Entrecista de Adu Ao Jogo

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O Jogo
Adu é um ídolo nos Estados Unidos, mas, no Benfica, o protagonismo do futebolista deixa-se substituir pela humildade e admiração. O camisola 30 do clube da Luz não esconde, em entrevista concedida a O JOGO, o seu orgulho por poder jogar ao lado de… Rui Costa. Apesar de ser um craque no seu país, Adu reconhece que tem ainda muito para aprender. Por isso, nada melhor do que fazê-lo ao lado do "maestro", reconhecendo que, ao ingressar no Benfica, já concretizou um sonho… ser colega de Rui Costa. Os elogios são imensos, com Adu a defender que o camisola dez benfiquista deve jogar durante mais uma época. P | Com a sua transferência para o Benfica, teve a oportunidade de jogar e treinar ao lado de Rui Costa. O camisola dez encarnado tem-lhe ensinado alguma coisa? R | Tenho aprendido muito. Só de observá-lo a jogar e a treinar, tenho desenvolvido bastante o meu jogo. Ver um jogador como o Rui Costa treinar diariamente é fantástico, por isso procuro apreender todos os pormenores do seu jogo. Apesar de ter 35 anos, consegue fazer coisas maravilhosas, e isso torna-o um jogador fenomenal. Pela forma como joga, parece que tem 25 anos! Para mim, é um exemplo, por isso tento aprender tudo o que posso, tal como faço com o Camacho. P | Rui Costa é, por isso, um exemplo ideal para si? R | O meu objectivo é tornar-se um grande jogador, como tal tenho de aprender com os melhores. Não o posso fazer apenas por mim, sou um jogador ainda muito jovem e tenho de escutar os conselhos dos mais experientes. P | Passa muito tempo com Rui Costa durante os treinos e fala bastante com ele. Pode-se dizer que é protegido pelo "maestro"? R | [risos] O Rui Costa é como um pai para mim. Adoro jogar na mesma equipa que ele, tê-lo como meu companheiro. É um sonho tornado realidade poder fazer parte da mesma equipa que ele. Não perdia nunca a oportunidade de vê-lo jogar. Acompanhei sempre a sua carreira, por isso estou muito feliz por ter o privilégio de jogar ao seu lado. É fantástico. P | Como encararia se Rui Costa decidisse emigrar e ingressar na Major League Soccer? R | Seria fantástico. Seria algo muito bom para a nossa liga. Precisamos de mais jogadores como ele, que podem ajudar a desenvolver a competição e tornar a liga norte-americana cada vez melhor, dando-lhe mais mediatismo. Seria um excelente embaixador para a Major League Soccer. P | O presidente do Benfica já disse que Rui Costa é a pessoa ideal para substituí-lo no cargo… R | [risos] O Rui Costa é idolatrado no Benfica! É adorado! Da mesma forma que ele adora o clube, mas é também adorado pelos jogadores. O facto de ele ter marcado um golo contra o Benfica e de ter começado a chorar demonstra o quanto adora o clube. Penso que decidirá pelo melhor quando terminar a carreira. P | Rui Costa já revelou que esta deve ser a sua última época como jogador. Acredita que o camisola dez deve terminar a carreira este ano ou continuar a jogar? R | Penso que deve continuar a jogar futebol. Julgo que Rui Costa ainda tem qualidade suficiente para jogar mais uma temporada. "Camacho é um treinador bastante exigente..." P | O que pensa dos métodos de Camacho? R | É um treinador muito exigente. Todos os jogadores se procuraram adaptar da melhor forma aos seus métodos, e penso que todos respondemos ao que pretende. Pensa bastante no funcionamento da equipa, porque é o colectivo que ganha jogos e não apenas um ou outro jogador. Por vezes, um futebolista pode resolver um jogo, mas não podemos ganhar sem o colectivo. Sinto que sou mais um jogador a ajudar. Temos um excelente grupo de trabalho, com uma grande mentalidade, e todos procuramos ajudar-nos uns aos outros para o bem da equipa. Isso é o mais importante. P | Edcarlos disse que Camacho é como um pai para os jogadores. Concorda? R | Não tenho dúvidas em dizer, também, que o Camacho é um pai para os jogadores. Adoro treinar com o Camacho. Apesar de trabalharmos juntos há pouco tempo, já aprendi bastante. Por isso, espero que, com a sua ajuda, me consiga tornar num jogador cada vez melhor. P | Camacho costuma falar consigo e explicar-lhe o que deseja? R | O técnico fala bastante com os jogadores. É um pouco complicado falar comigo, porque não falamos a mesma língua [risos], mas compreendo o que pretende para a equipa e quais são os seus objectivos. Mas não tenho problemas para o entender, porque tenho a ajuda de jogadores como o Nuno Gomes e o Rui Costa, que traduzem tudo. Percebo a mensagem do técnico, e a minha vontade é ajudar a equipa. Sou mais um no grupo e vou fazer tudo para ajudar a equipa a vencer e a alcançar muitos sucessos. P | Está a cumprir a sua primeira temporada na Europa. Foi obrigado a mudar o seu estilo de jogo perante este desafio? R | Tenho de estar muito mais atento em termos tácticos. Na Europa, os jogadores têm todos muita qualidade e são capazes de tomar decisões no relvado rapidamente. Como tal, para triunfar tenho de jogar de forma inteligente. P | Sente que, na Europa, as questões tácticas e defensivas são