Entrevista ao novo treinador da equipa B

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Fonte
www.ojogo.pt
João Santos "Subida não é prioritária" Primeiro olhar e apoiar os jovens e só depois pensar no objectivo de levar a equipa à II Divisão B: esta é a filosofia da SAD e do novo treinador do conjunto B do Benfica, que expressou a sua enorme satisfação por fazer parte de um projecto que se identifica com as suas ideias O JOGO| Como surgiu este convite para voltar aos quadros do Benfica para conduzir a equipa B? João Santos| Surgiu por intermédio de António Carraça e Manuel Ribeiro, que me transmitiram ideias sobre a formação que são iguais às que tenho e, assim, chegámos a acordo. Estou pronto para mais este desafio. P| Em particular, o que foi que mais o aliciou a aceitar este projecto? R| Principalmente, foi a possibilidade de concretizar o que entendo que deve ser a formação e, por outro lado, por ser a hipótese de levar por diante um conjunto de princípios. P| Como irá funcionar a equipa B em relação aos juniores e ao plantel sénior? R| Para já, vai haver uma relação muito próxima com a equipa de juniores, com os jogadores a "saltarem" muito de um lado para o outro - o mesmo pode até acontecer com um ou outro juvenil, caso este mostre maturidade e qualidade. Teremos 22 ou 23 jogadores no nosso plantel. O princípio de base da formação no Benfica será o jogador - sobre o qual centraremos todas as atenções - e só depois aparece a equipa. Não vamos descurar a questão de subir de escalão, mas essa não é uma questão prioritária. P| Mas esse não deixa de ser um objectivo a ter em conta... R| Claro que é um objectivo, mas, em termos hierárquicos, talvez seja apenas o terceiro. O principal objectivo passa pelo jogador. Como é lógico, a formação é melhor quando a equipa está num escalão onde se pratica bom futebol e onde os adversários colocam problemas mais difíceis para os nossos jovens resolverem. Nesse aspecto, o ideal até seria estar na II Liga... "Um jovem por ano nos seniores" P| Quais os aspectos que serão melhorados, este ano, na equipa B? R| A reformulação do campeonato de juniores ajudará todas as equipas B, pois os jovens que virão desse escalão vão surgir com outro tipo de experiência e sua formação será melhor. P| Já na última época a equipa B deu frutos, nomeadamente com a passagem para os seniores de jogadores como João Pereira e Manuel Fernandes... R| É verdade. Há a vontade de colocar todos os anos um jogador na equipa principal e também fazer com que essa equipa possa ter como base os jogadores que vêm da formação. Se o Benfica conseguir ter, como antigamente, 50 por cento dos jogadores do plantel formados na casa, decerto tirará daí dividendos. P| O Benfica B voltará a ter a sua base no Monte da Galega, tanto nos treinos como nos jogos. Até que ponto não terem uma casa própria, que os ligue psicologicamente ao clube, pode pesar aos jogadores? R| Pesa em tudo. Mas, se calhar, essas circunstâncias até podem ajudar no crescimento dos jovens, pois exigirá mais determinação para ultrapassar as dificuldades. Foi-me dito que não esperasse as melhores condições de trabalho, mas que se estava a fazer tudo para que as mesmas melhorassem. Daqui por algum tempo o Centro de Estágio no Seixal estará pronto e aí as condições serão melhores. P| Sente que em Portugal se acordou, definitivamente, para o reconhecimento da importância da formação? R| A formação já tem vindo a ser boa desde há muitos anos. Talentos a aparecer sempre houve e basta olhar para o que têm feito as Selecções mais jovens nos Campeonatos da Europa e do Mundo. Agora, a grande questão é o acompanhamento que se faz depois. Em relação aos jovens, temos de lhes chamar a atenção sempre que necessário, mas também é preciso, depois, saber apoiá-los. P| A formação é o melhor caminho para o futebol nacional? R| Os clubes portugueses têm de apoiar muito a formação e tirar daí dividendos; assim, não é impossível lutar contra os "porta-aviões" do futebol europeu...