Entrevista Katsouranis a O Jogo

Submitted by bolas10 on
Fonte
O Jogo
Quem e como é Katsouranis Katsouranis nasceu em 21 de Junho de 1979, em Patras, pequena localidade situada a duas horas e meia de Atenas. Como fez questão de sublinhar durante a entrevista, não gosta de se expor, mantendo algumas reservas no relacionamento com os jornalistas. "Na Grécia, raramente reproduzem aquilo que dizemos", defende Katsouranis. O médio escolheu a freguesia de Telheiras, em Lisboa, para viver, porque esta lhe faz lembrar Melisia, bairro na Grécia onde o jogador tem a sua residência fixa. Ao volante de um Alfa Romeo e sempre em velocidade moderada, vai conhecendo os principais cantos da capital portuguesa, com paragem obrigatória em alguns restaurantes gregos. Quando chegou ao País, o médio helénico teve em Fernando Santos e Karagounis dois fortes aliados na adaptação, mas as suas fontes de inspiração e principais responsáveis pelo rendimento equilibrado foram a mulher, Effie, e o filho, Vasilis, que herdou o nome do avô. Sincero, frontal e pouco adepto de driblar as questões, Katsouranis fez da grande entrevista, em exclusivo, a O JOGO um exemplo daquilo que é dentro das quatro linhas. Sem rodeios, assume os problemas actuais da equipa e também os cometidos por si, mas pede paciência. Numa altura em que o emblema da Luz já não tem margem para errar, Katsouranis é a voz do realismo, mas também da esperança em retirar as faixas aos dragões. Muito se tem falado das insuficiências atacantes do Benfica. Porque está a equipa tão frágil no último terço do campo? Não se trata de fragilidade no último terço do campo. Temos melhorado substancialmente nos últimos tempos, pois vamos, lentamente, assimilando uma nova organização, novos mecanismos, e tudo isso leva o seu tempo. Além disso, temos novos jogadores que necessitam de algum tempo de adaptação. Refere-se a Cardozo? Por exemplo… Foram as saídas de Simão e Miccoli que fragilizaram o ataque do Benfica? [interrompe] Atenção, têm de colocar o Karagounis nesse lote, também. É evidente que os bons jogadores fazem sempre falta, mas entraram outros, e esses precisam de tempo para se adaptarem. Essa teoria aplica-se também ao rendimento inicial da equipa no Campeonato? Há várias situações que contribuíram para o rendimento mais irregular da equipa. Desde logo, a mudança de treinador à segunda jornada. Não nos podemos esquecer de que houve necessidade de fazer reajustamentos na equipa, mudámos o sistema táctico, e foram introduzidos outros conceitos. Portanto, tudo isso leva o seu tempo e obriga a um trabalho redobrado. O Benfica tem estado sempre atrás do líder no Campeonato. Correr atrás do prejuízo desgasta muito a equipa psicologicamente? De facto, é mau andar sempre atrás. Não temos margem de erro, logo nunca podemos falhar. O FC Porto tem sempre a possibilidade de perder um ou outro ponto. Pode até ter um deslize, que isso não lhe retira a liderança, o que dá mais tranquilidade. Na última época, ficámos a dois pontos do campeão, porque não tínhamos margem de erro. Nos últimos 13 anos, o Benfica só ganhou um Campeonato, e o Katsouranis nem fazia parte dessa equipa. Está surpreendido com a hegemonia do FC Porto? Sim, julgo que está na hora de acabar com o domínio do FC Porto. É esse o objectivo, mas tem de se dar tempo a um treinador, dar-lhe margem de manobra e a hipótese de escolher os jogadores e poder evoluir. É isso, também, que faz falta para podermos contrariar o FC Porto. Na Liga dos Campeões, existe já o receio de se repetir a presença na Taça UEFA? Claro que o objectivo é seguir em frente, mas já perdemos dois jogos, o que torna tudo mais complicado. Se não passarmos, vamos tentar