um aspecto muito importante? R | Desde que cheguei ao clube, tenho tentado evoluir a todos os níveis, mas reconheço que a cultura táctica é fundamental. Tenho de manter sempre a concentração elevada para estar no local certo, tanto em termos defensivos como ofensivos. Trabalhar bastante P | Depois de um início complicado com Camacho, voltou a fazer parte das opções do técnico. Tem trabalhado muito para entrar no onze? R | Esse é o meu objectivo. Estou apenas a cumprir a minha primeira época na Europa e no Benfica, por isso é natural que demore algum tempo para conseguir demonstrar todas as minhas qualidade e assim conquistar um lugar na equipa. P | É apontado como um jogador muito talentoso e com futuro. É uma questão de tempo até entrar na equipa titular? R | Está tudo nas minhas mãos. Tenho de trabalhar bastante. Não posso ficar frustrado por não jogar e tenho de continuar a trabalhar no duro, procurando mostrar as minhas qualidades, para agarrar a oportunidade quando esta surgir. Provar o valor da equipa dentro das quatro linhas P | Na Liga dos Campeões, as coisas não estão fáceis para o Benfica, que somou duas derrotas nos dois jogos realizados até ao momento, com o AC Milan e com o Shakhtar Donetsk… R | As coisas não vão correr sempre da melhor forma, mas essa situação permite avaliar o carácter da equipa. Há muitas dúvidas no ar, mas os jogadores, juntamente com a equipa técnica, têm de dar a resposta em campo. Temos de nos concentrar, dar o nosso melhor em campo e mostrar que temos valor e que podemos ultrapassar esta fase na Champions. P | Acredita então que ainda é possível o Benfica sonhar com a qualificação? R | Apesar da difícil posição em que nos encontramos neste momento, ainda acredito que podemos passar. Não podemos perder a esperança. Não tenho dúvidas de que vamos superar o mau momento e que nos vamos conseguir qualificar. Roubar pontos aos rivais para chegar à liderança P | O Benfica está a oito pontos do líder, o FC Porto. Acredita que é possível chegar ao primeiro lugar? R | Tudo é possível. Temos apenas de ganhar os nossos jogos contra o FC Porto e o Sporting. Temos de lhes roubar pontos nesses desafios. Tudo é possível, penso que temos boas possibilidades, porque temos uma grande equipa. P | O que pensa do FC Porto e do Sporting, os principais rivais do Benfica na luta pelo título nacional? R | São equipas muito fortes. Tanto o FC Porto como o Sporting têm plantéis recheados de bons jogadores, o que os torna adversários muito complicados e poderosos. Estão ao mesmo nível do Benfica, por isso os jogos em que se defrontam são muito disputados, é muito difícil dizer quem vai vencer. Qualquer equipa pode ganhar, são jogos que por vezes se decidem em pormenores. No entanto, acredito que temos uma grande equipa e que ainda podemos ir longe no Campeonato A transição para o futebol europeu complicou a tarefa a Adu, que tem demorado para conseguir mostrar as suas verdadeiras qualidades ao serviço do Benfica. No entanto, o camisola 30, número herdado de Miccoli, jogador que era adorado na Luz, frisa que os problemas estão todos ultrapassados. "Estou finalmente bem adaptado. É importante ficar à vontade e entender-me da melhor forma com os meus colegas o mais rapidamente possível, porque é decisivo na minha adaptação", reconhece, destacando que se sente muito motivado. "Já estou adaptado, sinto-me bastante bem e estou muito confiante." Um dos aspectos que Adu aponta como positivos para a sua integração é o facto de os encarnados começarem agora a entrar numa fase positiva: "A equipa está a subir de forma, por isso é natural que as coisas estejam também melhores para mim. Espero que continuemos a vencer e que me integre cada vez mais na equipa." Feliz por voltar à selecção norte-americana Convocado pela primeira vez por Bob Bradley, Adu regressou à selecção dos Estados Unidos no particular com a Suíça, depois da sua estreia, em Janeiro de 2006, ante o Canadá. O futebolista não escondeu, por isso, a felicidade que sentiu ao fazer novamente parte das escolhas para a equipa principal do seu país, apesar de jogar pouco no Benfica: "Foi uma experiência muito boa voltar a jogar pela selecção. É um orgulho vestir a camisola do meu país. Estou muito satisfeito por me integrar neste grupo de trabalho." Confiança "Sinto-me bastante bem e estou muito confiante. A equipa está a subir de forma, é natural que as coisas fiquem também melhores para mim" Aprender "O meu objectivo é tornar-me um grande jogador, como tal tenho de aprender com os melhores e escutar os conselhos dos mais experientes" Integração "É importante ficar à vontade e entender-me da melhor forma com os meus colegas rapidamente, porque é decisivo para a minha adaptação" Ambição "Não posso ficar frustrado. Tenho de mostrar as minhas qualidades para estar pronto quando a oportunidade surgir" Atitude "Temos de nos concentrar, dar o nosso melhor e mostrar que temos valor para seguirmos em frente na Champions" Rivais "O FC Porto e o Sporting têm plantéis recheados de bons jogadores, o que os torna adversários complicados"