Silêncio por razões... excepcionais

Fonte
abola.pt
O aviso foi dado logo à chegada à Casa do Benfica em Torres Vedras. «Hoje não há conversa», gracejou Luís Filipe Vieira, visivelmente bem disposto, ao avistar os jornalistas. Acompanhado por Rui Cunha, vice-presidente do clube e administrador da SAD, e por João Salgado, chefe do gabinete da presidência, dirigiu-se depois para o restaurante. Aí, perante 150 benfiquistas que se juntaram para festejar o 12º aniversário da Casa (e 10º das respectivas instalações), cumpriu o voto de silêncio. Embora a presença de Luís Filipe Vieira tenha estado em dúvida até à última hora — face aos inúmeros pedidos que recebe para participar em festas das casas, tem sido prática corrente deslocar-se apenas às inaugurações, com algumas excepções, como foi o caso, para aniversários—a verdade é que, neste tipo de eventos, o presidente do Benfica costuma dirigir-se aos associados, mesmo que brevemente. Desta feita tal não aconteceu, tendo passado a bola a Rui Cunha. Uma situação que, apesar de desvalorizada pelos acompanhantes de Vieira, não deixou de causar alguma estranheza. Não só por contrariar o que habitualmente sucede, mas também porque a opção pelo silêncio surge numa fase em que têm vindo a público notícias sobre alegados atritos e um consequente afastamento entre Luís Filipe Vieira e José Veiga, no que à gestão do futebol diz respeito. O líder das águias não confirmou nem desmentiu a badalada crise directiva, naquela que pareceu ser uma clara atitude estratégica, depois dos vários recados internos lançados na quarta-feira. Disse, por exemplo, ser ele a única fonte fidedigna do clube. «Por razões de natureza excepcional, hoje [ontem] o presidente não vai falar», justificou Rui Cunha, sem mais palavras. Rui Cunha esperançado no título O discurso de Rui Cunha — com fortes ligações à terra, nomeadamente familiares — foi breve e circunstancial. «Esperamos conquistar o campeonato que todos vocês merecem, talvez até mais do que nós», soltou. Depois de cumprido o programa de festas, os jornalistas voltaram a tentar uma abordagem a Luís Filipe Vieira, mas a resposta, sempre de forma simpática, registe-se, foi a mesma. Se, por norma, o silêncio não é notícia, desta feita não terá sido tanto assim. Há quem lhe chame o som do silêncio...