Temos de lutar com toda a alma

Fonte
www.abola.pt
Camacho chegará amanhã a Lisboa, na véspera da reabertura da oficina do Benfica. Vai «animado». Reconhece que é o fiel depositário da imensa esperança benfiquista, mas alerta para as dificuldades, a maior das quais as limitações financeiras. Como superar as dificuldades? «Temos de lutar com toda a alma». Abram as portas... Camacho está a esgotar as últimas horas de férias em Espanha, junto da família. Amanhã estará em Lisboa, de mangas arregaçadas. «Se estou animado? Claro! Essa é a única maneira que sei estar num clube, treinando uma equipa de nível mundial, ou uma de juvenis. E estou preparado para uma temporada de muito trabalho. Meu e dos jogadores. Um ano importante para todos, que marca o centenário do clube e termina com um Europeu. O suficiente para motivar toda a gente no Benfica», frisou. «Não sou o salvador» Este é o tempo exacto em que o sonho dos benfiquistas se liberta sem ter de pedir à razão que justifique a sua desmedida amplitude. «É fácil dizer agora que se vai conquistar isto e aquilo, é fácil prometer títulos. O mais importante é que tentemos cumprir esse sonho. A nossa firme disposição é ajudar a equipa a reencontrar-se com os êxitos. Está a ser feito um trabalho muito importante que visa traçar um caminho em que o Benfica possa recuperar. E o Benfica está a recuperar», garantiu. Por ser um treinador consensual e muito querido de todos os adeptos do Benfica, Camacho sabe que é o fiel depositário dos sonhos encarnados. Agradece, mas alerta: «O único segredo do sucesso é o trabalho. Com honestidade e profissionalismo. Acontece que todos gostam de ganhar e querem ganhar, mas há que pensar nas dificuldades que sentimos. Não sou o salvador. Sou um profissional que gosta de trabalhar com dedicação.» Reforço da equipa começou em casa Quando se fala do reforço da equipa, o treinador espanhol não podia ser mais pragmático: «O mais importante é que não perdemos nenhum jogador fundamental. Isso permite-nos dar sequência a um trabalho que tem já uma base.» Quanto a reforços propriamente ditos, há que ser realista e cauteloso, pois «o Benfica tem problemas e necessidades e não tem condições para fazer grandes contratações, já que os melhores jogadores são muito caros». Camacho bem gostaria que o Benfica tivesse a mesma disponibilidade financeira dos grandes clubes europeus, mas, não havendo, responde-se com paixão. «Podemos até ter de lutar com equipas como o Real Madrid. Como não podemos gastar o mesmo que eles, temos de rentabilizar o que é nosso. Vamos lutar com toda a alma. Só isso poderá fazer a diferença.». É preciso estabilidade Camacho reconhece que o presidente da SAD, «Luís Filipe Vieira, está a fazer tudo para que a equipa seja o mais forte possível». E acrescenta: «Não falo só de reforços. O Benfica tem de dar estabilidade, segurança e condições de trabalho, em primeiro lugar, aos jogadores que tem. Depois é que avançaremos para o passo seguinte.» Que passo? «Repito, o primeiro passo decisivo é manter os jogadores mais importantes e isso foi conseguido. Depois, dar-lhes condições. Só depois tentar contratar jogadores, sabendo que não se pode fazer tudo na mesma hora. Este é um processo que exige tempo e tranquilidade. Consolidando o seu projecto, o Benfica poderá no futuro regressar ao nível do passado. Desde que se respeite uma trajectória bem definida», respondeu. Encurtar diferença para F. C. Porto Perguntar a Camacho se acredita que é possível alcançar o título de campeão nacional é saber antecipadamente a resposta. Acredita, acima de tudo, no seu trabalho e nos jogadores. «O F. C. Porto deixou-nos a 14 pontos. É uma diferença muito grande que temos de encurtar», lembrou. Já este ano? «A equipa do F. C. Porto tem uma estrutura com mais tempo de trabalho e consolidação. Acabou a época com todos os títulos possíveis, logo, este ano terão um trabalho mais fácil. Mas nós nunca perdermos de vista esse objectivo e tudo faremos para que não se repita essa diferença. O Benfica tem uma tarefa mais difícil, mas acredita que poderá trabalhar e lutar pelos seus objectivos até final», concluiu.