Duas semanas para mudar o estilo

Fonte
www.abola.pt
O queixume não é seu apanágio mas seria compreensível justificar-se com o pouco tempo de trabalho caso o Benfica não tivesse apresentado resultados imediatos logo após ter pegado no comando técnico da equipa. Não o fez e as vitórias também apareceram. Em quatro jogos, três triunfos e um empate no Estádio do Bessa. Nada mau para um treinador que não teve possibilidade de impor um cunho pessoal em 27 cabeças. Camacho afirmou publicamente que necessitaria de 15 a 20 dias para colocar a equipa à sua imagem, mas com isto o técnico quis focalizar os aspectos ligados ao estado psicológico e atitude em campo que propriamente as variáveis tácticas e técnicas, afinal, aquilo que define a imagem de um treinador: o estilo. Pois bem, hoje começa um novo ciclo na vida desportiva do clube. Às 16 horas, no estádio da Luz, o plantel efectua o primeiro treino após gozo das férias natalícias e o desfrute do habitual período sabático que estas proporcionam. Seguir-se-ão duas semanas de trabalho, ainda que com algumas folgas [ver peça à parte], sem a particularidade de não existirem jogos oficiais. Duas semanas de importância fulcral para o técnico, para conhecer a fundo as características dos jogadores, não se limitar à opinião formada pelos jogos efectuados sob a sua batuta e, mais importante que tudo, para os próprios jogadores assimilarem verdadeiramente o que Camacho pretende. 4x4x2 puro? É certo que, no segundo jogo dos encarnados com o no-vo técnico no banco, a equipa já se explanou num sistema táctico mais próximo daquilo que pretende (4x4x2), mas ainda denotando alguns resquícios da aprendizagem anterior, leia-se, no 4x2x3x1 de Jesualdo Ferreira. Um dos objectivos destas duas semanas será, sem dúvida, moldar ainda mais a equipa a este modelo. Não que os nomes se alterem muito, mas acima de tudo acertar o posicionamento — têm sido visíveis as constantes indicações dadas aos atletas nos treinos e jogos nesse sentido. A utilização de defesas-laterais de raiz e a manutenção de Zahovic como segundo ponta-de-lança continuará a ser, certamente, imagem de marca dos encarnados. De resto, Camacho é metódico. Antes de viajar para Espanha o treinador deixou aos jogadores qual o plano de treinos que estes teriam nestas duas semanas, alertando-os para o esforço físico a que serão submetidos e o trabalho de campo que os espera. Duas deslocações difíceis para abrir o ano Posto isto, espera-se por alterações quando a equipa regressar à competição. E logo com dois testes com grau de dificuldade elevadíssimo. Se no final do encontro do Bessa o treinador espanhol afirmou aos jornalistas que as partidas com Gil Vicente, Sporting, Belenenses e Boavista tinham sido difíceis, o ciclo que se aproxima não é mais fácil: a equipa volta a jogar para o campeonato em casa do V. Guimarães (apenas o terceiro classificado, com menos quatro pontos e um jogo que o Benfica, e uma das equipas que melhor futebol pratica neste momento em Portugal) e, de seguida, viaja até à Madeira (Marítimo), onde não ganha há oito anos (!) — a última vitória na ilha foi em Janeiro de 1995. Espera-se para ver como é o Benfica à Camacho.