Panchito: «O Benfica é o melhor clube do mundo»

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Panchito fez um balanço sobre a época que terminou, falou da sua passagem pelo Barcelona, da continuidade no Benfica, da sua paixão pelo futebol - confirmou mesmo que esteve prestes a integrar o estágio com a equipa sénior do Benfica - e da participação no próximo Mundial da Argentina.

Mas o internacional argentino foi mais longe e enalteceu a grandeza do Benfica, deixando bem clara a vontade de continuar a jogar de águia ao peito.

O que é que falhou esta temporada?

Panchito - Em termos de equipa foi uma boa época. Em termos de resultados é que as coisas não correram tão bem. Tivemos algum azar na altura em que eu e o Mariano nos lesionámos. Foi uma fase muito complicada, pois necessitávamos de todos os jogadores e nós não pudemos dar o nosso contributo. Mas nem tudo foi mau. Durante toda a época jogámos bem, fizemos boas exibições e lutámos pelo título até ao fim. Conquistámos a Taça de Portugal contra o Óquei de Barcelos e chegámos à final-four da Liga dos Campeões, onde tivemos algum azar ao sermos eliminados nas grandes penalidades pelo Liceo da Corunha. Pessoalmente e a pensar nos resultados, eu esperava mais. Quando as expectativas são muito grandes a decepção é muito maior. Foi isso que aconteceu.

Acha que a sua lesão foi decisiva para que o Benfica não conquistasse o título?

Panchito - Acho que a lesão de qualquer um de nós podia ter tido influência, pois somos uma equipa onde cada um desempenha a sua função com mais ou menos relevância, mas são todos importantes. Tenho pena de ter sido eu a lesionar-me. Creio que, naquela altura, a equipa ficou psicologicamente afectada. Para agravar a situação o Mariano também se lesionou. Já tínhamos um plantel reduzido e com as nossas ausências ficou tudo mais difícil. Mesmo assim demos tudo por tudo e nunca desistimos.

O título está bem entregue?

Quem ganha é sempre um justo vencedor. Se as coisas poderiam ter sido diferentes se nós não nos tivéssemos lesionado? Não vale a pena colocar as questões depois de ter acabado. Se o Barcelos perdesse dois jogadores também iria sentir a sua falta e consequentemente ter mais dificuldades. No entanto, o Óquei foi muito forte nesta segunda fase e se ganhou foi porque mereceu.

Sente-se bem no Benfica?

Panchito - Sinto-me muito bem. O Benfica é como uma namorada, um dia temos problemas e chateamo-nos mas no dia seguinte amamo-nos novamente e ficamos felizes. Não tenho qualquer razão de queixa. Toda a gente gosta de mim, apoiam-me muito e eu faço tudo para retribuir esse carinho.

Tinha um contrato com o Barcelona válido até 2009. Esse contrato ainda é válido?

Panchito - Sim. Até ao momento é válido. Deixará de o ser a partir do momento em que o Benfica pagar, ao Barcelona, a cláusula de rescisão. Entretanto assinei um contrato com o Benfica por cinco épocas. Se o Barcelona não receber o dinheiro o meu contrato com o Benfica fica sem efeito.

É certo que o Panchito vai jogar no Benfica na próxima época?

Panchito - Sim, é certo. Vou jogar no Benfica na próxima época e se depender de mim vou cumprir o contrato que assinei recentemente, válido por cinco anos.

A saída do Barcelona não foi um processo muito claro. Gostaria de regressar?

Panchito - Muita gente diz que eu fui dispensado do Barcelona. Não é verdade. Se calhar, sou dos poucos atletas que recusou jogar num clube como o Barcelona. Não tive problemas com ninguém, até porque as pessoas são muito simpáticas. Em 1997 cheguei ao Barcelona e fiz um contrato de três anos. No final da primeira época fui-me embora mas fui eu que decidi sair. Foi uma decisão pessoal. Mas deixei grandes amigos e colegas. Tenho um grande carinho pelos jogadores, uma vez que muitos deles são meus colegas da selecção. Se gostaria de voltar a jogar com eles? Sim. Era uma equipa fantástica. Mas acho difícil regressar. Até porque estou bem em Lisboa.

