José Veiga inviabilizou acordo com o Benfica

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DIAS DA CUNHA disse que foi a entrada de José Veiga na estrutura do futebol benfiquista que pôs termo a um possível entendimento entre clubes para forçar o poder político a intervir no futebol. Diz que o rival joga agora com o peso que tem dentro da Liga para controlar a arbitragem, mas está equivocado, porque os rostos do sistema continuam os mesmos. «Se estiver enganado terei de pedir desculpa», disse. Foi depois dos elogios ao presidente da Câmara Municipal de Sintra, Fernando Seara, que Dias da Cunha, presente na inauguração do Núcleo Sportinguista do Cacém, confessou que Sporting e Benfica só não se aliaram na reestruturação do futebol profissional porque o rival lisboeta alterou a estratégia. — Acha que é impossível haver um entendimento com Luís Filipe Vieira para, juntos, forçarem a reestruturação do futebol profissional? — Sinceramente, houve um momento em que julguei que fosse possível. — Quando? — Existiram algumas conversas depois de o Sporting se fazer representar ao mais alto nível no Estádio da Luz por causa do trágico falecimento de Miklos Fehér. Houve um período que, quer em Alvalade, quer na Luz, se conversou e vi que o Benfica pensava exactamente o mesmo que o Sporting. Não vou entrar em detalhes, mas depois percebi que o Benfica tinha mudado de trajectória e tinha caído na ilusão de que iria ser capaz de usar a Liga para defender os seus interesses, o que é uma estratégia totalmente oposta à que o Sporting defende. — Como é que o Benfica iria usar a Liga para defender os seus interesses? — A única coisa que importa e que tem sentido no estado actual das coisas é o controlo da arbitragem, é a única coisa que é poder, o resto... Estou absolutamente convencido de que o Benfica está enganado, que não controla rigorosamente nada. Os poderes fácticos do passado permanecem e são eles que, à distância, continuam a comandar as coisas. — A mudança de trajectória do Benfica tem a ver com a entrada de José Veiga? — Exactamente. Só tem mesmo a ver com isso. Pode ser que esteja a ver mal e se isso acontecer terei de pedir desculpa, mas para o Benfica ter deixado uma linha que era comum com a do Sporting, e tinha a certeza de que juntos forçávamos o poder político a tomar as medidas essenciais, foi porque agora joga como peso que julga que tem na Liga, quando na realidade não tem peso nenhum. Porque quem tem peso na Liga são os que já tinham e continuam a ter. — O Benfica a controlar a Liga. Tem alguma coisa a ver com Cunha Leal? — Não é só o director-geral, há mais... A Liga não é comandada por quem lá está, mas por poderes exteriores. Até o presidente da Liga é um presidente exterior. Aproveitava para perguntar o que se passa com a Operação Apito Dourado? Onde estão os dois inspectores que fizeram o trabalho? Tudo indica que estão desterrados. Porquê? A quem é que a operação incomodou? Estes são os problemas e a comunicação social precisa de indicar de que lado é que estão. Ou estão com o sistema, como suspeito que estão, e peço que escrevam isto. É uma pena porque a comunicação social tem realmente a maior das importâncias, é capaz de fazer mudar. Rostos do sistema mantêm-se —Os rostos do sistema continuam a ser aqueles que há tempos enumerou? — Com certeza. É o senhor Pinto da Costa e o senhor major. — Há uns anos disse que o futebol português estava dividido e que havia duas alianças: Benfica-Boavista e Sporting-FC Porto. As coisas mudaram... — Mudaram. Essa aliança Benfica-Boavista matou o movimento dos presidentes. Quero repetir que o senhor Pinto da Costa jogou correctissimamente o movimento dos presidentes, mas destruído esse movimento, achou que tinha de tomar conta da vida com os velhos métodos. E teve uma preocupação: para ter as mãos completamente livres cortou relações com o Sporting. — Parece continuar sozinho a defender uma reestruturação do futebol português. Até quando? — Não sei. Ouviram-me dizer que vivi um período com bastante esperança. Para mim fazia todo o sentido que a pasta do desporto fosse entregue a Fernando Seara, que é um homem sério. Também sei que com ele à frente do Benfica forçaríamos as coisas a mudar, porque as coisas têm de mudar. — Que coisas? — Contas correctas para acabar com os sacos azuis e libertar a arbitragem da influência dos poderes fácticos.