Domingos Soares Oliveira: "O Benfica está ao nível dos melhores clubes europeus" (entrevista)

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O Jogo
Domingos Soares Oliveira: "O Benfica está ao nível dos melhores clubes europeus" A conquista do título nacional funciona como um impulso de, no mínimo, 15 milhões de euros para a recuperação financeira da SAD, mas a saúde da sociedade que gere o futebol já dava sinais tão claros de restabelecimento que a vitória na SuperLiga nem sequer estava... contabilizada, tal como avançou Domingos Soares Oliveira, administrador da Benfica, SAD, em entrevista a O JOGO. Com um caudal de receitas já expressivo a nível nacional, o próximo objectivo passa pela conquista da Europa - e esse é um desafio que os dirigentes querem vencer VÍTOR RODRIGUES O JOGO | Desde que os clubes optaram pelo modelo de gestão do futebol através de SAD, estas têm sempre apresentado saldo negativo. Qual é a situação actual da SAD do Benfica? DOMINGOS SOARES OLIVEIRA | A SAD apresenta resultados em Julho e nós tínhamos apontado para um objectivo que ainda passava por apresentar resultados negativos este ano, mas positivos já no próximo exercício. O objectivo vai ser cumprido e, provavelmente, ultrapassado. A perspectiva aponta para uma melhoria em relação às estimativas e, portanto, poderemos alcançar resultados positivos mais rapidamente do que tínhamos previsto P | A melhoria dos resultados correntes, acima das estimativas iniciais, tem reflexo imediato na capacidade de investimento da SAD no reforço do plantel? R | O próprio facto de termos sido campeões origina um aumento das receitas e, por consequência, uma capacidade de investimento distinta. Depois, existem várias situações que também têm influência directa, como o projecto do novo cartão de sócio, o impacto resultante do previsível aumento da média de assistências na próxima época e ainda a performance da equipa na Liga dos Campeões. Estamos à espera que esse acréscimo de receitas nos permita, por um lado, melhorar os nossos resultados e, por outro, desviar uma parte para novos investimentos. P | Todas essas variáveis somadas podem ser quantificadas em milhões de euros? R | A conquista do título - e restantes situações daí recorrentes - pode ser traduzida num número a rondar os 15 milhões de euros. Este é um valor estimado pelas assistências previsíveis aos jogos, entrada na Liga dos Campeões e algum efeito adicional do ponto de vista do novo cartão. No entanto, este montante pode ser aumentado se os resultados desportivos na competição europeia forem positivos, se o número de espectadores ultrapassar o que temos previsto, e ainda no caso de a meta dos 300 mil sócios ser atingida, como Luís Filipe Vieira tem apontado com insistência. Sendo assim, há uma série de efeitos multiplicadores que podem permitir que o valor dos 15 milhões seja rapidamente ultrapassado. E estamos sempre a fazer as contas sem a variável da venda de jogadores. "Evolução da SAD não dependia do título" P | O êxito desportivo alcançado na última época funciona então como uma importante mola impulsionadora para os resultados a apresentar pela SAD? R | A SAD tinha uma evolução prevista que não dependia de sermos campeões, e todas as metas traçadas para o exercício de 2004/05 e 2005/06, quando termina o mandato desta administração, não passavam por esse feito. Tendo sido campeões, isso permite-nos acelerar a recuperação financeira da SAD e, por outro lado, ter a possibilidade de proceder a um maior investimento no plantel. P | Concluídos com êxito todos os projectos em curso, é possível afirmar que o Benfica pode ser já equiparado a outros grandes emblemas europeus? R | Estamos a seguir um processo em que começamos a ter uma maximização de receitas que o Benfica pode gerar. Deste modo, a dinâmica que estamos a ter já posiciona o Benfica, do ponto de vista empresarial, noutra dimensão que não apenas a portuguesa. Com 200 mil sócios, seremos o maior clube a nível europeu - e não tenho dúvidas de que atingiremos esse número -, enquanto os 300 mil é uma boa admissão. A capacidade de geração de receitas do Benfica está ao nível dos melhores emblemas a nível europeu e a única diferença é que o que conseguimos gerar ao nível das receitas televisivas é diferente do que acontece, por exemplo, em Inglaterra, porque o mercado inglês tem uma capacidade interna maior e consegue gerir muito melhor o mercado asiático. Portanto, a nível interno, a casa está em vias de ficar arrumada; a nível externo, o passo a dar a partir de 2006/07 será o de uma expansão claramente internacional.