Para os críticos distraídos

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www.maisfutebol.iol.pt
Rio Ave-Nacional, 4-1 (crónica) [ 2004/11/28 | 17:58 ] Sérgio PereiraNo reencontro entre as duas sensações da época passada, sobrou um triunfo robusto e um resultado justo. Pode parecer demasiado a quem olha de fora, mas os três golos de diferença com que o Rio Ave despachou em menos de cinquenta o Nacional traduziram na essência uma diferença exibicional que foi, também ela, quase uma goleada. Para os mais distraídos, fica a prova de que o Rio Ave da Luz não foi um acaso. De um lado houve uma equipa sedenta, solidária, concentrada, menos talentosa mas mais esforçada. Do outro não houve equipa, houve apenas onze jogadores talentosos mas demasiado conformados com o caminhar do destino, jogadores com muitos tiques de vedeta e nenhum sentido colectivo. É verdade que o azar os atingiu logo aos dois minutos, mas também nunca mostraram vontade para lutar contra esse infortúnio. O golo de Delson logo no primeiro remate do jogo, verdade seja dita, inquinou de imediato as coisas. O Rio Ave entrava no jogo a ganhar, sem ter feito nada para isso. A partir daí, porém, só deu mesmo Rio Ave. O Nacional até tinha mais tempo de posse de bola - ocupava muito bem os espaços e partia desse princípio para um domínio territorial que não trazia nada em termos atacantes -, mas apesar de não ter tanto o jogo nos seus pés, era a formação de Carlos Brito que mais perigo criava. Rápida na circulação de bola, atenta na procura dos espaços vazios e solidária na criação de apoios, o Rio Ave começava a mostrar que a vantagem mínima era curta. Por pouco tempo. Ainda antes do intervalo, Jacques trabalhou bem na direita e centrou para o segundo poste onde apareceu Paulo César a voar sobre Emerson para o golo da tranquilidade. A falha do lateral-esquerdo madeirense foi sintomática do que foi a exibição do Nacional esta tarde: completamente apática. Sem colocar um pé no travão, os homens de Carlos Brito entraram na segunda parte decididos a encerrar o jogo e logo no início, Franco respondeu a um livre de Ricardo Nascimento com um cabeceamento exemplar. Ele que é o melhor marcador da equipa. Um defesa goleador. Os jogadores do Nacional ficaram a queixar-se de que Franco estava em fora-de-jogo, mas nem isso tira o mérito a uma jogada estudada e combinada em palavras breves pouco antes. E foi o fim. O terceiro golo deixou o jogo tão vazio de interesse quanto um debate parlamentar. Saulo e André Pinto ainda haveriam de tornar mais largo o resultado final, mas a partida já terminara bem antes.