O dia em que Sokota deixou Split a ferro e fogo

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www.abola.pt
Tudo começou na recepção do Dínamo de Zagreb ao Osijek, na recta final da temporada 2000/01. Tomo Sokota (então capitão do Dínamo e a cumprir a 17.ª temporada ao serviço do clube, nos vários escalões), levado pelo entusiasmo de mais um golo marcado — sagrar-se-ia o melhor marcador do campeonato croata com 20 remates certeiros, menos um que na temporada anterior, na qual ganhou igualmente o troféu —, levantou a camisola do Dínamo Zagreb e mostrou uma t-shirt pouco simpática para com o rival histórico, o Hajduk Split. Podia ler-se qualquer coisa como always against Split (sempre contra o Split), com direito a ilustrações. Rezam as crónicas que os homens de Split não são para brincadeiras (pacíficos só mesmo quando estão a dormir) e terão espumado de raiva, com a provocação a assumir contornos nunca antes vistos. Uma semana depois, meia-final da Taça da Croácia. Frente a frente... Hajduk Split e Dínamo de Zagreb. Escusado será dizer que os homens da capital tinham à sua espera um ambiente indescritível, com o agora ponta-de-lança do Benfica no centro de todas as atenções. Uma cidade a ferro e fogo para o receber, sem dó nem piedade. Ainda o autocarro do Dínamo cruzava as ruas de Split e já as hostilidades se faziam sentir, com cartazes altamente agressivos para o homem-golo dos visitantes. No estádio, durante 90 minutos, Sokota ouviu das boas. 35 mil adeptos a insultá-lo permanentemente. Alguns ultras do Split tentaram mesmo invadir o campo para agredir o ponta-de-lança. A verdade é que o Dínamo seguiu em frente e sagrou-se vencedor da Taça. E, ironia do destino... Sokota marcou. «Queriam matá-lo!» A atitude de Sokota foi alvo de várias críticas. Foi o caso, por exemplo, do tenista Goran Ivanisevic, adepto do Hajduk Split, que condenou publicamente o acto do camisola 25 do Dínamo, dorsal que continuou a utilizar depois da transferência para a Luz. Numa desinteressada conversa de café percebe-se que todos se recordam dos tensos acontecimentos, até porque foi possível assistir ao clássico através dos ecrãs da televisão. «Queriam matá-lo!», recorda um jornalista, lembrando que o acto de Sokota não teve a ver com ódio ao Hajduk, foi antes um mero momento de rebeldia de um jovem jogador. Escusado será dizer que, ainda hoje, Sokota é persona non grata em Split. Os adeptos do Hajduk não perdoam. E os do Dínamo também não esquecem, ficaram deliciados.