ficar em terceiro lugar. "Benfica está bem organizado" Melhorou o contrato recentemente. Sente-se mais responsabilizado por isso? A minha responsabilidade é sempre a mesma, independentemente do que ganhe. Há jogadores que ganham menos do que eu e têm a mesma responsabilidade. O Benfica já recusou propostas pela sua saída. Como vê esta situação? Quer continuar no Benfica ou há possibilidade de sair? Agora, estou concentrado no Benfica e nos seus objectivos. Se surgir uma oportunidade muito boa, vou ter de pensar. O FC Porto esteve, de facto, interessado em si? Sim, mas já há algum tempo. Não chegou a existir nada de concreto. Foi quando estava no AEK, e o FC Porto tinha lá dois jogadores emprestados, tendo opção sobre mim. Sente o Benfica como uma passagem na sua carreira, rumo a um emblema ainda maior? Não, e estou muito feliz aqui. O Benfica é um grande clube, e, se mais tarde houver uma proposta de um outro colosso europeu, vou pensar. O Benfica está bem organizado, e falta apenas um bocadinho para chegar ao nível dos maiores clubes do mundo "Críticas dos dirigentes deram-me vontade de rir" Na última temporada, no Estádio do Dragão, o lance que deu origem à lesão de Anderson motivou uma reacção forte da SAD do FC Porto. Katsouranis considera exageradas as críticas e diz-se de consciência tranquila. "Foi uma falta normal, e até falei com o Anderson por telefone. Conversámos, e disse-lhe que não tinha sido de propósito. Ele sabe isso. Nunca tinha deixado um jogador assim lesionado", explicou, garantindo que não teve intenção de magoar o jovem jogador brasileiro. "O que os dirigentes do FC Porto disseram sobre isso deu-me vontade de rir. Qualquer pessoa que perceba de futebol sabe que não tive intenção de magoar ninguém. Só ficaria triste se soubesse que o Anderson pensava que eu tinha feito de propósito, mas ele já sabia que não, logo ficou tudo resolvido", referiu o médio benfiquista. "Fiz penálti no último dérbi" Sem meias-palavras, o internacional grego não tem problemas em admitir que Pedro Henriques deixou uma grande penalidade por assinalar a favor... do Sporting, cometida sobre Romagnoli. Katsouranis assume que cometeu falta na área sobre o camisola 30 da equipa leonina. Os dirigentes do Sporting e também os jogadores, logo na altura, reclamaram duas grandes penalidades no último dérbi disputado no Estádio da Luz. Você esteve, curiosamente, nos dois lances. Cometeu ou não as alegadas grandes penalidades? Aquele lance da mão não foi penálti, e disse-o logo no próprio jogo. O árbitro não marcou e esteve bem ao tomar essa atitude. Na primeiro grande penalidade que os jogadores do Sporting reclamaram, sobre o Romagnoli, fiz falta, de facto. Tendo esse caso como exemplo, e tendo em conta que todas as semanas há queixas sobre a arbitragem nas competições internas, como avalia a arbitragem em Portugal? Os árbitros portugueses estão num bom nível, principalmente se compararmos com o que acontece na Grécia, mas não só em termos comparativos considero isso. No geral, a arbitragem em Portugal tem um bom nível. Alguns jogadores do Benfica têm-se queixado, nos últimos anos, de que os árbitros favorecem, regra geral, o FC Porto. Sente isso? Não sei o que aconteceu nos últimos anos, porque só cheguei ao Benfica na última época. Assim sendo, não sei porque disseram isso. Na última época, o FC Porto foi um justo campeão, e não creio que tenha sido pela influência dos árbitros. "Camacho é mais táctico" O que é que José António Camacho trouxe de novo à equipa em relação a Fernando Santos? Não há uma grande diferença entre o Camacho e o Fernando Santos. São treinadores com estilos algo idênticos. No entanto, o Camacho apresenta algumas "nuances" diferentes, sobretudo a nível táctico. Camacho é um treinador muito sério, que mudou o nosso sistema de jogo. Além disso, trabalha mais tacticamente do que Fernando Santos. E prefere esse trabalho mais táctico? Não interessa falar muito sobre esta situação, porque tantos os treinadores como os jogadores são julgados em função dos resultados que obtêm no fim de uma temporada. Quando conquistam títulos, está tudo muito bem; quando não ganham títulos, a situação não é nada positiva. No futebol, tudo acontece desta forma. É assim a nossa realidade. "É um pai no futebol" É sabido que tinha uma relação muito próxima de Fernando Santos. Ficou surpreendido com a sua saída? Quando digo que o considero o meu pai do futebol, isso tem que ver com o facto de me ter trazido para outro campeonato. Foi o homem que me tirou da Grécia e com quem tive alguns momentos importantes da minha carreira, como a distinção de melhor jogador da Grécia em 2004/05. Não encontro explicação para a sua saída. Não percebi por que razão abandonou o clube. Fernando Santos dizia que preferia "vinte Katsouranis a onze Ronaldinhos"... [sorrisos] Isso foi uma brincadeira do passado. Recordo-me dessa frase, mas isso foi ainda em Atenas, quando estava no AEK. Não sei exactamente o que quis dizer com isso, mas estava a brincar com a situação. Nem poderia haver outra interpretação… "Saída de Veiga não foi prejudicial" A saída de José Veiga do Benfica foi prejudicial para o clube? É uma situação que nos ultrapassa, pois é uma decisão que não tem que ver directamente com o plantel. De qualquer forma, julgo que não foi prejudicial para o Benfica. Se calhar, até saiu no momento certo, não sei… Haverá certamente pessoas mais avalizadas para responderem a isso. "Posso jogar em qualquer posição" Polivalente como poucos no plantel encarnado, Katsouranis pode alinhar em qualquer posição do meio-campo e até a central. Na última temporada, marcou oito golos - em todas as competições disputadas. Esta época ainda só fez o gosto ao pé numa ocasião. O que é que se passa? É simples. Na última temporada, joguei quase todos os jogos e, como médio, estava mais próximo da baliza. Este ano, tenho jogado algumas vezes como defesa-central, portanto estou mais longe da baliza… adversária. No entanto, ainda estamos no início e, claro, desejo melhorar muito os meus desempenhos. Quando digo isto, não me refiro apenas a marcar golos, mas a todos os aspectos técnicos e tácticos. O único golo que marcou garantiu a passagem à fase de grupos da Liga dos Campeões. Esse lance fez correr muita tinta, pois pareceu ter sido elaborado "em casa". Como é que se explica aquela construção perfeita? [sorriso] É um lance normal. Não foi um lance de laboratório, como costumam dizer. Não foi uma jogada estudada. O que tornou o lance perfeito foi o passe do Rui Costa, foi ele que colocou muito bem a bola na cabeça do Cardozo, este assistiu o Nuno, e eu limitei-me a empurrar a bola para o fundo das redes. Nada mais. Garanto que não tínhamos combinado aquela jogada, foi tudo espontâneo. É verdade que muitas vezes, nos treinos, trabalhamos determinados lances, mas este golo contra o FC Copenhaga nem foi um desses casos. É um polivalente. No meio-campo, já actuou em quase todas as posições e também é defesa-central. Onde é que se sente mais à vontade? Posso jogar em qualquer posição, sem quebras de rendimento. Adapto-me facilmente. Sinceramente, não tenho preferência, jogo onde o treinador considerar que sou mais útil para a equipa. "Portugal vai qualificar-se" A Grécia carimbou esta semana o passaporte para a fase final do Campeonato da Europa de 2008 vencendo na Turquia. Katsouranis não fez parte das opções