Uma crise virtual

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Fonte
www.abola.pt
Comecemos por coisas de ordem prática: a Lazio despachou o Benfica na pré-eliminatória da Liga dos Campeões. Como diria Artur Jorge, tratou-se de um desfecho «absolutamente normal», atendendo ao potencial das forças em presença. Depois, o Benfica empatou em Charleroi em La Louvière e está a um passo de passar à segunda eliminatória da Taça UEFA. Mais uma vez, recorrendo à frase celebrizada pelo Rei Artur, «foi absolutamente normal». Vistas as competições europeias, passemos ao âmbito nacional. O Benfica ganhou em casa (no Jamor, melhor dizendo), ao V. Guimarães e ao Nacional e aí empatou com o Belenenses. O que significa, especialmente atendendo ao contexto da igualdade com os azuis do Restelo, que o Benfica perdeu, efectivamente, dois pontos. Os únicos, aliás, que devem ser contabilizados na coluna das perdas na SuperLiga, porque não haverá quem sustente que, empatar no Bessa (onde não ganha há oito anos) e perder nas Antas (onde não pontua há dez anos), não é, para o Benfica actual... «absolutamente normal». Estabelecidos os parâmetros da análise quantitativa da prestação benfiquista na época em curso, eis um ou outro detalhe susceptível de refrescar algumas memórias subitamente exigentes. Quanto à Europa: a) O currículo da Lazio nos últimos dez anos de competições europeias está a anos-luz do Benfica e o resultado da pré-eliminatória da Liga dos Campeões mais não foi do que a tradução da actual diferença de cilindrada entre as equipas, apesar de, em Roma, os da Luz terem feito uma rica jogatana, apenas traída por umas quantas infantilidades. b) Quanto ao La Louvière, a exibição em Charleroi foi pobre, mas não mais pobre do que aquela que os encarnados protagonizaram em Setembro de 2000, em Halmstad, na última presença uefeira do Benfica. E, agora, ao contrário do confronto com os suecos, a equipa da Luz deve seguir em frente... Quanto à SuperLiga As exibições do Benfica, excepção feita, provavelmente, a algumas fases (quiçá, muitas fases...) do jogo das Antas, têm-se pautado pela discrição; mas as razões que o leitor encontrará devidamente identificadas na página seguinte podem explicar essa realidade, entendendo-se, contudo, que há um carácter transitório nas mesmas. Ou seja, ultrapassada a baixa de forma física em que a equipa viveu o mês de Setembro e recuperados alguns jogadores-chave do conjunto, Miguel, que não pode ter «paragens de cérebro », Hélder, que garante a tranquilidade do sector defensivo, Petit, mais perto agora daquilo que foi no Bessa, Tiago, pouco visto, esta época, ao nível da temporada passada, Simão e Geovanni, as chaves do temível contra-ataque dos encarnados, ambos em sub rendimento, embora por razões diversas e Nuno Gomes, a peça certa para fazer par com Sokota o Benfica pode regressar rapidamente aos patamares exibicionais de 2003/04, se calhar coincidindo com a inauguração do Estádio da Luz, outro momento marcante para o rendimento dos jogadores. Em resumo, a crise do Benfica, no que toca a resultados, é meramente virtual e as exibições, se o clube e os seus adeptos não entrarem em pânico, têm condições para serem substancialmente corrigidas, para melhor, nas próximas semanas.