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De regresso à Luz, considera que no título conquistado esteve um "pouquinho" de todos os treinadores que passaram pelo clube nos últimos anos. Deseja que o Benfica continue a ganhar e diz que os jogadores conhecem os ingredientes: sofrimento e superação
RECORD – Com que ambição parte para este nova "aventura" no Benfica?
CHALANA – Quero ganhar! Ao longo da minha vida sempre fui um vencedor. Entrei no Estádio da Luz com 15 anos e no balneário falava-se sempre em vitória, em conquista? Digamos que me educaram desde muito jovem para? vencer. Importa ter uma atitude mental forte, uma grande ambição interior – às vezes poderemos não alcançar os sucessos pretendidos mas a semente para chegarmos ao topo precisa de estar dentro de nós, de ser cultivada.
RECORD – Como viveu a recente conquista do título?
CHALANA – Com satisfação. Nesta vitória estava um pouquinho do trabalho dos treinadores que passaram pela Luz nos últimos tempos e, finalmente, quebrou-se um 'jejum' demasiado longo para um clube com a dimensão e a força do Benfica.
RECORD – Foram várias as opiniões que apontaram para o fraco nível deste campeonato?
CHALANA – Não se deve tirar mérito a quem o teve. O futebol português evoluiu nos últimos anos, trabalha-se com mais rigor e competência nas equipas tidas como de segunda linha – vejam-se os excelentes desempenhos do Rio Ave e do Braga, por exemplo – e na última época assistimos a bons jogos, os estádios encheram muitas vezes? O Sporting viveu bons momentos mas o Benfica andou quase sempre na frente e mostrou maior regularidade, conquistando, por isso, mais pontos. Tratou-se de um triunfo inquestionável.
RECORD – Mérito de quem?
CHALANA – De todos. Da equipa técnica e dos jogadores, naturalmente, mas igualmente da restante estrutura, do roupeiro até ao presidente. Para conquistar um título é preciso uma retaguarda forte e o Benfica teve-a. Só assim chegou lá, dando uma grande alegria aos seus adeptos, à maioria do povo português. Os festejos do título foram uma boa oportunidade para os jogadores perceberem a força deste clube, a sua mística.
RECORD – Há condições para o Benfica fazer o 'bis'?
CHALANA – Os jogadores já sabem o que é necessário para conquistarem o título e isso constitui uma ajuda importante. Um espírito ganhador constrói-se no discurso mas fundamentalmente na prática diária - no balneário, no sofrimento, na superação das dificuldades, na aprendizagem constante, na unidade, no respeito entre todos – e isso nunca deve ser esquecido, por representar a base que permite conseguir êxitos. Seguindo essa linha, é possível sonhar com novas conquistas?
RECORD – Sai um técnico italiano, entra um holandês. Na época passada a qualidade de jogo do Benfica mereceu algumas críticas. Espera melhoras?
CHALANA – Espero, acima de tudo, que o Benfica continue a ganhar. Fui campeão com Mortimore, Baroti, Erickson, Toni e Mário Wilson, todos homens com filosofias e concepções próprias do jogo, mas que, seguindo caminhos diferentes, chegaram ao mesmo objectivo: a vitória. Trappattoni implantou as suas ideias e venceu; o que todos os benfiquistas desejam é ver Koeman, seguramente com um estilo diferente, também ganhar? porventura com um futebol mais atractivo, atendendo às suas raízes e às características do futebol holandês.
RECORD – Que expectativas tem em relação ao trabalho de Koeman?
CHALANA – É a primeira vez que um holandês treina o Benfica e eu próprio não escondo alguma curiosidade, sabendo que o clube escolheu uma figura de incontornável prestígio internacional, vindo de uma escola muito referenciada e com passagens, enquanto jogador e treinador, por grandes clubes, para além das importantes conquistas ao serviço da selecção holandesa. Tem todas as características indicadas para vencer e é isso que todos esperamos e desejamos?
RECORD – Uma mudança significativa do estilo de jogo não pode ter consequências, no aspecto competitivo?
CHALANA – Há vários caminhos para chegar à vitória? Com um modelo ou outro, o que importa – e constitui a base essencial – é a vontade dos jogadores em quererem ganhar, a sua união, o seu espírito de sacrifício, a forma como se empenham em prol do colectivo. Ronald Koeman é um treinador experiente, saberá como agir para tirar o melhor rendimento dos elementos colocados à sua disposição.
RECORD – Já sabe, com rigor, as funções que lhe cabem na nova equipa técnica?
CHALANA – Falei com José Veiga e ele deu-me algumas ideias. Teremos oportunidade de conversar mais em detalhe lá mais para a frente. De mim sabem com o que podem contar: respeito e lealdade para com o chefe de equipa, empenho no cumprimento das tarefas que me forem atribuídas e total disponibilidade para servir o Benfica.
RECORD – O regresso à Liga dos Campeões está próximo?
CHALANA – É bom para o clube, para os sócios? O Benfica merece estar na grande vitrina do futebol europeu. Todos os benfiquistas sonham com o regresso aos anos de glória e, com o apoio e a ajuda de todos, creio que o sonho poderá vir a tornar-se realidade?
Autor: ARMANDO ALVES
Data: Segunda-Feira, 20 de Junho de 2005 03:53:00