Futuro Risonho

Fonte
www.abola.pt
No Sporting não ficou: já tinham um estrangeiro. A mãe de um amigo levou-o à Luz: nunca mais saiu. Há mês e meio estreou-se na Selecção principal; anteontem, à segunda, fez o primeiro golo: qualquer dia, a equipas das quinas é a sua segunda casa. Uma carreira sempre em curva ascendente. Começou a jogar com oito anos no Futebol Benfica, vulgo Fofó. Findo"um ano e tal" no popular clube alfacinha foi aos treinos de captação em Alvalade. Participou nalguns torneios pelo Sporting mas na hora da inscrição fecharam-lhe a porta. A vaga para estrangeiro estava preenchida. Os dirigentes e treinadores da formação da altura têm uma vaga ideia dele e estão de consciência tranquila. Dizem que, na época, era impossível perceber que seria fantástico: "Só Cristiano Ronaldo, mal tocou na bola, entusiasmou." Após seis meses em Alvalade, Dona Elisabete, mãe de um amigo que jogava no Benfica, fala-lhe da captação na Luz. Agrada ao treinador José Morais, que o aconselha a ficar nas escolinhas. Entra com nove anos no Benfica. Nessa altura, não sabia o que é ter clube: "Gostava mesmo era de jogar. Claro que se me fizer essa pergunta hoje respondo que sou do Benfica", garante na entrevista em 2003.Em1999 sagra-se campeão de infantis e recebe as faixas da mão de Vale e Azevedo, então presidente. Nos juvenis já é o melhor. Os seleccionadores pretendem convocá-lo mas não podem: é cabo-verdiano. O Benfica propõe-lhe naturalização, em2002, e ele aceita. Para todos os efeitos, e apesar de um "grande carinho" por Cabo Verde, sempre se sentiu português. Mal tem os papéis é convocado para o Mundial de sub-17, na Finlândia, em Agosto de 2003. Entra contra o Iémen, marca um golo, é o melhor em campo. Na primeira equipa a pedido dos jogadores Foi preciso chegar à Selecção para que os adeptos reparassem nele. Os empresários notaram antes. Por esta altura já era representado por Jorge Mendes, depois de José Veiga, actual director-geral da SAD, ter tentado ficar com ele. O centro-campista e a mãe foram inclusive ao escritório de Veiga, que chegou tarde, passou por eles, não os cumprimentou e mandou um funcionário recebê-los. Dona Anastácia não gostou: "É a este homem que vou entregar o meu filho?" Em Janeiro de 2004, Camacho, perante a redução do plantel com as saídas de Roger, Carlitos e Andersson, manda recrutar jovens da equipa B. Correu bem a sessão. Após o treino, jogadores como Simão e Petit, impressionados com a sua força e personalidade, insistiram com o treinador para o deixar continuar nos seniores. Hélder (hoje no PSG, França) e Miguel ajudaram à integração. Manuel adapta-se à velocidade dos grandes, que "pareciam todos mais rápidos " que ele, e frequenta com maior assiduidade o ginásio. Um mês depois estreia-se no Restelo, substituindo Tiago. A 7 de Março, o primeiro golo, em Barcelos. Vale três pontos. Passa a ser, com 18 anos e 31 dias, o segundo mais novo a marcar pelo Benfica, batido apenas por Chalana, que festejara com 17 e 226 dias. Há semana e meia, com o V. Setúbal, marcou o segundo: dedicou-o a Petit. Anteontem estreou-se a marcar pela Selecção, no mesmo dia em que nela foi titular pela primeira vez. De novo em Barcelos. O impasse da renovação Em Maio, o melhor e o pior momento na Luz: a conquista da Taça de Portugal e a paragem cardio-respiratória de Bruno Baião, capitão dos juniores. Abdica da participação no Torneio de Toulon para ajudar os colegas a vencer o campeonato em memória do capitão. Com a saída de Tiago para o Chelsea, ganha também na luta pelo lugar a Paulo Almeida, que só é titular na pré-epoca por causa do braço-de-ferro entre o número 37 e a Direcção. Manuel Fernandes tinha contrato até 2006, o clube queria que renovasse até 2010. Os valores não lhe agradaram. Perante o espectro do regresso à equipa B, o médio aceitou as condições propostas. O boato de que estaria comprometido com o FC Porto não passou disso. Acordo estabelecido, Manuel Fernandes volta às contas-correntes de Trapatonni. Em condições normais não sairá do Benfica no final da época. Se acontecer, não é fácil calcular quanto vale. O seu empresário, Jorge Mendes, diz que "qualquer valor é especulativo". Sem preço, dirão os adeptos.