Guerreiro festeja 30.º aniversário

Fonte
www.abola.pt
Argélico Fucks é um nome que diz pouco aos benfiquistas, mas se dissermos Argel, a coisa muda de figura. O seu portador pode não ter o mediatismo de Simão Sabrosa ou Nuno Gomes, mas tem características próprias que o diferenciam da maioria dos colegas e fazem dele um caso raro de dedicação ao clube que representa. Argel é daqueles jogadores que não precisam da braçadeira de capitão para assumir em, alta voz, o comando das operações no relvado, incitando e orientando os companheiros no decorrer dos jogos com uma autoridade moral que advém da dedicação e garra com que disputa cada lance, do primeiro ao último minuto. Esta faceta faz também do brasileiro um jogador controverso aos olhos dos adeptos, que podem não considerá-lo um titular indiscutível, no confronto com Luisão e Ricardo Rocha, mas vibram com a forma como sente a camisola. Aliás, olhando para as suas primeiras três épocas com a camisola da águia ao peito, as estatísticas demonstram a utilidade de Argel, que após ser utilizado 22 vezes na sua primeira época na Luz, passou para 28 jogos no campeonato seguinte e só na edição transacta se ficou pelos 19 jogos. Culpa da lesão que o afastou da equipa, mas também da ascensão de Ricardo Rocha, que agarrou a oportunidade dada por José Antonio Camacho no último terço do campeonato, formando uma dupla segura com Luisão. Experiência japonesa Nascido para o futebol profissional há 12 anos (tinha apenas 18 anos quando assinou o primeiro contrato profissional), no Internacional de Porto Alegre, Argel emigrou cedo para o futebol japonês, que por essa altura se tinha convertido num verdadeiro el dorado para os futebolistas ocidentais, especialmente brasileiros. O Verdi Kawasaki foi o seu destino mas, dois anos depois, regressava ao seu país, para representar o histórico Santos. Mais dois anos se passaram até ter o primeiro contacto com o futebol português, ao ser contratado pelo FC Porto, treinado na altura por Fernando Santos. Tudo parecia conjugar-se para um casamento duradoiro entre o campeão nacional e umjogador que até tinha gravado a tatuagem de um dragão nas costas, mas a passagem de Argel pela cidade Invicta acabou por ser efémera. Aloísio e Jorge Costa tinham a confiança do técnico português, que ainda dispunha de Ricardo Carvalho e Ricardo Silva no banco, e ao fim de dez meses, Argel apenas tinha actuado em cinco jogos do campeonato. O divórcio era inevitá vel, Brasil foi uma vez mais o seu destino, passando a representar, desta feita, o Palmeiras. Profissional realizado Estava escrito, porém, que Portugal se cruzaria novamente no caminho de Argel e já com Manuel Vilarinho eleito presidente do clube, os benfiquistas foram surpreendidos com a contratação do ex-jogador do FC Porto. Os episódios que alegadamente marcaram a sua saída do eterno rival do Norte ajudaram a que o acolhimento por parte dos adeptos encarnados fosse ainda mais caloroso e à entrada da sua quarta época na Luz, a sua imagem de marca é do jogador que morre em campo se for preciso, em defesa da camisola. Provavelmente, terá sido esse espírito guerreiro a determinar a renovação do seu contrato, que expirava no final da época passada. Durante alguns meses, foi dada como certa a sua saída da Luz, mas Argel nunca desistiu até receber a proposta de renovação da SAD, por mais dois anos. O sacrificado acabou por ser o ex-capitão Hélder, actualmente ao serviço dos franceses do Paris Saint-Germain. Hoje, dia em que comemora o 30º aniversário, Argel, o guerreiro, tem todas as razões para sentir-se um jogador realizado...