A raça de Amaral e o pulmão de Mauro Silva

Fonte
www.abola.pt
Há muito tempo que dirigentes, equipa técnica, membros do clube e Imprensa local se aperceberam da impossibilidade de Paulo Almeida continuar a vestir as cores do peixe — nome como é conhecido o Santos. O facto de o jogador ter rejeitado várias propostas para renovar contrato — termina a 30 de Junho — elucidou quem tinha dúvidas e por isso ninguém estranha que o seu próximo passo seja atravessar o Atlântico rumo a Lisboa, mais propriamente o ninho da águia. Foi por essa razão que quando A BOLA se fez notar nas imediações do clube e dos seus locais de culto fizeram a associação natural. «Ele vai para o Benfica, não é?», perguntavam, como em jeito de afirmação. E, afinal, que opinião tem a torcida do Santos sobre o internacional sub- 23 brasileiro? As respostas são semelhantes e vão todas dar no mesmo lado: não é um craque que faça humedecer olhos de satisfação, mas é um jogador que qualquer equipa gosta de ter. Porque as suas características são fundamentalmente defensivas e raramente vai para cima de uma defesa contrária — daí se explica o facto de em mais de 150 jogos oficiais nunca ter marcado um golo — não faz dele um ídolo, mas a quantidade de bolas que ganha aos adversários e a forma como rapidamente entrega o esférico aos artistas — um verdadeiro ladrão escondido — são predicados que agradam a qualquer treinador, como é o caso de Emerson Leão, actual técnico do Santos. Como certamente agradou aos técnicos que passaram no Benfica a pres e n ç a de Amaral, ou mesmo a Carlos Alberto Parreira acerca do papel de Mauro Silva na selecção tetracampeã do Mundo em 1994. É que Paulo Almeida tem, segundo os jornalistas que acompanham o dia-a-dia do Santos, características dos dois: a raça do ex-benfiquista e o pulmão e impetuosidade do ainda jogador do Deportivo La Coruña. O mais jovem capitão do clube Foi a Paulo Almeida a quem coube a responsabilidade de erguer a taça correspondente à vitória no campeonato brasileiro em 2002, um título que fugia ao Santos há 19 anos. Como se isso não bastasse para se perceber a importância do médio no contexto do futebol deste país, foi também ele, aos 21 anos, o capitão mais jovem de sempre do clube, algo que o jogador certamente colocará, com orgulho, no topo do seu curriculum vitae. É certo que nesse ano o peixe apresentou-s e em competição com uma equipa muito jovem, destacandose deste lote Robinho e Diego, mas Leão viu nele maturidade e espírito de l id e r a n ç a únicas: desde jovem, Paulo Almeida sempre teve uma voz de comando e soube incentivar os colegas. E se isso não é suficient e para os adeptos andarem a correr para a caça ao autógrafo, é no entanto fulcral par a ajudar uma equipa a ganhar títulos.