Ser ou ser um clube ORGANIZADO eis a questão

Fonte
Record
Luís Filipe Vieira e José António Camacho ainda não perderam completamente a esperança numa conciliação que permita a renovação do contrato do treinador espanhol, mas esta hipótese parece cada vez mais distante. Hoje por hoje vive-se um jogo de nervos e de adiamentos, no qual o Benfica não se sente seguro para responder a todas as exigências de Camacho e o treinador não lhe apetece abdicar de nenhum dos pedidos feitos ao clube. É por isso também que nem Vieira nem Camacho falam do assunto em público: nenhum quer ser o primeiro a ceder e nenhum quer ser responsabilizado pelo peso político de um eventual rompimento das negociações. Para já, é evidente que o Benfica tem muitas dúvidas em relação ao rol de exigências do técnico espanhol. É que estas não se prendem apenas com contratações de jogadores (que, vindo a custo zero, auferem salários elevados), alargando-se igualmente a pessoas para os departamentos médico e de futebol e a condições de trabalho. Nada de anormal, mas tudo muito pesado para a actual situação benfiquista. Foi por causa da vontade de Camacho ver tudo isso garantido antes de assinar um novo contrato e das dúvidas de Vieira em hipotecar o futuro do clube à vontade do treinador que a negociação tem vindo a arrastar-se. Nos próximos dias, possivelmente até hoje, os responsáveis da SAD benfiquista analisarão o orçamento já feito para as aquisições de futebolistas e decidirão se o esforço vale ou não a pena. Pelo sim pelo não, haverá em cima da mesa uma lista de alternativas ao espanhol. Ontem, confrontado com as notícias dos jornais, que alegavam que o Benfica estava a ficar saturado das exigências do treinador, Vieira preferiu remeter-se ao silêncio. A única frase que se lhe ouviu foi um "não se preocupe" dito aos microfones da TVI. Em suma, o presidente da SAD encarnada não confirmou as notícias, mas também não as desmentiu. Deixou-as fazer efeito. Diz quem o acompanhou durante todo o dia que esta é uma posição estratégica para não provocar o rompimento das negociações e esperar que haja uma cedência do outro lado. Ora, o problema é que essa foi igualmente a posição de Camacho. O treinador espanhol não quis pronunciar-se acerca do assunto, mas Record está em condições de garantir que ele estranhou as notícias dos jornais. Ainda assim, também não quer ser ele a romper com o Benfica, desmentindo notícias que, por mais oficiosas que sejam, não são oficiais nem têm declarações de Vieira. Conhecendo-se os antecedentes de Camacho - que até já bateu com a porta do Real Madrid que tanto ama -, sabe-se que o treinador não é de ceder. É de antes de quebrar do que de torcer. Ora, como estamos a apenas 16 dias do início previsto para o arranque dos trabalhos para a nova época e o tempo já não sobra (o ideal seria mesmo começar com os jogadores garantidos, até pela exigência que apresenta a pré-eliminatória da Liga dos Campeões), percebe-se que é urgente acabar com este impasse. Enquanto isso não suceder, o Benfica fica à espera. E isso não é bom. De Felipe expectante Contactado pelo nosso jornal, o empresário de Camacho, Pedro de Felipe, assegurou não estar por dentro das polémicas recentes e garantiu que o treinador quer continuar na Luz... "se tiver oportunidade de fazer uma equipa campeã e dispuser de uma estrutura organizativa forte". A última intervenção pública de Camacho foi, por seu turno, na noite de anteontem, em que visitou o Barcelona. O espanhol disse que pretende a continuidade de Geovanni e elogiou Simão.