Fonte
folha online
09/07/2004 - 14h56 (20h em portugal)
Pai de Diego critica diretor santista e descarta renegociar porcentagens
KLEBER TOMAZ
da Folha Online
O pai e procurador do meia Diego, Djair Cunha, disse nesta sexta-feira que o diretor de futebol do Santos, Francisco Lopes, "fugiu da escola" pelo fato de ele querer renegociar as porcentagens a que as partes --clube e empresário-- têm direito na possível transferência do jogador.
"O Francisco Lopes, infelizmente, não aprendeu a fazer contas. Ele não estudou os números de Pitágoras [criador do teorema batizado com seu nome] no colégio", disse Cunha, contrário a proposta do dirigente de mudar a cláusula contratual que atualmente prevê que o Santos e o procurador irão dividir pela metade o valor obtido com uma negociação. Diego, 19, foi revelado na Vila Belmiro e é profissional desde 2001.
"Eu não abro mão disso. Hoje é 50% [a que cada parte tem direito], e essa porcentagem não pode crescer. Está tudo no contrato e não pode ser mudado", disse Cunha, que afirmou ter se afastado das negociações com o Porto. "O Diego tem contrato para cumprir até julho de 2005. Depois de janeiro do próximo ano, ele já está liberado para assinar pré-contrato com outra equipe. A partir daí eu irei negociar."
O Porto, vencedor da Copa dos Campeões da Europa, está disposto a pagar € 12 milhões (pouco mais de R$ 44 milhões) para contar com Diego, que está com a seleção brasileira no Peru para a disputa da Copa América.
Diego só não assinou com o Porto por causa do imbróglio nas porcentagens a que cada parte tem direito pela negociação. O Santos não aceita receber € 6 milhões (50% do valor total) --o clube brasileiro fez uma contraproposta ao time português e quer levar € 10 milhões (83,3%). A diretoria santista ainda aguarda a resposta dos europeus.
O problema é que se o Santos receber o que quer, o pai de Diego teria de abrir mão de € 4milhões da sua parte. "Isso eu nunca vou fazer", afirmou Cunha.
Uma solução para resolver esse impasse, segundo interlocutores ligados ao time da Baixada Santista, seria forçar o Porto a pagar mais por Diego (€ 16 milhões) --proposta que provavelmente os portugueses descartariam.
"Não estou dificultando em nada a negociação", disse Cunha. "Só estou querendo manter o que está no papel."
Outro lado
Lopes, que havia dito que o Santos tem o direito de discutir uma porcentagem maior do que a prevista no contrato já que o clube foi o responsável pela projeção de Diego no futebol, minimizou as críticas do pai do atleta.
"Ele disse isso no calor da emoção. O Djair vê os interesses do Diego. É normal que ele tenha falado algo assim de mim", disse o diretor que afirmou que se o clube português não fechar com Diego, o Santos irá iniciar as negociações para prorrogar o contrato do meia por mais dois anos.
O Santos joga neste sábado o clássico contra o São Paulo. O time da Vila é o quarto colocado no Brasileiro, com 22 pontos.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/esporte/ult92u77692.shtml