do treinador, por castigo, mas o internacional grego não escondeu a sua satisfação por ter atingido uma meta importante, algo que considera irá acontecer com a selecção portuguesa. "A Grécia já está apurada, claro [risos], e creio que Portugal também vai garantir a presença no Europeu do ano que vem", comentou. De acordo com o médio, a Selecção Nacional teve um bom comportamento nos dois jogos que realizou, e irá acompanhar a Grécia, de má memória para os portugueses, na competição mais importante do calendário europeu. "Portugal tinha dois testes muito importantes e conseguiu passar com distinção. Por isso, julgo que estará também na fase final do Campeonato da Europa em 2008. Aliás, como a Grécia, que, depois de vencer a Turquia, segue em frente. Esse era o nosso grande objectivo e foi atingido rapidamente. Portugal tem muito boa equipa e será bom que esteja presente." Katsouranis observou atentamente a partida que a sua selecção realizou e não tem dúvidas em afirmar que o ex-benfiquista Karagounis está a atravessar um grande momento de forma. "O Karagounis também tem estado bem ao nível da selecção. Está a atravessar um bom momento de forma, é um grande jogar. Está óptimo!" - disse, a finalizar. "Eu, 'sex symbol'? Deve ser um erro" Katsouranis não gosta de se expor, aliás como o próprio afirma durante a entrevista a O JOGO. A mudança para Portugal não significou uma alteração profunda nos seus hábitos, até porque as pessoas mais importantes da sua vida (mulher e filho) também estão no nosso país. "Katso", como é tratado pelos companheiros de equipa, não é um admirador da velocidade, mas faz uso deste argumento para se manter longe dos holofotes. Nem revistas nem jornais, do que o internacional grego gosta mesmo é de estar perto da família e desfrutar os poucos momentos que tem com esta. Como é que um cidadão grego se adaptou tão rapidamente a Portugal? É muito fácil, porque estamos em presença de dois países muito parecidos. O clima é parecido, e a comida portuguesa é muito boa, tal como a grega, mas, nesta questão da adaptação, o importante não é a nacionalidade, mas sim a mentalidade. Como é que explica que alguns dos jogadores gregos que passaram pelo Benfica, como, por exemplo, Machairidis, não tenham vingado? É uma questão de mentalidade. Se trabalharem bem e forem importantes para a equipa, tudo se torna mais fácil. Mas, mesmo assim, as saudades vão apertando? No meu caso, tenho aquilo que é mais importante para mim a meu lado: a minha mulher e o meu filho. Os amigos, vou vendo quando jogo pela selecção. Percebe-se que tem uma preocupação com o que veste. É vaidoso? Não, mas é óbvio que tenho preocupações com o que visto. Não é nada obsessivo. Estilistas? Gosto de vários, não tenho um em particular. É considerado um símbolo sexual. Há até um sítio oficial dos seus fãs. Convive bem com esta situação? Deve haver algum erro… nessa análise. Nem sabia que tinha um sítio feito por fãs. Provavelmente, serão adeptos do AEK ou ainda da fase em que ganhámos o Europeu. Deve ser uma coisa de miúdas. Não gosto deste tipo de coisas nem de aparecer nas revistas. Não sou um "sex symbol". "Léo dura, dura, dura…" O JOGO lançou o desafio ao médio benfiquista, e este aceitou o repto, analisando onze dos seus companheiros. Katsouranis coloca Luisão num patamar superior, destaca Léo como o melhor da última temporada e, por isso mesmo, apela para a sua renovação de contrato. Mais, o internacional grego garante que Nuno Gomes é mais forte com outro avançado a seu lado e que Cardozo precisa de tempo. Quanto a Rui Costa, "nem é preciso falar". Quim "Quanto mais joga, mais confiante fica. Esta temporada, tem estado muito bem. Julgo que