Crónica do jogo

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Fonte
www.abola.pt
Gil Vicente-Benfica, 0-2: Simão faz-tudo armou o festival "Atacar bem é uma arte e Simão um artista de excepção. Foi um diabo à solta e o dinamizador de um desempenho fantástico dos encarnados, que deixaram um sério aviso à navegação na corrida à presença na Taça UEFA" UM IMPRESSIONANTE banho de bola. O Benfica fez o que quis contra o Gil Vicente e ainda lhe sobrou tempo para adornar o triunfo. Simão pintou a manta e, de ponta-de-lança de recurso de uma equipa desfalcada, passou num ápice a herói de uma exibição espectacular. Está dado o aviso à navegação na corrida à presença na Taça UEFA. Os encarnados recuperaram do desastre contra a U. Leiria, recolaram ao FC Porto e afirmaram a plenos pulmões que não se rendem. O despique promete. Sobretudo se Simão continuar a fazer das suas. Fazia lembrar um tufão, o pequeno génio encarnado. Recebia a bola, envolvia os adversários e obrigava a equipa a acompanhar os seus movimentos. Um dinamizador de luxo para um colectivo inspirado. Viveram-se momentos de magia, a maior das quais a simplicidade com que o estreito relvado do Adelino Ribeiro Novo se transformou numa avenida com tapete verde e sentido único: o da baliza de Paulo Jorge. Jesualdo Ferreira sorria no banco. Atacar bem é uma arte e o técnico benfiquista encontrou os ingredientes certos para minimizar a ausência do tal dianteiro de raiz. Simão pode não ter a potência de Mantorras ou o sentido de oportunidade de Jankauskas, mas colocou problemas insolúveis à defensiva gilista com a sua velocidade e tecnicismo. E atenção que não estamos a falar de uma equipa qualquer, mas sim de um Gil Vicente que sufocou o Boavista com uma exibição defensiva perfeita e pontuou contra o Sporting enredando Jardel numa teia da qual o brasileiro não conseguiu libertar-se. Não jogou foi muito futebol, e esse pormenor tornou-se de absoluta importância. Desta vez, a caixa-forte gilista foi arrombada com classe. Vítor Oliveira nem sequer facilitou na preparação de um encontro onde uma derrota era especialmente inconveniente. Contrariou as expectativas e deixou Lemos no banco, preferindo apostar em Ivo, o bem sucedido polícia de Jardel. Uma jogada que não resultou, mas a verdade é que dificilmente o técnico poderia encontrar no seu plantel quem conseguisse travar Simão numa noite simplesmente endiabrada. A primeira falta sobre o virtuoso benfiquista resultou logo no golo de Argel. A todos os outros predicados, o Benfica juntou bem cedo o da tranquilidade. Ainda para mais, o regresso de Fernando Aguiar ao meio-campo defensivo transmitiu uma consistência insuperável para os "galos" atordoados. Ricardo Fernandes levava com o luso-canadiano sempre que trabalhava para receber a bola, coisa que em si já não era fácil perante a inteligência de Tiago, que cortava as linhas de passe. Um cruzamento largo de Joca para cabeçada de Paulo Alves foi a única ocasião em que Moreira pôde arrancar alguns aplausos no primeiro tempo. Seria difícil imaginar uma estreia a titular mais calma para o promissor guardião. A diferença de andamento e atitude entre as equipas era quase escandalosa. Luís Loureiro foi o paradigma da impotência dos minhotos. Perdeu-se em campo e o técnico fez-lhe o favor de o substituir. Mas o mal do segundo golo já estava feito, novamente com Simão a deslumbrar e Drulovic a sair da bruma para marcar perante um atónito quarteto defensivo adversário. Até parecia demasiado fácil. O festival de mobilidade da dianteira encarnada regalou a vista, mas provocou um desgaste que rapidamente aconselhou a medidas de gestão adequadas. A oposição não ameaçava e a velocidade de cruzeiro acabou por tomar o lugar dos arranques desenfreados. A oposição era pouco ameaçadora, Ali e Manoel nada trouxeram de substancial ao jogo, e este apenas ganhou vida quando Vítor Oliveira se decidiu a lançar Sérgio Gameiro. Era tarde e a generosidade da última meia hora esbarrava no pragmatismo benfiquista. O apito final confirmou o regresso do fervor. Mesmo com um calendário difícil, Jesualdo Ferreira conquistou o direito a sonhar com um objectivo que pode saber a título. CARLOS XISTRA nada teve a ver com o árbitro inseguro de polémicas recentes. Muito próximo dos lances e sem erros importantes. Autor: VÍTOR PINTO Data: Domingo, 10 de Marco de 2002 01:00:00