Que dia alucinante

Fonte
abola.pt
Há maneiras mais «suaves » de começar as férias. Beto, novo jogador do Benfica, teve ontem um dia intenso, com um contra-relógio Aveiro-Lisboa pelo meio, muita assinatura em papelada vária e um avião perdido. O brasileiro acordou muito cedo, em Aveiro e fez as malas. Partiu depois para uma reunião com o seu advogado e ao início da tarde tinha concluído a rescisão de contrato com o Beira-Mar. Estava cumprida a primeira etapa da ordem de trabalhos que era imposta ao ex-aveirense, finalmente preparado para formalizar a ligação por três anos, com mais um de opção, ao grémio da Luz. Seguia-se a viagem para a capital e, para cumprir o horário, Beto nem almoçou e meteu rodas ao caminho tendo o Estádio da Luz como destino. Porém, a passagem do novo médio encarnado pelo ninho da águia acabou por ser breve. Beto não esteve na nova casa mais de cinco minutos e rumou para uma instituição bancária para tratar de alguns pormenores do novo contrato com o Benfica. As formalidades foram despachadas com sucesso, mas o relógio não parava. E foi já com o coração nas mãos que o futebolista brasileiro demandou, em alta velocidade, o aeroporto. Poucos minutos o separavam da hora que tinha de voar para o Recife e aguardava-o uma desilusão. Após uma correria louca apresentou-se ao balcão para fazer o check in. «Já não será possível», disse-lhe a funcionária. Beto entrou quase em desespero, a vontade de chegar ao Brasil e rever os familiares e amigos era muita e o desejo de com eles partilhar a enorme alegria que lhe vai na alma por ser jogador do Benfica, também. Mas ninguém tinha boas novas para lhe dar. Beto bem olhava com sofrimento para o quadro que dizia que o seu voo estava fechado. E acabou por aceitar o inevitável. Tinha de ficar em terra mais 24 horas... «Tenho de ir amanhã, tenho de ir amanhã», dizia, resignado, o reforço do Benfica, como se se estivesse a convencer-se de que nada mais havia a fazer. O hotel onde pernoitou, perto do aeroporto mas com vista para o Estádio de Alvalade, serviu-lhe também para, pura e simplesmente, matar a fome. No afã das tarefas inadiáveis, só a meio da tarde de ontem se lembrou que não comia nada desde as 23 horas da véspera... «Que dia alucinante », dizia o jogador, confessando que, pelo menos, o sofrimento tinha valido a pena. É que agora já se sente jogador do Benfica, e chega mesmo a dizer que entrar no Estádio da Luz e senti-lo «seu» foi das melhores sensações que experimentou enquanto jogador de futebol. Hoje, Beto viajará finalmente para o Recife e, como dizia o irmão, é bom que haja festa à chegada para que esqueça este dia desgastante. E, no primeiro dia do resto da vida de Beto, não faltarão razões para celebrar. Desde o dia em que José Mota o descobriu a jogar no Recife, até ao momento emque se juntou aos novos campeões nacionais, muita água correu por baixo das pontes. Com Beto sempre a favor da corrente.