Veiga fica de certeza e vamos sensibilizar Trapattoni

Fonte
abola.pt
Luís Filipe Vieira analisou toda a época, destacando episódios e comprometendo-se a tudo fazer para que a continuidade de Giovanni Trapattoni seja uma realidade. Mais confiante ainda se mostrou sobre a continuidade de José Veiga, que considera ter sido fundamental na caminhada para o título. — O que é que pensa dizer a Trapattoni? — Vou falar com o Sr. Trapattoni após a Taça de Portugal. Há todas as condições para ele ficar. Sei que está bastante feliz e sensibilizado com as manifestações de carinho. Ele próprio já disse que tem o Benfica no coração e o único problema que o leva a hesitar é de índole familiar. Tal como José Veiga, creio que o vou sensibilizar. — Chegou a pensar demitir o treinador? — Penso que a maioria dos benfiquistas votaram numa liderança forte, quando me elegeram. Os que lidam comigo sabem que sou um homem de convicções fortes. É verdade que houve muitas pressões, mas é melhor esquecer essa fase. Penso que os benfiquistas devem reflectir sobre tudo o que aconteceu. No passado, foi devido à falta de estabilidade que os objectivos ficaram por cumprir. — José Veiga também fica? — Além de fazer parte deste projecto, José Veiga foi fundamental. Não se coloca sequer a hipótese de ele sair. Quando cheguei ao Benfica, há quatro anos, vi como era o balneário e sei como é hoje. Não há comparação possível. Introduziu rigor e disciplina. Veiga é, essencialmente, alguém que dedicou todo o seu tempo ao plantel. É um grande profissional e tenho a certeza de que vai ficar. — Mas sempre se falou num esfriar de relações entre os dois... — Pode ter havido uma ou outra divergência. Isso é normal na vida empresarial e as pessoas nem sempre estão de acordo em todos os pontos. Mas naquilo que diz respeito aos valores que ambos defendemos, não houve nenhum problema. A nossa relação preocupa muita gente. O nome dele era problemático para alguns benfiquistas e para um presidente de clube que até confundiu Vitor com Luís Fernandez. — É verdade que os jogadores fixavam recortes de jornal no balneário para se moralizarem? — Um dos fundamentos do nosso sucesso foi blindar o balneário. Nunca deixámos que os nossos jogadores sofressem com certas coisas. Mas era no balneário que desabafavam. Muitas afirmações eram da responsabilidade de certos benfiquistas, mas essas pessoas deviam reflectir, porque fizeram-nos muito mal. Só um balneário unido permitiu que tudo fosse ultrapassado. — Existe um pré-acordo assinado com Camacho ? — Não, desminto isso. Quero, convictamente, que Trapattoni seja o treinador. Tenho uma relação de grande amizade com a família Camacho, mas só isso. E nunca faria nada à revelia da administração da SAD, ou de José Veiga. — Afinal, o que é que aconteceu no balneário após o jogo em Penafiel? — Os jogadores estavam tristes, naturalmente, mas disse-lhes que só dependíamos de nós e que iríamos conseguir o título na última jornada. Depois saiu uma notícia de que tínhamos comprado 15 mil bilhetes para o Bessa e perceberam que era uma prova de confiança de que iríamos ser campeões. Se o cartão falhar a missão termina — Por vezes dá a entender que pode deixar o clube... —As pessoas têm de compreender que fui eleito por maioria esmagadora e uma missão tem de começar e ter um fim de ciclo. Cumprimos tudo o que prometemos, excepto o Conselho Consultivo, porque os estatutos ainda não nos permite. Sei o que conversei com a minha família, até onde estarei disponível. O cartão é muito importante, é o grande desafio que temos pela frente. — Quer dizer que se o cartão não for um sucesso, se vai embora? — Tenho vivido o Benfica intensamente. Os nossos quadros têm perspectiva de carreira. Todos têm orgulho em estar no clube, mas temos outros desafios pela frente e o cartão é muito importante. Se a campanha não for um sucesso, significa que os sócios entenderam que a minha missão terminou. E nesse caso termina mesmo. — Nunca se esquece de Féher... — Na segunda-feira, vamos entregar-lhe a Taça que ganhámos na época passada e, se derrotarmos o Vitória de Setúbal, a desta época. Mas o grande objectivo é entregar-lhe a Taça de Campeão. Reforços? Depende dos sócios — O clube tem de vender um jogador? — O Benfica tem de fazer esta época 10 milhões de euros para equilibrar as suas contas. Mas depende essencialmente dos sócios o Benfica campeão europeu. Se os sócios aderirem a este projecto, teremos condições de lutar pela Liga dos Campeões. — Quantos jogadores pensa contratar? — Estamos felizes com este plantel. Pode ser necessário um ou outro reajustamento, mas a época ainda nem terminou. O futuro da equipa depende dos sócios e não de nós ou dos jogadores. O cartão do sócio é o grande desafio, nem que eu tenha de bater porta a porta. Fizemos quatro anos de trabalho de recuperação e aproveito para deixar uma palavra ao presidente Manuel Vilarinho, que encetou a recuperação, e a Fonseca Santos, que saiu, mas sabe que sou amigo dele. Também fazem parte das vitórias que alcançamos.