BENFICA GANHA A TAÇA DE PORTUGAL

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Fonte
A Bola
Oito anos depois o Benfica conquista a Taça de Portugal em futebol. Na empolgante e «quente» final disputada na tarde deste domingo no superlotado Estádio Nacional, os «encarnados» deram finalmente à sua enorme massa associativa uma alegria que há muito tardava. José António Camacho poderá sair da Luz pela porta grande. O espectáculo foi vibrante e embora a qualidade do futebol praticado não tivesse atingido o nível desejado tanto mais que neste momento Benfica e FC Porto são as duas melhores equipas do futebol português, a verdade é que a incerteza do resultado «prendeu» os cerca de 37.000 espectadores que acorreram ao Vale do Jamor, o sempre belo e histórico Estádio Nacional. A 46.ª edição da prova-rainha do futebol luso vai para as vitrinas da Luz. Com justiça? A velha máxima do futebol continua a dizer-nos que ganha quem marca e, nessa perspectiva, não seremos nós a beliscar esta vitória alcançada pela equipa do Benfica. FC Porto sofre grande pressão Esta final, que «meteu» horas extraordinárias, tem longa histórica para ser contada no seu local próprio. Num resumo, podemos dizer que o Benfica teve uma entrada fulgurante neste emotivo encontro, e durante a primeira vintena de minutos conseguiu fazer aquilo que muitas formações nacionais e estrangeiras não lograram alcançar: os lisboetas colocaram a nu as carências que os bicampeões nacionais e finalistas da Liga dos Campeões têm vindo a exibir nos mais diversos cenários. De facto os nortenhos tremeram como varas verdes nos primeiros vinte minutos, foram notórias as dificuldades de marcação quer por parte de Jorge Costa quer do jovem Ricardo Carvalho, enquanto no «miolo» do relvado faltava lucidez e clarividência a elementos fundamentais que tanto têm contribuído para todo o somatório de sucessos que o FC Porto tem vindo a registar nos últimos meses. Costinha e Maniche não acertavam, Deco eclipsou-se e Pedro Mendes ia fazendo o que podia. Isto enquanto na frente de ataque McCarthy (especialmente este) e também Derlei estavam ausentes. Nesse período o Benfica bem poderia ter-se adiantado no marcador já que Nuno Gomes atirou ao poste esquerdo da baliza de Nuno, aos 14 minutos, e depois Sokota desperdiçava uma clara ocasião para marcar. Mas o FC Porto, como grande equipa que continua a ser, depressa acordou e muito embora nunca tenha atingido a bitola a que nos habituou, colocou ordem nos acontecimentos, equilibrou o jogo e foi até ao final dos 45 minutos a equipa mais ofensiva, desfrutando também ela de uma oportunidade flagrante num lance em que Derlei, aos 32 minutos, fez a bola bater no poste. Deco tomava entretanto as rédeas do jogo e, com essa situação, ganhava no seu todo a formação nortenha aproximando-se um pouco do estilo que vem impondo no seu futebol: apoiado, veloz e prático. O intervalo chegou com os portistas em vantagem no marcador, por 1-0, um golo de Derlei, apontado em cima dos 45 minutos, num lance em que o avançado brasileiro teve o mérito de se encontrar no sítio certo para chegar ao golo. Na cobrança de um livre de longa distância por Deco, – aí a uns trinta metros -, o guardião Moreira não conseguiu segurar a bola, defendeu para a frente, e Derlei, sem que qualquer defesa benfiquista acorresse em auxílio ao seu guarda-redes, limitou-se, na cara de Moreira, a atirar para o fundo das redes. Quezílias a mais e futebol a menos na 2.ª parte Na segunda parte o espectáculo foi bem mais pobre. O FC Porto começou por se preocupar mais em não deixar jogar o Benfica do que propriamente em construir lances ofensivos. O equilíbrio era a nota dominante, as quezílias surgiam e sucederam-se, com o árbitro a passar por evidentes dificuldades, mas o golo do empate, aos 57 minutos, voltou a provocar uma grande e visível tensão quer nas bancadas quer dentro das quatro linhas. Num dos melhores lances da partida, a envolver três jogadores benfiquistas, acabou por ser defesa o lateral-esquerdo grego Fyssas a bater Nuno, com um remate com o pé esquerdo dentro da pequena área a fazer o esférico subir e entrar bem junto ao travessão. Emoção a rodos no Jamor e muitos nervos à flor da pele. O FC Porto perdeu o seu capitão Jorge Costa aos 70 minutos por ter visto o segundo amarelo e consequente vermelho, por agressão a Nuno Gomes e o árbitro Lucílio Baptista via-se em «palpos de aranha» para discernir as entradas viris das violentas. Benfica dominado contra 10 Os noventa minutos chegavam com o 1-1 a manter-se, desfecho que havia de originar um prolongamento de meia hora. Foi neste período que Camacho complementou o seu temor em perder o jogo, o que já vinha a ser exibido desde a expulsão de Jorge Costa. O técnico espanhol mantinha a estrutura defensiva, apesar do Porto se encontrar em desvantagem numérica. Mesmo assim, manteve-se o FC Porto como equipa mais afoita no ataque, à procura do golo que havia de sofrer já no período do prolongamento de meia hora, aos 104 minutos. Um golo com responsabilidades para o guardião Nuno que deixou a sua baliza, correu para o lado esquerdo onde Zahovic estava na posse da bola, «lutou» no chão pela sua posse mas o avançado levou a melhor, fez o cruzamento, o esférico sobrevoou toda a área para Simão, de cabeça, atirar para o fundo das malhas. Era o 2-1 final. A «Taça» ia para o Benfica.