Entrevista com LUÍS TAVARES (o fiscal do ESCÂNDALO)

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Fonte
http://www.esep.pt/jornal/modules.php?name=News&file=article&sid=178
O árbitro portalegrense Luís Tavares, tornou-se no passado dia 17 de Fevereiro o primeiro árbitro internacional da Associação de Futebol de Portalegre, e o mais novo de sempre a conseguir esse feito em Portugal. Em entrevista, Luís Tavares fala da sua carreira, das dificuldades sentidas pelas equipas de arbitragem em Portugal e da crise que o desporto no Alentejo está a atravessar, nomeadamente no distrito de Portalegre. Que sentimentos e memórias é que o dia 17 de Fevereiro deste ano lhe traz? LUÍS TAVARES – É uma data que vai ficar na memória por muitos anos, pois foi quando realizei o meu primeiro jogo internacional. Quando se é arbitro e se tem ambições, gosta-se de chegar ao topo, sendo nesse dia que me senti realizado. Tornou-se assim o primeiro árbitro da Associação de Futebol de Portalegre a ser internacional…. L.T. – Felizmente sim. Estamos no interior do país e temos mais valores que ainda não conseguiram alcançar este patamar. Espero que não seja o único, mas o primeiro de muitos e que seja aqui a reviravolta na arbitragem no interior, nomeadamente no concelho de Portalegre. Sente que poderia ser feito mais alguma coisa, pelos desportistas e pelos árbitros para alcançarem maior notoriedade a nível nacional? L.T – Eu por vezes chamo à arbitragem o parente pobre do futebol, porque apesar de se apostar muito nos clubes e nos jogadores, nunca se aposta nos árbitros. Por vezes sentimos falta de condições quer a nível de treinos, quer a nível médico, quer mesmo por parte dos dirigentes. Penso que a mentalidade teria de começar a mudar já por aí, e ainda por cima em ano de Euro, devíamos todos parar um bocadinho, e pensar que o futebol não é só os jogadores e os golos, mas também há a equipa de arbitragem, que muito se fala e se critica. Mas para exigir, também têm de dar certas condições aos árbitros. Até onde poderá ir o Luís Tavares como árbitro internacional? L.T. Neste momento o meu grande objectivo é conseguir manter-me como árbitro assistente internacional. Depois a ambição faz parte do homem, e sendo eu um homem ambicioso, gostaria de fazer uma final de um campeonato da Europa, do Mundo ou mesmo da Liga dos Campeões. Para quando é que perspectiva uma situação dessas? L.T. Gosto de ser calculista e não dar passos maiores do que as pernas, porque tudo tem o seu timing. Não quero pensar já em grandes projectos para depois não os conseguir alcançar. Vamos esperar para ver. Que balanço faz da sua carreira até ao momento? L.T. Eu fiz o curso de árbitro em 1995 e sou um caso único no país, pois tenho 26 anos e já me tornei árbitro internacional. Penso que é uma carreira aliciante e é como se costuma dizer: foi chegar, ver e vencer. Como avalia a sua participação na temporada que está a decorrer? L.T. Esta época está a ser muito boa. Consegui ser árbitro assistente internacional, os jogos estão a correr bem e espero que continue assim daqui para a frente Em Portugal fala-se muito de arbitragem. Houve alguma coisa que o tivesse desiludido? L.T. Não. Existem certas e determinadas opiniões que penso estarem erradas, pois as pessoas de certa forma não conhecem o mundo da arbitragem por dentro e não têm consciência das dificuldades que se tem. De certa forma eu tenho de desculpar as pessoas pela falta de sabedoria na matéria e só posso aceitar as criticas que por aqueles que tenham conhecimento de causa. Ainda sente pressão ao entrar num estádio com sessenta mil pessoas? L.T. A pressão que eu sinto neste momento é a da responsabilidade. Estamos no futebol profissional e podemos fazer jogos que decidem títulos ou que podem despromover equipas a um escalão secundário. Como sabemos o futebol é um mundo que gere milhões e qualquer decisão nossa, por mal dada que seja, pode influenciar muita gente e esse é o peso da responsabilidade. Tenho que admitir que existem certos jogos que sente-se mais o nervosismo, pois nem todos os fins-de-semana fazemos um Benfica-F.C. Porto com sessenta mil pessoas e no nosso país, infelizmente as pessoas vão pouco aos estádios, com excepção desses grandes jogos, e claro, quando os apitamos sentimos aquele tremelique nos pés. Qual a sua posição relativamente à profissionalização dos árbitros? L.T. Na minha opinião a profissionalização deveria existir. O problema é que as condições e estruturas que têm de ser criadas para isso suceder, dificilmente ocorrer, pois ainda não existe uma estrutura que consiga tornar os árbitros profissionais. Relativamente a questões mais técnicas, concorda com a existência de mecanismos electrónicos, nomeadamente com a ajuda da repetição dos lances via Televisão? L.T. Concordo. Isso já está a acontecer a nível de apreciação dos árbitros. Existe uma comissão de análise que todos os fins-de-semana fazem o visionamento dos jogos através do vídeo. Eu acho que sim, pois somos suficientemente humildes para reconhecermos que erramos e não temos qualquer tipo de problema que os jogos sejam vistos e analisados pela televisão. Como é que sente que está o desporto em Portalegre e na sua região? L.T. Estamos a atravessar um momento mau. A nível nacional temos duas equipas nos Nacionais, o Elvas e o Benavilense. A nível de Portalegre não temos qualquer equipa nos nacionais. O nosso distrital, custa-me dizer, mas está pobre, e há que repensar. Esta situação não se passa apenas aqui, mas em todos os distritos e concelhos, por isso, há que repensar o nosso futebol, as mentalidades e ver o que queremos dele. Estando Portalegre pouco desenvolvido a nível desportivo, como é que se sente o Luís Tavares ao representar o Alentejo e a região de Portalegre em particular, ao mais alto nível? L.T. É um facto que o futebol a nível distrital está pobre, mas se nós olharmos para a nossa cidade, as suas indústrias e os apoios que elas poderão oferecer ao futebol, estes também não estão suficientemente desenvolvidos para que o futebol seja um chamariz da nossa cidade. Se pudesse mudar alguma lei do regulamento, qual seria? L.T. Mudaria a lei do fora de jogo, que para mim é a mais complicada e a mais polémica do nosso futebol. P.S.: AGORA PERGUNTO, COMO É QUE O HOMEM HÁ 1 MÊS ATRÁS JÁ SABIA KE IA ARBITRA UM BENFICA-PORTO COM 60 MIL PESSOAS?!?!?!?!?!