Quais as diferenças e semelhanças entre o Benfica e o Barcelona?

Panchito - O «Barça», em termos económicos, é um grande clube mas o Benfica, como eu já havia dito anteriormente, é o melhor clube do mundo. Não conheço nada igual. Onde quer que nós vamos jogar há sempre pessoas a assistir. A título de exemplo, no ano passado fomos jogar à Suíça e havia mais adeptos do Benfica do que do «Genéve», se formos jogar a Angola os pavilhões estão cheios para nos ver. Não conheço nada parecido.

Tendo em conta o tempo que esteve em Barcelona e o tempo que esteve em Portugal, qual das duas experiências foi mais agradável?

Panchito - Portugal sem dúvida. Basta comparar os processos. Assinei um contrato com o Barcelona valido por três épocas a no final da primeira fui-me embora. Cheguei ao Benfica com um contrato de seis meses e já renovei por mais cinco. É claramente em Portugal que me sinto melhor.

Paralelamente ao hóquei em patins o Panchito é uma pessoa que gosta de pisar os relvados. Já teve propostas para jogar futebol?

Panchito - Depois de ter saído Barcelona regressei à Argentina. Para não estar sem fazer nada decidi voltar a jogar hóquei mas o Barcelona, na altura, não deixou e disseram-me que só poderia jogar no «Barça» pois tinha um contrato a cumprir. Eu respeitei e não voltei a jogar. Foi então que falei com o meu pai e fui jogar futebol. Comecei por jogar numa equipa B e as coisas corriam-me bem, logo na estreia marquei o golo da vitória. Começaram a gostar de mim e fui jogar para a segunda liga argentina. Fiz uma boa pré temporada e comecei a jogar. Passado pouco tempo, e depois de me ter visto jogar, um senhor do Tenerife veio falar comigo. Fomos almoçar e ele disse-me que tinha gostado de me ver jogar e perguntou-me se eu não queria ir jogar para o Tenerife. Na brincadeira disse-me que tinha falado com o presidente e que ele tinha dito que se não servisse para o futebol ficava para o hóquei. Tínhamos almoçado numa quarta-feira e no dia seguinte lesionei-me. Fiquei seis meses sem jogar. Mas estive muito perto de ir jogar para o Tenerife.

Jogava a que posição?
Panchito - Depende muito do treinador mas é sempre na frente. Umas vezes descaído para as pontas outras vezes no meio.

Falou-se da hipótese do Panchito integrar o estágio da equipa de futebol do Benfica, na Suíça. O que é que falhou?

Panchito - É verdade. Estava tudo acertado para ir para a Suíça com o objectivo de fazer uma recuperação mais rápida da minha lesão no joelho. Mas decidiu-se que não. Eu volto à Argentina para continuar a recuperação e mais tarde integrar os trabalhos da selecção com vista ao Mundial.

Como é que está a correr a recuperação?

Panchito - Normalmente. É preciso tempo e paciência. Tenho de fortalecer os músculos em torno do ligamento para que este não se rompa novamente. E é assim que regresso à Argentina onde vou ser observado pelo meu primo (Fisioterapeuta) e continuar a recuperação física para estar apto para participar a cem por cento no Mundial.

O Mundial é o seu próximo objectivo?

Panchito - Sim. Vamos tentar ganhar.

A Argentina é a favorita para ganhar o título?

Panchito - Nestas competições há sempre quatro candidatos - Portugal, Argentina, Espanha e Itália -, e nós por jogarmos em casa poderemos ter algum favoritismo a mais do que os outros. Mas não passa de muita teoria, porque na prática são todos muito semelhantes.

Mas olhando para o valor dessas quatro equipas, qual é, na sua opinião, a mais forte?

Panchito - As quatro são muito semelhantes. Nestas competições o resultado final é imprevisível. As equipas vivem muito de momentos de inspiração. A Argentina tem mais «figuras», no entanto, como equipa a Espanha tem conquistado alguns triunfos e poderá ser um adversário difícil. A Itália, depois de ter atravessado um período difícil, poderá voltar a afirmar-se como uma grande potência, enquanto que Portugal tem muito bons jogadores e é sempre um adversário à altura.


Texto: Infordesporto