Camacho fala sobre o resto da Superliga

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Fonte
A Bola
Disputa-se hoje a primeira de dez finais que o Benfica terá pela frente para garantir os seus objectivos. Camacho sabe que o Benfica apenas depende dos seus resultados para garantir a presença no acesso à Liga dos Campeões e encara os próximos jogos como fundamentais para o futuro do clube. Vai exigir o máximo aos seus jogadores e não espera outro tipo de resposta que não seja a entrega total durante os 90 minutos. Frontal! José Antonio Camacho não é homem de meias palavras nem de mandar recados por terceiros. Diz aquilo que tem a dizer, passa a mensagem com clareza e com uma simplicidade impressionante. Enfrenta todas as questões dos jornalistas e transmite sem receios aquilo que pensa e aquilo que quer que os seus jogadores efectuem dentro das quatro linhas. O futebol é um jogo de processos simples, é essa a imagem que o treinador transmite. A dez jornadas para o culminar da SuperLiga, e com o Sporting colado a apenas dois pontos, Camacho sabe que cada jogo funciona como uma verdadeira final. As dez finais O jogo com o F. C. Porto «já faz parte da história», avisa o treinador sem pestanejar. Interessa agora olhar para a frente e pensar jogo-a-jogo. É esta a mensagem que quer que os seus atletas assimilem. E que joguem como se de uma final da Liga dos Campeões se tratasse. «A derrota com o F. C. Porto está mais do que recuperada. Tivemos muito tempo para preparar o próximo jogo, estamos por isso prontos para jogar o jogo mais importante para o futuro do Benfica. Os jogadores têm de saber que há dez jogos e que agora esta é a primeira final. O futuro do Benfica está sempre no próximo jogo. O objectivo da equipa é ir para o campo e colocar em prática o futebol que sabe jogar. Tem sido sempre assim, menos no jogo com o F. C. Porto, por isso perdemos. Mas, repito, esse jogo já é história. Não podemos dramatizar uma derrota nem festejar excessivamente uma vitória. Cada jogo é um jogo, cada três pontos são importantes para o futuro.» A adaptação de Armando Com Ricardo Rocha castigado (foi expulso no encontro com o F. C. Porto), Armando terá a oportunidade de regressar à titularidade... só que na ala oposta àquela a que está mais rotinado. Um problema que Camacho diz... não ser problema. «Armando não está adaptado ao lado esquerdo? Pois que se adapte. Ele não tem actuado muito e agora tem essa oportunidade, só tem de jogar. Os jogadores apenas têm que ter uma coisa na cabeça que é mostrar que querem jogar, que querem ser úteis à equipa. A única coisa que posso entender é a finalização de uma jogada: na hora de centrar é natural que seja mais difícil porque não está habituado a cruzar com o pé esquerdo como o faz com o direito. Mas a defender, tanto faz estar na direita ou na esquerda. O importante é ter garra. Tiago Carvalhinho é lateral esquerdo de raiz, mas Armando tem mais experiência, uma vez que Tiago está a treinar connosco há pouco tempo e há que levar isso em linha de conta.» A pressão do Sporting Com o Sporting ali tão perto, Camacho avisa que é fundamental que o Benfica apenas pense nos seus jogos. E desvaloriza o facto que a turma de Alvalade ter sido eliminada da Taça pela Naval. «A eliminação do Sporting não nos beneficia em nada... nós até já nem estávamos na Taça. Trata-se de um problema deles. Nós só queremos ganhar os nossos jogos. Se vencermos todas as partidas que temos para disputar, iremos depender apenas de nós. O Sporting agora também só tem os mesmos jogos que nós, tem uma grande equipa, mas digo que apenas dependemos de nó. A Académica O treinador da equipa da Luz sabe que a formação de Coimbra tem o seu ponto forte no meio-campo. A receita passa, por isso, por ter a posse de bola o maior número de minutos possível. «A Académica tem a vantagem de jogar no seu campo e precisa de pontos, logo intensifica o seu jogo através da colocação de muita gente no meio-campo. Pode-se mover um pouco mais ou um pouco menos, mas se sabemos que eles concentram o jogo no miolo temos de tirar de lá a bola o mais depressa possível... não podemos é perder tanto a bola. Futebol directo? Não, gosto de futebol continuado e não directo. Além do mais não temos jogadores grandes na frente (casos de Simão ou Geovanni) para esse tipo de jogo com passes muito longos.» Anti-«blackout» «A semana que antecedeu o jogo com o F. C. Porto foi uma vergonha. Os jogadores falaram todos os dias para os jornais e deu o resultado que deu. O vosso lugar é atrás das grades. Isto tem de acabar.» As palavras pertencem a António Simões, director geral da SAD, dirigindo-se aos jornalistas que na quinta-feira marcaram presença na Luz para efectuar a cobertura jornalística do dia dos encarnados. Camacho, habituado a lidar com uma Imprensa bastante mais agressiva como é a espanhola, tem uma visão distinta desta situação. «Os jogadores falaram demais antes do jogo com Porto? Não dei por isso. Acho que todos são grandes e crescidinhos para saber o que dizem. Na hora de jogar, quando se entra para o relvado, ninguém se lembra das entrevistas que deu. Não há problema que os jogadores falem sobre futebol, é a profissão deles... não pode é falar o mesmo todos os dias, pois fica sem reportório. Acho que é perfeitamente natural que eles queiram dar a sua opinião sobre determinado jogo.» Cidadão do Mundo É um dos temas do momento. A possível chamada de Deco à selecção portuguesa, agora que se nacionalizou, tem tido repercussões diversas na opinião pública portuguesa. Camacho já foi seleccionador de Espanha, interessava por isso ouvir a sua opinião. Não quis envolver-se demasiado no assunto, mas indirectamente deixou bem vincada a sua posição. «Esse é um tema que o seleccionador e a opinião pública é que têm de responder, cada um deve fazer aquilo que achar conveniente... mas quando se dá o passaporte de um país a um jogador ele pode, legalmente, jogar. Agora não estamos fechados dentro das fronteiras, somos todos comunitários. Sou um homem da comunidade europeia, já fui jogador, agora sou treinador e tanto posso estar aqui como em qualquer outro país... sou um cidadão do Mundo. Mas eu apenas respondo como treinador do Benfica, não abro nem fecho portas nessa matéria.»