Benfica 1-1 Porto: Temos campeonato...

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A confiança dos adeptos era grande, o ambiente de estádio cheio era demolidor e as prestações em casa desta época – apenas uma derrota com o poderosíssimo Manchester United – davam ideia que seria muito difícil o Benfica não entrar na 24ª jornada na liderança, depois de uma recuperação de 10 pontos em 10 jogos. Mas num mau jogo de futebol, o Benfica perdeu a oportunidade de se adiantar no topo da Liga. O resultado acaba por ser justo em virtude de uma péssima 1ª parte do Benfica e de uma péssima 2ª parte do FC Porto. Mesmo assim houve melhor prestação do Benfica no 2º tempo do que aquela rubricada pelo adversário no período anterior ao intervalo. Portanto, a haver um real vencedor, só poderia ser a equipa da casa.

A semana foi preocupante em termos de desgaste dos atletas internacionais e face ao pouco tempo de treino de conjunto não houve, e bem, grandes alterações na equipa inicial. Fernando Santos terá escolhido o 11 mais forte que é possível apresentar, com a fundamental ausência de Luisão. E o #4 faz tanta falta neste Benfica 2006/07!
Sendo assim, surgiu o natural 4-4-2 losango com a escolha óbvia de um recuperado Quim para baliza, Léo e Nélson como laterais, sendo David Luiz e Anderson a dupla de centrais. No meio campo surgiu Petit como homem mais recuado, Katsouranis regressou de castigo e apresentou-se como interior-direito, Karagounis como interior-esquerdo e Simão no apoio aos avançados Nuno Gomes e Fabrizio Miccoli
No banco despontava grande poder de fogo, com Derlei, Mantorras e fundamentalmente, Rui Costa.

Dar de Avanço, Mais uma Vez

São já vários os jogos em que o Benfica não se apresenta homogéneo durante toda a partida, e mais uma vez a equipa protagonizou uma 1ª parte simplesmente má. Aliás, muito má, mesmo! A entrada do FC Porto foi personalizada e, aproveitando-se de um inexplicável temor, apatia e nervosismo do Benfica, conseguiu controlar o jogo durante 45 minutos. É possível que o desgaste da equipa durante esta época tenha contribuído para o surgimento de inúmeras dificuldades em assentar o seu jogo, e aí Fernando Santos tem todas as responsabilidades pelo facto de ainda não ter conseguido fazer uma gestão do plantel minimamente aceitável.

Os visitantes foram mais fortes, dominaram e construíram 2 lances de golo eminente onde se poderiam ter adiantado no marcador. Quim, de forma brilhante, evitou o golo de Adriano nessas duas situações mas acaba por ser mal batido na 3ª grande oportunidade de golo do FC Porto. É um lance de bola parada, aos 41 minutos, onde Anderson falha a marcação de forma clamorosa e deixa Pepe completamente sozinho e livre para cabecear. Precisamente o mesmo Pepe que, durante a semana, viu perdoado um sumaríssimo por entrada duríssima sobre Yannick Djaló, na anterior jornada. São situações destas que acabam por ser decisivas num Campeonato!

Durante toda essa primeira parte, há apenas 3 lances do Benfica que podem ter algum realce. Duas jogadas individuais de Miccoli e Nelson, que fintam 2 adversários mas não dão seguimento adequado, e um livre de Petit que não dá golo, na recarga, por alguns centímetros. Muito pouco para quem queria vencer e liderar a Liga. Exigia-se nova atitude e, talvez, até uma mudança na constituição da equipa.

Despertar com o 10

Na segunda parte tudo mudou, e a entrada em campo de Rui Costa assume importância vital para que tal suceda. O #10 ainda é um jogador fenomenal e conseguiu acrescentar fluidez e acerto de passe à equipa. Precisamente aquilo que era necessário, principalmente porque Katsouranis foi uma peça a menos já que esteve completamente ausente da partida devido a uma deplorável condição física.
Assim, o Benfica passou a controlar os acontecimentos conseguindo aproveitar de forma evidente o acanhamento do FC Porto. É certo que o atabalhoamento foi a nota dominante nos minutos iniciais – e quando se viu que o golo não aparecia o nervosismo começou a imperar nos adeptos e na própria equipa –, mas há que dizer que o futebol foi agradável e até pode haver um pequeno sentimento de injustiça pelo facto de só ter entrado um golo na baliza de Hélton.

