«Catálogo do clube permitirá encaixe de 200 mil contos»

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Fonte
www.record.pt
SEARA Cardoso, vice-presidente do Benfica para a área comercial, coloca muitas esperanças na participação do clube na Premier One, um projecto automobilístico construído a partir de grandes nomes do futebol europeu. Aprazado para Julho o início da competição, acaba de ser retardado para Março de 2003, prenunciando grandes dificuldades. – O projecto da Premier One já começa a andar para trás? – Não, não, o projecto não anda para trás. É evidente que o Benfica já gostava de ter cá o dinheirinho, mas este atraso vem dar ainda mais consistência à Premier One. O investimento é de 480 milhões de dólares e precisa de um amplo suporte publicitário. A ideia é concorrer directamente com a Fórmula 1 e não se podem cometer erros no início, para não perder oportunidades de negócio, nomeadamente com patrocinadores. Faz, por isso, todo o sentido que a Premier One arranque em Março, ao mesmo tempo que a Fórmula 1. – O número de clubes que aderiu ao projecto não é animador... – Não, já há muitos clubes interessados, mas alguns deles não o querem divulgar publicamente. Aliás, já houve uma reunião com o G-14, que manifestou maioritariamente o seu interesse na Premier One. – Mas não faz sentido que seja divulgado o nome dos participantes para potenciar ainda mais o interesse da competição? – Cada um sabe de si. O Benfica está desde a primeira hora com a Premier e entendeu divulgá-lo publicamente. – Quanto é que o Benfica vai encaixar financeiramente? – Por um contrato de três anos receberemos cinco milhões de dólares. A exploração da marca Benfica pertencerá à Premier, mas nós ainda poderemos explorar 70 por cento do espaço publicitário do carro. Prevê-se que isso possa valer mais um milhão e meio de dólares. – Há ideia segura do público que pode ser atingido por um projecto deste tipo? – As pessoas não se metiam numa coisa destas sem terem ideias precisas sobre os seus efeitos. Prevê-se que 60 por cento dos amantes do futebol sejam sensíveis à Premier One, e que mais de 80 por cento dos adeptos do automobilismo possam estar interessados. – Existem garantias quanto à fiabilidade e competitividade do carro? – Tanto os motores como os chassis dão garantias, mas como só vão estar prontos em Abril ou Maio e não havia possibilidade de os testar essa foi mais uma razão para adiar o início da competição. – O patrão da McLaren, Ron Dennis, já afirmou ter muitas dúvidas sobre as possibilidades de êxito da Premier One, mesmo quando comparada com a Fórmula 3000. Qual é o seu comentário a estas afirmações? – Cada um defende os seus interesses. Ele tenta defender os da McLaren, que está na Fórmula 1. Com certeza que não estará interessado em dividir patrocinadores e até pilotos. Sei que já há pilotos de Fórmula 1 garantidos. – Que pilotos? – Os dos dois clubes espanhóis vêm da Fórmula 1. Neste momento, não posso dizer nomes. – Com o atraso no arranque do campeonato, o Benfica corre o risco de perder Pedro Lamy, que não quererá ficar um ano no desemprego. – O Pedro Lamy sempre esteve liberto. Convidei-o porque é um piloto de ponta, ainda para mais benfiquista, mas não temos qualquer contrato assinado. – Há “know how” em Portugal para formar a equipa de apoio ao piloto? – Não temos a equipa constituída, mas queremos o mais possível rodear-nos de portugueses. Sabemos, como é óbvio, que será necessário recorrermos a técnicos estrangeiros. – Pedro Lamy já disse que o chefe de equipa nunca poderá ser português. – O líder da equipa será sempre do Benfica, mas como nenhum de nós está preparado para um cargo técnico, vamos socorrer-nos de alguém com os conhecimentos adequados. – O lançamento do cartão do adepto está a ter sucesso? – Na semana passada já tinham aderido dez mil adeptos, mas como, entretanto, houve greve nos correios, muitos pedidos devem estar atrasados. Em três anos esperamos chegar aos dois milhões, desde que as pessoas percebam o alcance da iniciativa. Vamos assinar contrato com mais três empresas e as vantagens para os utilizadores crescem a cada dia. Esta semana lançaremos o catálogo do Benfica, que disponibilizará 400 produtos e permitirá um encaixe de 200 mil contos(cerca de um milhão de euros). – Já têm perspectivas sobre a venda de lugares no novo estádio? – No actual estádio temos 10/11 mil lugares vendidos, o Real Madrid tem 65 mil, o Barcelona 80 mil e o Málaga 30 mil. A nossa margem de progressão é enorme. Em Portugal, não existe a tradição do abonado, mas vamos apostar nisso, até com a informatização, que permitirá a um dono de lugar disponibilizá-lo a outro comprador, no caso de não pretender ver determinado jogo.