Benfica: Ano Zero ou Ano Menos Um?

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BENFICA: ANO ZERO OU ANO MENOS UM? António Tadeia A movimentação que se está a viver no Estádio da Luz, com entradas e saídas de jogadores para construir um plantel mais à imagem do novo treinador, mostra que os responsáveis do clube fizeram mal o seu trabalho durante o Verão. Por isso, com a equipa já a dez pontos do FC Porto e com escassíssimas - para não dizer nulas - hipóteses de ser campeã, Janeiro será um mês fundamental para o Benfica. Camacho tem razão em dizer que o mercado de Inverno é muito difícil, mas como tudo foi tão mal planificado no Verão é nele que o clube tem de apostar: não para soluções de contingência - que não há objectivos fundamentais a conquistar no imediato - mas sobretudo para a consolidação do grupo com que vai atacar o próximo campeonato. No início da época, apesar das declarações de confiança cega no potencial da equipa, a entrada de uma série de jogadores sul-americanos, a necessitarem do habitual período de adaptação, somada à mudança radical que se fez no plantel, deixava à vista de quem quisesse ver que este seria um ano de transição, uma espécie de ano zero no ataque aos títulos. A tardia chegada de uma série de jogadores também evidenciava outra questão: a cabeça de Fernando Santos seria sacrificável ao primeiro revés. Assim sucedeu. E o Benfica deu início logo em Setembro a um processo de reconstrução. Com alguns equívocos pelo caminho, é certo: o desprezo pelos jogos da Taça da Liga, aos quais Camacho chamou sobretudo segundas figuras, deitando para o lixo uma oportunidade de ganhar um troféu é disso exemplo, como o é a contínua aposta em Rui Costa para um papel que não lhe serve (o de segundo avançado), que pode ter tido um final abrupto e menos pacífico do que o desejável com a substituição ao intervalo do desafio com o E. Amadora. De qualquer modo, Camacho já teve mais de três meses para ver quem lhe convém e quem não lhe serve. Agora, precisa sobretudo de ter ideias claras e arrumadas e falar a uma só voz com os decisores e os operacionais da administração. Terá seguramente partido dele a indicação para não passar de um determinado valor na renovação de Léo, por exemplo. Apesar de o brasileiro estar regularmente entre os melhores da equipa e de ser mais barato que as muitas opções à disposição no mercado, não é muito alto (1,69 m), o que ganha cada vez mais importância num lateral. Se de cima lhe dizem que há dinheiro para melhor, então que venha melhor. Nesse contexto, o que não se percebeu muito bem foi o que foi Luís Filipe Vieira fazer ao México. Do Cruz Azul dizem que o Benfica não chegou sequer a fazer uma proposta por Delgado, que houve apenas uma visita de cortesia. Mas ou o presidente do Benfica tem uma surpresa na manga ou então conclui-se que não tem melhor a fazer com o tempo disponível: porque se era só para saber o preço e recuar bastava telefonar.