Hélton e Pepe foram, mesmo, os principais responsáveis por manter inviolável a baliza do FC Porto. O guarda-redes internacional brasileiro fez defesas de alto nível a remates de Nuno Gomes aos 48 minutos, de Miccoli aos 55 minutos. É precisamente o italiano que falha dois golos perto da marca de penalty, quando tinha tudo para rematar forte e colocado. Um saiu reflectido e o outro nem chegou a existir porque o pontapé saiu na atmosfera. Já próximo do fim, surge o golo do Benfica num lance onde a felicidade bateu às portas de quem a procurou durante tanto tempo. O livre é de Simão, David Luiz mete a bola no poste e, perante um Hélton passivo, é Lucho que a coloca na própria baliza. 1-1, com 7 minutos para os 90. Tudo em aberto, portanto!

O massacre acentuou-se ainda mais com a tardia alteração processada por Fernando Santos e só um Hélton inspirado impediu a derrota do FC Porto, tal como já tinha acontecido no Dragão. Foram 2 lances de grande espectáculo, protagonizados por Mantorras num soberbo cabeceamento e por Derlei numa espantosa bicicleta, que infelizmente o keeper sacudiu e o jogo terminaria com Rentería a ter a oportunidade de colocar no marcador uma grande injustiça.
Terminou tudo empatado e mantém-se tudo na mesma na tabela. Com este resultado o título continua em aberto e, apesar do índice de esperança ter baixado consideravelmente, há mais 7 confrontos decisivos onde é obrigatório ganhar. Se o Benfica vencer todos os restantes jogos, há uma clara possibilidade de ser Campeão Nacional.

Esperamos para ver se a Liga tem coragem de fazer cumprir os regulamentos internos, e da própria UEFA, e interdita o Estádio do Dragão – relembrar que o Feyenoord foi afastado da Taça UEFA como consequência de comportamentos hostis por parte de uma das suas claques. Será inadmissível nada ser feito perante tamanha violência protagonizada pelos adeptos do FC Porto, com algumas pessoas feridas a serem evacuadas e pais com crianças a abandonarem o recinto.

Crónica de: Pedro Neto

Ficha de Jogo:

23ª Jornada da Liga BWin

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Pedro Proença (Lisboa)

SL BENFICA – Quim; Nélson, David Luiz, Anderson e Léo; Petit; Katsouranis (Rui Costa, ao int.), Simão e Karagounis; Fabrizio Miccoli (Mantorras, 85 m) e Nuno Gomes (Derlei, 70 m).

FC PORTO – Helton; Bosingwa, Pepe, Bruno Alves e Jorge Fucile; Paulo Assunção; Lucho Gonzalez, Raul Meireles (Marek Cech, 60 m) e Jorginho (Wason Renteria, 74 m); Ricardo Quaresma (Anderson, 90 m) e Adriano.

Disciplina: Amarelos a Bruno Alves (3 m), Jorginho (37 m), Petit (53 m), Raul Meireles (58 m), Lucho Gonzalez (60 m), Karagounis (85 m), Quaresma (87 m) e Marek Cech (90+4 m).

Golos: 0-1, Pepe (41 m); 1-1, Lucho Gonzalez (83 m, na p.b.).

Melhor em Campo: Apesar de David Luiz ter feito mais uma grande exibição – pecando, apesar de tudo, no recorrente jogo faltoso na disputa aérea – Karagounis assumiu-se como o melhor jogador do Benfica. Muita classe do grego, que na primeira parte terá sido dos poucos a ter o discernimento para tentar fazer subir o Benfica no terreno. Susteve o nível no 2º tempo, mantendo-se sempre presente no desenvolvimento ofensivo. Rematou com perigo, ganhou várias faltas naquele seu jeito exímio de esconder a bola e, após lance individual brilhante, colocou a bola na cabeça de Mantorras para uma finalização de grande espectáculo. Karagounis está a fazer uma grande época, tem sido fundamental na equipa.