Empresario pedia favores a arbitros para ajudar Porto e leixoes.

Submitted by SLBBB on
Fonte
comercio do porto
O empresário António Araújo, que é suspeito de cinco crimes de corrupção desportiva activa, no processo "Apito Dourado", foi apanhado pelas escutas telefónicas da Polícia Judiciária a pedir favores ao árbitro Augusto Duarte, de Braga, para um jogo da equipa de juniores do Leixões, onde joga um filho daquele que tem contratado alguns craques para o Futebol Clube do Porto e outros clubes da SuperLiga. António Araújo soube já no primeiro trimestre deste ano que o próximo jogo de juniores do clube de Matosinhos seria apitado pelo árbitro Hernâni Duarte, o irmão do amigo Augusto Duarte, solicitando-lhe então a melhor atenção para o jogo em causa, porque tinha "muito orgulho no seu filho futebolista do Leixões". É este o único crime de corrupção activa pelo qual se encontra indiciado Augusto Duarte - por supostamente ter corrompido o próprio irmão. Enquanto os três crimes por corrupção passiva desportiva se referem a três jogos apitados pelo próprio, todos da SuperLiga, envolvendo o Futebol Clube do Porto, o Benfica e o Sporting - os "três grandes" do futebol português - na época de 2003/2004. O Ministério Público de Gondomar suspeita que António Araújo tivesse interesse em que Augusto Duarte beneficiasse o clube do "dragão" e simultaneamente prejudi-casse os dois rivais dos portistas, Sport Lisboa e Benfica e Sporting Clube de Portugal. No processo "Apito Dourado" encontram-se transcritos vários telefonemas de António Araújo para Augusto Duarte, onde se suspeita que o empresário aproveitaria o conhecimento com o árbitro bracarense para favorecer o Futebol Clube do Porto fosse necessário. Qual o envolvimento de Pinto da Costa? Segundo o COMÉRCIO apurou, o processo "Apito Dourado" está a investigar se Pinto da Costa sabia do que se passava, se pedia mesmo tais diligências ou se aceitava que alguém o fizesse, neste caso o empresário António Araújo. Há quem sustente, no entanto, que António Araújo seria uma espécie de "franco atirador" e estaria a "trabalhar" à revelia dos dirigentes portistas, para no final "mostrar-lhes serviço", pois movimentava-se muito à vontade no Estádio do Dragão, que agora está proibido de frequentar, pela juíza de instrução criminal, Ana Cláudia Nogueira. Este será um aspecto nuclear do interrogatório de amanhã de Pinto da Costa, pois nas escutas telefónicas da PJ do Porto, é António Araújo quem alegadamente falará de mais, o que não acontecerá com o presidente dos "dragões". O clã de Azevedo Duarte Augusto José Bastos Duarte, de 38 anos, é funcionário da Câmara Municipal de Braga, sendo aí professor de ginástica, junto das escolas do primeiro ciclo do ensino básico. Iniciou a actividade de árbitro há cerca de 20 anos, encontrando-se na primeira categoria nacional desde a temporada de 1990/2000. O seu irmão, Hernâni Jorge Bastos Duarte, de 30 anos, é agente da Polícia Municipal de Braga, residindo também na cidade dos arcebispos. Em 2002/2003 subiu à primeira categoria nacional, descendo nessa mesma época, mas entretanto voltou à tabela cimeira, este ano, na época de 2004/2005. O pai de ambos é Azevedo Duarte, motorista do chefe de gabinete de Mesquita Machado, presidente da Câmara de Braga e da assembleia geral da Federação Portuguesa de Futebol. O facto de António de Azevedo Duarte ter sido promovido a vice-presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, na sequência da suspensão de cinco dos sete elementos daquele órgão, no âmbito do caso "Apito Dourado", tendo dois filhos a arbitrar no mais alto escalão do futebol tem provocado algumas críticas no sector, só que este dirigente tem feito saber que não há incompatibilidades, pois as nomeações para a SuperLiga cabem à Liga de Clubes e não à Federação Portuguesa de Futebol, com excepção dos jogos da Taça de Portugal.