está a chegar a um patamar muito elevado" Nélson "Tem talento. É um jogador muito veloz e tem ainda uma enorme margem de progressão, porque é ainda muito jovem. No entanto, terá de melhorar em termos de mentalidade" Luisão "É um jogador muito importante para a equipa. As suas ausências são sempre muito notadas. Na última temporada, esteve muito tempo de fora, e a equipa ressentiu-se" David Luiz "Igual ao Nélson" Léo "Foi o melhor jogador do Benfica na última temporada. Muito constante. Léo dura, dura, dura… Renovem já com ele!" Petit "É fácil jogar a seu lado. É um jogador muito experiente e transmite essa mais valia à equipa. É igual ao Luisão" Rui Costa "Dispensa apresentações, nem é preciso falarmos sobre ele. A sua carreira diz tudo" Di Maria "É um jogador tecnicamente evoluído, mas terá de aprender a passar a bola no momento certo. Além disso, necessita de se movimentar melhor, quando não tem a bola nos pés" Rodríguez "Trata-se de um bom jogador. Tem dado boas indicações e ajudado muito a equipa" Nuno Gomes "Rende mais com outro avançado a seu lado do que se estiver sozinho. É mais fácil para ele, e os resultados são melhores. Beneficia muito com a presença de um colega no ataque" Cardozo "É novo e precisa de tempo para se adaptar. Espero que nos ajude" "Prefiro o anonimato" É sabido que tem preocupações sociais e que procura igualmente ajudar os mais desfavorecidos... [interrompe] Tenho obviamente preocupações dessa natureza, mas prefiro manter o anonimato. Ajudo algumas instituições de carácter social, mas prefiro manter alguma discrição. É esta a minha forma de estar na vida, e não abdico dela. "Vou treinar jovens" Quando acabar a carreira, o que pretende fazer? Tenho o 12.º ano. É certo que vou continuar no futebol, mas não como treinador principal de uma equipa profissional. É isso o que penso agora, e acho que não vou mudar. Estou convicto de que irei ficar ligado ao futebol, mas certamente não como treinador. Na melhor das hipóteses, se calhar irei treinar as camadas jovens. "Euro' 2004 foi marcante" Quais foram os momentos mais marcantes da sua carreira? O título europeu em 2004 assume naturalmente um lugar de destaque, foi o momento mais marcante na minha vida, mas, em geral, os objectivos que tinha traçado em miúdo foram largamente atingidos com o meu trabalho, embora não tenha ganho títulos a nível de clubes. "Serve para limpar o suor" Durante os jogos, o punho elástico preto no braço esquerdo destaca-se. Katsouranis garante que não há nenhuma superstição por trás disso nem tão-pouco vaidade. O médio sublinha mesmo que o adereço se torna muito importante durante um desafio, pois ajuda a resolver situações incómodas rapidamente... Há muitos anos que Katsouranis utiliza o punho e garante que irá mantê-lo. "É apenas um hábito que ficou e que serve, sobretudo, para limpar o suor durante o desafio. Não há outro motivo para utilizar esse adereço. Dá muito jeito durante os jogos", explicou o camisola 8 do emblema da Luz, sem conseguir esconder um sorriso. Começou como avançado O gosto pelo futebol corria-lhe nas veias e desde muito cedo começou a dar pontapés na bola. O seu pai, Vasilis, transmitiu-lhe todos os ensinamentos, ou não fosse ele próprio, também, jogador de futebol. Aliás, o progenitor foi mesmo o seu primeiro treinador no modesto Doxa Xalandritsas, um clube que já não existe. Quando começou a jogar futebol, Katsouranis era avançado e só mais tarde, com 17 anos, ao serviço do Panachaiki, foi adaptado a médio-defensivo, pela mão de Takis Kiriakopoulos. A alteração funcionou tão bem que acabaria por conquistar o troféu de melhor marcador da liga grega, com 26 golos, em 2002/03, já com a camisola do AEK.