Concretizou-se na lotaria dos penalties o sonho de Rui Costa

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AC Milan é o novo Campeão Europeu de clubes, o que equivale a dizer que o «nosso» Rui Costa viu concretizado o sonho que perseguia há já alguns anos: conquistar um grande troféu para enriquecer o seu palmarés. Depois de a partida ter terminado empatada a zero, após 120 minutos de jogo, foi necessário recorrer ao desempate através da marcação de grandes penalidades para encontrar o vencedor da edição deste ano da Liga dos Campeões. Com os guarda-redes em particular plano de evidencia na defesa dos remates da marca de 11 metros, somente cinco jogadores lograram transformar em golo as suas oportunidades. E coube a Shevchenko apontar o último. O golo que ditou Rui Costa como sucessor de Luís Figo na galeria de jogadores portugueses a erguer o troféu ao serviço de clubes estrangeiros. Foi um jogo pouco vistoso aquele a que os espectadores tiveram ocasião de assistir em Old Trafford, atendendo a que se tratava de uma final da Liga dos Campeões. Os temores daqueles que anteviam um encontro táctico, ao mais puro estilo italiano, confirmaram-se, e nem o sinal mais do AC Milan no início do encontro – e ao longo de toda a partida, embora sem predomínio acentuado – fez com que o cenário se alterasse. Apresentando-se a jogar num 4X3X1X2, cedo o Milan «pegou» no jogo, perante uma Juventus claramente mais expectante e fazendo do contra-ataque a sua principal arma para se aproximar das redes de Dida. Com Costacurta encostado à direita, Nesta e Maldini como centrais e Kaladze no flanco esquerdo, Carlo Ancelotti apostou na tradicional linha de três homens sobre o meio campo (Gattuso, Seedorf e Pirlo), atrás de Rui Costa, o jogador mais próximo da dupla ofensiva constituída por Inzaghi e Shevchenko. Com o português a assumir o papel de patrão da manobra ofensiva da equipa milanesa, a equipa de Ancelotti chegou, mesmo, ao golo logo aos oito minutos de jogo, por intermédio de Shevchenko, mas viu o lance invalidado pelo árbitro Markus Merk, por indicação do seu auxiliar, por considerar que o fora-de-jogo posicional de Rui Costa aquando do remate do ucraniano, teve interferência na jogada. Apesar desse contratempo, o Milan não desistiu e continuou a ganhar a luta do meio campo, pressionando a Juventus logo à saída da sua zona intermediária e aproximando-se com bastante frequência da área de Buffon. O guarda-redes da «vecchia signora» teve, inclusive, de puxar dos galões aos 16 minutos para impedir, com uma excelente defesa, que Inzaghi inaugurasse o activo. A partir desse lance, e perante a maior acutilância apresentada pelo Milan, a Juventus passou a impôr um ritmo mais pausado à partida. A ausência de Nedved, «pivot» essencial na equipa de Lippi ao longo da temporada, fez-se notar em demasia, nomeadamente na primeira fase do encontro. Com uma linha defensiva constituída por Thuram, Ferrara, Tudor e Montero, e o meio campo composto por Davids, Tacchinardi, Camoranesi e Zambrota, foram por de mais evidentes as dificuldades da equipa de Turim em fazer chegar a bola aos seus homens mais avançados: Del Piero e Trezeguet. Era, por isso, frequente ver estes dois jogadores em linhas mais recuadas, à procura da bola, de forma a que pudessem transportá-la para o ataque. A opção passou, então, por tentar adormecer o jogo do Milan e a verdade é que a Juventus – perita nesta forma de jogar – começou aos poucos a equilibrar as operações. Ainda assim, pertenceu a Rui Costa, aos 27 minutos de jogo, nova ocasião de golo para o Milan, mas o remate do número 10 «rossonero» saiu ligeiramente ao lado do poste direito da baliza de Buffon. Só nos últimos minutos do primeiro tempo a Juventus logrou instalar-se no meio-campo do Milan, aproximando-se finalmente com perigo da baliza de Dida. Primeiro por intermédio de Del Piero que, aos 42 minutos, com um remate cruzado, obrigou o guarda-redes