Trapattoni: «Jogadores sentem a pressão»

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www.record.pt
Giovanni Trapattoni considerou ontem, em conferência de imprensa, que o Benfica tem, hoje à noite, diante do Estoril, "oportunidade de igualar ou encurtar" a diferença para o primeiro lugar da SuperLiga. Horas antes dos compromissos de Boavista, Sp. Braga e Sporting, o ex-seleccionador italiano não atribuiu importância à derrota do FC Porto, mas acabaria por reconhecer que os jogadores "sentem a pressão" de ter de vencer. Em caso de triunfo, os encarnados totalizarão os mesmos pontos dos portistas, que comandam isolados o campeonato. Na abordagem à recepção aos canarinhos, Trapattoni começou por se referir à salgalhada que reina no topo da classificação. "Dizia, há dias, que tínhamos uma oportunidade para seguir o nosso caminho. Um caminho em que temos três ou quatro equipas muito perto de nós. Assim, devemos ter muitos cuidados. Em todos os jogos, as equipas mostram muita qualidade, são muito organizadas tacticamente. Já havia afirmado, há dois meses, que estão bem preparadas, técnica e tacticamente", advertiu o italiano, explicando como deve a equipa jogar frente ao Estoril: "O nosso caminho tem por base a atitude e a mentalidade como conseguimos os bons resultados. Só assim podemos confiar em ganhar a Liga, porque temos adversários muito fortes." Tecnicamente válidas Há duas semanas, o FC Porto foi derrotado, em casa, pelo Boavista. O Benfica jogou depois, com o Rio Ave, e tinha caminho aberto para recuperar o comando da SuperLiga. Não conseguiu. Empatou e igualou os dragões, em número de pontos. Esta jornada, os campeões nacionais foram batidos pelo Beira-Mar, permitindo que o rival se aproxime. O técnico dos encarnados, no entanto, procurou manter os pupilos alheados do resultado de sexta-feira passada. "Li que nunca como este ano cinco equipas estiveram tão juntas. Nos anos anteriores, não sabia o que se passava no futebol português. Conhecia o FC Porto, o Benfica, o Marítimo, equipas que jogavam nas competições europeias. Hoje, digo: são equipas bem organizadas e tecnicamente muito válidas", sublinhou Trap. Referindo-se, concretamente, ao desaire dos dragões, sublinhou: "É a segunda vez que o FC Porto perde. Nós também já perdemos. O importante é que olhemos apenas para nós e para o nosso caminho. Não devemos ter a pressão de ganhar porque o FC Porto perdeu, mas os jogadores sentem-na. Devemos, sim, jogar com a mesma atitude e a convicção de que podemos ganhar." Privado de sete jogadores (seis por lesão e um castigado) e com apenas 17 convocados, a "Velha Raposa" terá de mexer no onze que alinhará de início frente aos estorilistas. No entanto, mesmo admitindo algumas dúvidas pontuais, manifestou confiança naqueles que vão alinhar, desejando que a equipa repita a exibição da Bélgica, quinta-feira passada, num desafio em que as águias carimbaram a qualificação para os oitavos-de-final da Taça UEFA. "Já o disse, mas repito: perdemos no domingo passado, mas, na expressão de jogo, não merecíamos", afirmou, numa alusão à derrota averbada na jornada anterior, ante a U. Leiria. "Então, devemos ter confiança nos jogadores. Possuímos um bom plantel e os jogadores que vão alinhar amanhã [hoje] serão praticamente os mesmos que actuaram na quinta-feira." O timoneiro da nau encarnada enalteceu a exibição europeia. "Faltaram-nos três ou quatro golos, mas não estivemos mal", afirmou, peremptório. "Golos são golos, jogo é jogo. Tivemos uma exibição técnica muito boa. Simão e Zahovic tiveram oportunidades de golo e o guarda-redes fez uma defesa incrível. Queria que, amanhã [hoje], jogassem como em Beveren", foi o desejo formulado por Trapattoni na véspera do "assalto" ao primeiro lugar da SuperLiga. Treinador comete "gaffe" ao confundir Roger A conferência de imprensa que antecedeu a partida com o Estoril terminou, ontem de manhã, com uma "gaffe" do treinador do Benfica. Trapattoni confundiu Roger, médio brasileiro que se encontra vinculado aos encarnados até Junho de 2006 e que esteve cedido ao Fluminense. O internacional "canarinho" cessou, há dias, a ligação ao clube do Rio de Janeiro, já não participando nos últimos três jogos do campeonato brasileiro. Do lado de lá do Atlântico, não faltam candidatos à aquisição de Roger, que chegou à Luz a meio da temporada 2000/2001, uma promessa eleitoral de Manuel Vilarinho. No entanto, importava saber se o técnico conta com o futebolista para a reabertura do mercado, já em Janeiro. Durante a curta conversa sobre este tema, o ex-seleccionador italiano alegou não querer falar de jogadores sob pena de inflacionar o valor do passe. Só depois foi informado de que se falava de Roger. Eis o diálogo: - Roger desvinculou-se, durante semana, do Fluminense. Este jogador pode ser reforço do Benfica? - Ricardo Rocha? - Não, Roger... - Ah! Roger. Não quero falar do futuro imediato. Já conversei com o clube. Os dirigentes estão preparados para uma emergência, se se puder melhorar. Não devo falar de jogadores, porque o preço sobe e, depois, surge outro clube. Primeiro tem um custo, depois outro. Na minha vida, primeiro faço, depois falamos. - Roger está vinculado ao clube? - Da II Liga? - Não, Roger, o brasileiro... - Ah! Esse. Pensava que era outro Roger. Agora, não, seguramente. Vamos ver em Janeiro. «Acredito no que vejo e ganha quem merece» O treinador do Benfica prefere não tecer comentários sobre o caso Apito Dourado, alegando desconhecer o processo. No entanto, deixa claro que não acredita em manobras de bastidores. "Em Itália, também se discute muito isso. Tem-se sempre estas dúvidas", conta, acrescentando: "Mas somos pessoas do desporto e olhamos apenas para o que se passa no relvado. Naturalmente, posso dizer que o árbitro não viu, aqui, no Estádio Luz, um golo 80 centímetros dentro da baliza, é verdade. Mas não posso ter dúvidas sobre o que ele pensa." A posição do técnico italiano é muito simples: "Acredito no futebol e no que se passa no relvado. Para mim, são dez meses de braço-de-ferro, de jogo, de mentalidade, de atitude, se se ganha, se se perde, de querer, de equilíbrio psicofísico e psicológico. No fundo, para mim, ganha quem merece." E, quando lhe perguntam se acredita na compra de árbitros, responde taxativamente: "Não. O árbitro tem uma cara. Digo o mesmo do treinador. Todos nós colocamos a cara na televisão. Depois, não quero falar de coisas que não conheço. Não sei o que comem na casa dos outros. Mas sou sempre positivo. Não validaram um golo nosso nem assinalaram uma grande penalidade a nosso favor. Mas não é seguro que o árbitro estivesse comprado." Pequenos evoluíram A propósito do equilíbrio na frente do campeonato, Trap argumentou: "A minha convicção é a de que as pequenas equipas evoluíram muito. Técnica e tacticamente. Os grandes disputam muitos jogos e têm atletas lesionados. A mentalidade e a atitude dos pequenos está muito diferente. As equipas de topo têm mais técnica, mas não qualidade. As equipas que pensam ser pequenas já não são pequenas."