"Inferno"

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O jogo RICARDO LEMOS
A euforia (contida, é verdade) com que terminou a semana passada não teve repercussões mediáticas. Depois do empate no Dragão (onde o Benfica já não pontuava há 11 anos), o triunfo frente ao Beira-Mar (que valeu a passagem à meia-final da Taça de Portugal) e a vitória frente ao Nacional (que não se registava desde a época de 1990/91), os adeptos não encheram os campos de treinos e não há registo de qualquer procura em massa aos bilhetes à venda para a partida de amanhã, frente ao Gil Vicente. É, de facto, intrigante a relação que os adeptos encarnados têm com a sua equipa de futebol, mas apenas aqueles que, normalmente, estão mais perto do Estádio da Luz. A despedida apoteótica que Giovanni Trapattoni teve na Choupana é, analisando os casos recentes do passado, pouco provável na "Catedral", onde o treinador é assobiado assim que o seu nome ecoa pelos altifalantes. O que faltará, então, para a reconciliação? Porque será que a equipa é sempre apoiada quando joga fora de casa e no Estádio da Luz apenas é saudada quando as goleadas surgem, como sucedeu frente a Vitória de Setúbal e Boavista? A resposta tem de ser dada não por Giovanni Trapattoni ou pelos jogadores - se bem que também eles representem um papel importante nesta história -, mas sim pelos adeptos. Porque esses, mesmo que tenham o direito de exigir, também têm de colaborar... O mítico "inferno da Luz" foi construído à base de assobios, pressão, gritos constantes e (até) insultos, mas apenas dirigidos a quem por lá passava de visita... não a quem joga em casa de duas em duas semanas.