Vale Tudo responde a 3 acusações que podem levá-lo a cumprir longos anos de detenção

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Record
Vale e Azevedo volta ao banco dos réus Começa amanhã, pelas 14 horas, no Tribunal da Boa-Hora, em Lisboa, o julgamento do "caso Euroárea", no qual são arguidos o antigo presidente do Benfica, João Vale e Azevedo, e António Leitão, ex-director financeiro do clube encarnado. João Vale e Azevedo, que se encontra a cumprir pena de prisão efectiva por irregularidades na transferência do guarda-redes Ovchnnikov, vai ter agora de responder às acusações de peculato, branqueamento de capital e co-autoria em falsificação de documentos. João Leitão, seu colaborador na altura em que exercia o cargo de presidente do Sport Lisboa e Benfica, é indiciado por co-autoria na falsificação de documentos. O processo, que promete ser longo, terá o colectivo de juízes presidido por Ana Teresa Wilborg Carvalho, e integrará ainda Ana Peres e Simões de Almeida. Recorde-se que o despacho de pronúncia dos dois arguidos da autoria do juiz Paulo Pinto de Albuquerque, foi extremamente dura para os mesmos, tendo considerada "falsa" , "desprovida de qualquer sentido" a defesa de Vale e Azevedo, classificando ainda de "ridículas" e "despudoradas" as afirmações do advogado durante o interrogatório. O magistrado refere ainda "não ter dúvidas" quanto à falsificação de documentos e assinaturas por parte dos arguidos. Cinco milhões de euros Neste processo João Vale e Azevedo é acusado de ter desviado cinco milhões de euros dos cofres encarnados. Segundo a acusação, em Setembro de 1999, o então presidente do Benfica negociou os terrenos da urbanização sul com a Euroárea a um preço de 250 euros/m2. O Benfica receberia da citada empresa, como sinal, a verba de 12,5 milhões de euros e um terreno no Seixal destinado ao centro de estágio. De acordo com o Ministério Público, Vale e Azevedo tentou desviar cinco milhões de euros através de um contrato fictício celebrado com a Saspre. Para a acusação, António Leitão estava ao corrente do plano e, em conjunto com Vale e Azevedo, terá falsificado um contrato para justificar o desvio de capital à contabilidade do Benfica. Ex-presidente arrisca-se a 23 anos de prisão João Vale e Azevedo tem de responder a três acusações neste processo: peculato, branqueamento de capital (três crimes) e falsificação de documentos (três crimes). Se pior cenário se concretizasse, o que muito dificilmente acontecerá, o antigo presidente do Benfica incorreria numa pena de prisão que podia chegar aos 23 anos de prisão efectiva. O peculato, segundo o artigo 375 do código penal, prevê uma pena de um a quatro anos. Por seu lado, o branqueamento de capital, dependendo da gravidade, segundo o Decreto-Lei 325/95, pode equivaler a 12 anos de prisão. Finalmente a falsificação de documentos pode custar ao infractor três anos de prisão ou uma multa pecuniária. Tudo somado dá os 23 anos.