Árbitro protegido pela lei

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www.abola.pt
Árbitro protegido pela lei Tiago foi expulso frente ao Belenenses por ter violado a Lei IV das Leis do Futebol, que só permite a reentrada em campo de um jogador que teve de regularizar a situação do equipamento que enverga quando o jogo estiver interrompido. As imagens televisivas indiciam que o 4.º árbitro, André Gralha, deu indicação a Tiago para reentrar. André Gralha disse ao árbitro, Elmano Santos, que não. E mesmo que o 4.º árbitro se tivesse precipitado, Elmano Santos tinha de cumprir a Lei, sob pena de cometer um erro técnico e dar razões ao Belenenses para protestar o jogo. Por volta do minuto 80, Tiago recebeu ordem do árbitro Elmano Santos para abandonar o relvado, a fim de trocar de camisola, já que a que envergava no momento se rasgara. Tiago saiu, mudou de equipamento e colocou-se junto à linha lateral, à espera da autorização para reentrar no relvado. As imagens televisivas indiciam que o 4.º árbitro, André Gralha, deu autorização ao jogador para reentrar em campo. Primeiro acenou com a cabeça para Elmano Santos, depois levantou o polegar e finalmente deu um pequeno toque no braço de Tiago. Domingos Vilaça, um dos árbitros assistentes, agiu no espaço de décimas de segundo, tomando a iniciativa de alertar para a situação. Nem seria preciso, já que Elmano Santos tinha a sua decisão tomada: mostrar cartão amarelo ao jogador, o segundo, e consequente vermelho. Só com jogo interrompido A Lei IV das Leis do Futebol, que se debruça sobre «O Equipamento dos Jogadores», é clara: quando abandona o relvado para regularizar o equipamento, como foi o caso, «o jogador só pode regressar ao campo com autorização do árbitro (após este ou um dos fiscais de linha se certificarem de que o equipamento já está em ordem) e numa interrupção de jogo». E será advertido se infringir a Lei. Foi o que aconteceu: Tiago entrou em campo com o jogo a decorrer, pelo que, apara além da advertência, cabia ao árbitro, como aconteceu, marcar livre indirecto a favor do Belenenses. O mesmo não se passa quando um jogador abandona o relvado para ser assistido, devido a lesão. Neste caso, basta a autorização do árbitro, podendo entrar com o jogo a decorrer. Acreditamos que desta diferença resultaram algumas confusões. Gralha falou com Elmano Quando o árbitro se preparava para mostrar mais um cartão amarelo a Tiago, o jogador, acompanhado por vários colegas, avisou Elmano Santos que tinha sido autorizado por André Gralha. O próprio árbitro terá hesitado e, face às queixas, decidiu falar com o 4.º árbitro. A BOLA sabe que André Gralha comunicou ao chefe de equipa que o sinal com o polegar era somente para lhe dizer que o equipamento do jogador já estava regularizado e que o toque que lhe deu no braço não era para o empurrar para dentro de campo, antes para o segurar. Não nos cabe colocar em causa a honorabilidade de André Gralha, longe disso, apenas reconhecer que as imagens televisivas, repetidas vezes sem conta, se prestam a uma interpretação oposta e possíveis mal entendidos. Riscos de erro técnico Admitindo por cenário que o 4.º árbitro se tivesse precipitado e dado autorização a Tiago para reentrar no jogo, pouco mudaria. Em primeiro lugar, a decisão soberana pertencia a Elmano Santos, que interpretou os gestos de André Gralha como um sinal de que o jogador estava correctamente equipado. Em segundo lugar, em caso algum Elmano Santos poderia ter autorizado a entrada de Tiago com o jogo a decorrer, sob pena de violar a Lei IV, cometer um erro técnico e dar ao Belenenses um pretexto para protestar o jogo e obrigar à repetição do mesmo. Por isso, assinalou também o correspondente livre indirecto. O juiz agiu segundo a Lei.