Olheiro aos 14 anos, o mais jovem caça-talentos português

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maisFutebol
Olhar de rapina. Atento, pertinaz, concentrado. Perspicácia pura ao serviço do Gabinete de Prospecção do Benfica. Francisco Moreira, na natural verdura dos seus 14 anos é o mais jovem olheiro do país. O Maisfutebol foi a Vila Nova de Gaia e conheceu este precoce observador de talentos. Importava, antes de mais, perceber como o Sport Lisboa e Benfica colocou nas mãos de um adolescente a árdua tarefa de descobrir craques na zona de Vila Nova de Gaia. Francisco, dono de um discurso fluente e de uma maturidade pouco usual para a sua idade, encarregou-se de nos matar a curiosidade. «Acompanhava muitas vezes o meu primo Gil Nunes, também ele observador do Benfica, e acabei por conhecer fortuitamente o Bruno Maruta, director da prospecção. Ele deve ter simpatizado com a forma como me expressei sobre algumas matérias e convidou-me para este cargo», confessa o caça-talentos, um «fanático» pelo futebol que, dada a tenra idade, nem sequer recebe qualquer quantia pelo exercício de uma função que lhe «rouba» os fins-de-semana. «Tenho liberdade para definir os jogos que observo e ando sempre pela área de Gaia e Porto, apesar de já ter ido mais longe. Comecei em Janeiro de 2007 e vejo três ou quatro jogos por semana, o que significa que já analisei cerca de três mil atletas», partilha, revelando-se um analista «extremamente exigente». «Neste meio ano, apenas dei nota máxima em duas ocasiões. O Benfica confiou na minha opinião e esses atletas foram logo convidados a treinar no centro de treinos do Seixal». As cunhas pedidas pelos amigos e uma carreira na baliza interrompida 14 anos, era das borbulhas, das paixões platónicas e da ânsia pelas primeiras saídas à noite. Situações que não turvam o critério a Francisco Moreira. Nem essas, nem os pedidos dos amigos que avalia. Acima de tudo, Francisco considera-se «objectivo» nos trabalhos que faz para o Benfica. «Já estive a observar o meu melhor amigo, o Vitor Hugo. Dei-lhe uma nota razoável porque não merecia mais. Não adianta nada eles pedirem-me para meter uma cunha», deixa em jeito de aviso. Mas, e o próprio Francisco? Nunca terá sonhado em jogar no Benfica? Em ser um jogador de futebol conhecido? Afinal, esse é o desejo de quase todos os miúdos que adoram o desporto-rei. «Joguei futebol no Sporting de Arcozelo, à baliza. E até era jeitoso. Costumo dizer que os guarda-redes ou são malucos ou maricas. Eu considero-me maluco a jogar futebol. Mas o meu grande objectivo é mesmo ser arquitecto. Estudo no Colégio dos Carvalhos e vou para o Externato Ribadouro no próximo ano». «Espionagem» em pleno balneário do F.C. Porto Malgrado as suas 14 primaveras, Francisco Moreira já tem éstórias para contar. Gaba-se, por exemplo, do dia em que se escapuliu para o balneário do F.C. Porto, numa partida contra o Candal. «Pedi a ficha de jogo aos responsáveis e disse-lhes que escrevia num blog. O pior foi que durante o jogo fiquei mesmo à frente de um director do Porto e ele viu as fichas que eu tinha com o símbolo do Benfica», relata, por entre um sorriso malandro. Mas que tipo de jogadores podem convencer este olheiro tão especial? Que características o seduzem num futebolista? «Procuro segurança num guarda-redes, boa visão de jogo num médio centro, rapidez e técnica num atacante. Tenho especial atenção no recrutamento de guarda-redes e pontas-de-lança porque sei que há alguma carência nessas posições», explica, sempre muito profissional no contacto com o jornalista. Para acabar, o Maisfutebol lançou um pequeno desafio a Francisco e pediu-lhe que escolhesse o seu onze ideal da última edição da Liga Bwin. Rápido na resposta, chegámos à seguinte formação. «Helton (F.C. Porto) na baliza, Abel (Sporting), Luizão (Benfica), Pepe (F.C. Porto) e Léo (Benfica) na defesa. Petit (Benfica) e Anderson (F.C. Porto) como médios-centro, Quaresma e Simão nas alas. Na frente, Miccoli (Benfica) e Liedson (Sporting)».