brasileiro a ceder pontapé de canto. Dois minutos de pois, Zambrotta tem uma boa investida pelo flanco esquerdo e cruza para a área, com a defensiva do Milan a ver-se em apuros perante as sucessivas tentativas de remate dos seus opositores. Estavam lançados os dados para uma segunda parte mais activa por parte da Juventus e a verdade é que logo no primeiro minuto do segundo tempo, a equipa de Turim poderia ter chegado ao golo. Lançado por Lippi ao intervalo para o lugar do desinspirado Camoranesi, Conte aproveitou um bom cabeceamento de Del Piero no flanco esquerdo para se elevar acima dos defensores milaneses e cabecear à barra da baliza do desamparado Dida. Com o encontro a decorrer numa toada pautada pelo equilíbrio e disputada em bom ritmo, as equipas pareceram finalmente «encaixar» uma na outra, razão pela qual os lances de perigo junto de ambas as balizas começaram a escassear, excepção feita a alguns lances de bola parada, resolvidos sem grandes problemas pelas defesas. Somente nos últimos quinze minutos voltaram a surgir ameaças às balizas de Dida e Buffon: primeiro num remate de meia distância de Conte, a concluir um contra-ataque com um «tiro» a passar por cima da barra da baliza milanesa; depois por intermédio de Inzaghi que, aos 77 minutos, e após bom cruzamento de Serginho, cabeceou a bola também ligeiramente por cima da barra de Buffon. Com o final da partida a aproximar-se a passos largos, o espectro do prolongamento fez com que se acentuasse a tendência para que as equipas arriscassem pouco. Com a Juventus, mais retraída, voltou a ser o Milan a equipa com sinal mais, embora não conseguisse traduzir essa tendência numa supremacia clara sobre o seu adversário. Já com o tempo a escoar para o final do encontro, Carlo Ancelotti resolveu retirar Rui Costa do terreno de jogo, fazendo entrar Ambrosini para o seu lugar, numa clara tentativa de refrescar a sua linha intermédia já a pensar no prolongamento. E muito pouco há a contar sobre o tempo suplementar. Para além de rapidamente se ter percebido que as equipas iriam arriscar pouco na procura do golo, Roque Júnior lesionou-se numa altura em que o Milan já não podia proceder a mais alterações. Apesar de continuar em campo, o brasileiro estava visivelmente incapacitado e a equipa «rossonera» fechou-se, então, no seu meio-campo, só saindo para o ataque «pela certa». A Juve, por seu lado, não conseguia aproveitar essa vantagem e raramente logrou causar qualquer tipo de desequilíbrios no sector ofensivo. É caso para dizer que, à medida que a partida foi decorrendo, a «italianização» do futebol praticado nesta final se foi acentuando. Razão pela qual a decisão através da marcação de grandes penalidades não apanhou, seguramente, ninguém de surpresa. Chegados a este ponto, naquilo a que se costuma designar como a «lotaria dos penalties», a sorte sorriu ao AC Milan. Dida e Buffon estiveram em «grande», mas a formação milanesa acabou por ter a sorte pelo seu lado, convertendo três penalties contra apenas dois por parte da Juventus. Um desenlace que acaba por conferir alguma justiça ao encontro se levarmos em linha de conta as incidências da partida, durante a qual o AC Milan foi o conjunto que procurou sempre de forma mais clara o golo. Com arbitragem do germânico Markus Merk, as equipas alinharam da seguinte forma: JUVENTUS – Buffon; Thuram, Ferrara, Montero e Tudor (Birindelli, 41m); Tacchinardi, Davids (Zalayeta, 64m), Camoranesi (Conte, 46m) e Zambrotta; Del Piero e Trezeguet. AC MILAN – Dida; Costacurta (Roque Júnior, 64m), Nesta, Maldini e Khaladze; Gattuso, Pirlo (Serginho, 70m), Seedorf e Rui Costa (Ambrosini, 86m); Inzaghi e Shevchenko. Marcador: 0-0 Disciplina: Cartão amarelo a Costacurta (17m), Tacchinardi (68m) e Del Piero (110m) Penalties: . Trezeguet falha . 0-1 Serginho . 1-1 Birindeli . Seedorf falha . Zalayeta falha . Khaladze falha . Montero falha . 1-2 Nesta . 2-2 Del Piero . 2-3 Shevchenko