que não é superável.
– Saiu Zahovic, Argel também pode deixar o clube e Sokota treina na B. Parece-lhe forçado, uma limpeza de balneário?
– Não, nada forçado, pelo contrário. Acho que a todos nos marcou o jogo de Bruxelas. A equipa veio abaixo, não havia necessidade de perdermos aquele jogo porque somos muito melhores que o Anderlecht [o Benfica perdeu por 0- 3 na Bélgica após ganhar 1-0 na Luz]. Falhámos sem razão e a culpa foi nossa.
– Acredita que os dirigentes culparam estes jogadores?
– Não... Devíamos ter ganho, não conseguimos entrar na Liga de Campeões, os dirigentes precisavam mudar alguma coisa.
– Dizem que tem forte personalidade e é conflituoso. É assim?
– Problemas todos temos, a questão é a forma como os superamos. Em todo o Mundo, em todos os clubes existem problemas que condicionam o rendimento normal. Os jogadores têm de saber enfrentá-los.
Relação com Trapattoni e marcas de Bruxelas
– Como foi a sua relação com Trapattoni?
– Sempre boa. A única coisa que posso dizer é que nunca compreendi a decisão que ele tomou em Bruxelas. Quer dizer... compreender tive de compreender, mas daí a aceitar... – Foi estranha, só isso. -Fala exactamente do quê?
– Falo do jogo. Para mim tínhamos muito melhor equipa que o Anderlecht. Ganhámos em Lisboa e depois vamos jogar fora... Na pré-época tinha marcado sete golos, um no primeiro jogo oficial, estava em boa forma e depois fiquei no banco. Um jogador como eu, com 81 internacionalizações e que mostra boa forma... Não é que tenha ficado com mágoa, é só que... foi uma estupidez.
– Ficou marcado por esse episódio?
– É claro que sim. Depois comecei bem, mas fiquei sempre marcado. Em todo o lado onde joguei estive em jogos importantes, até mais do que o de Bruxelas. Neste fiquei de fora quando estava em grande forma... Isso quer dizer que o treinador não confia.... Eu acho.
– Falou sobre isso com Trapattoni?
– Não sou de pedir explicações aos treinadores. Mas estou convencido que tinha tudo para fazer uma grande época