Volei: Balanço com Taça para esquecer campeonato estranho

A época do Benfica fica manchada pela polémica eliminação nas meias-finais do campeonato e o célebre erro da Mesa no jogo na Luz com o Guimarães. Depois de o campeonato ter sido suspenso, foi reatado e jogada a final em 2 semanas, com o Sp. Espinho a proclamar-se campeão nacional e o Benfica a não comparecer aos jogos de atribuição de 3º e 4º lugares.

Analisando a prestação do Benfica, o desgaste físico foi um dos maiores inimigos durante a temporada. Do 1ºjogo oficial ao último foram 23 semanas, num total de 39 jogos disputados, sendo a participação na Top Teams Cup a principal responsável pela avalanche de jogos num calendário já de si carregado.

Começando pela prestação europeia, esta foi meritória. O Benfica propôs-se a ultrapassar a fase de grupos e assim o fez, caíndo nos quartos-de-final ante os espanhóis do Son Amar Palma, que viriam a ser os finalistas vencidos da competição.

A Taça de Portugal foi a grande conquista da época, numa competição em que o Benfica sob aproveitar os bafejos da sorte. Jogou sempre em casa, ante o Esmoriz o adversário nem compareceu, alegando impossibilidades de deslocação e viu o Guimarães cair nos Açores aos pés do Fonte Bastardo, último obstáculo dos encarnados antes da final, e que só foi vencido na “negra”. A final, em Almada, frente ao Sp. Espinho ficou marcada pela ausência do lesionado Sandro Correira nos espinhenses e pelo jogo quase perfeito do Benfica, muito agressivo no serviço e letal no ataque, o que resultou nos expressivos 3-0.

Relativamente ao campeonato, o 3ºlugar na Fase Regular deveu-se quiçá a algumas derrotas improváveis e talvez justificáveis com o pensamento “europeu”. Na Luz, o Benfica contou por vitórias todos os seus jogos, foi nas deslocações ao F. Bastardo, Guimarães, Esmoriz, Sp. Espinho e C. Maia que perdeu, ou seja, com todas as equipas da primeira metade da tabela.

No play-off, ultrapassado o transfigurado, mas complicado, Castêlo da Maia, o Benfica jogou as meias-finais com o Guimarães, onde depois de copiosamente derrotado por 3-0 na 1ªmão, foi eliminado na Luz, no tal jogo da polémica.

Um factor interessante de analisar, será as fracas afluências de público à Luz, alternando entre os 50 e os 300 espectadores, esporadicamente (dias de futebol), 800 ou 900 pessoas. Facilmente se contavam mais adeptos do Benfica nos jogos fora, do que nos jogos em casa, o que fez do pavilhão nº 2 um “Infernozinho” a escala reduzida e que quando os adversários traziam 20 adeptos que fossem, tomavam conta do ambiente no pavilhão.

Aos olhos dos adeptos são impossíveis de não fazer comparações com a bem sucedida temporada de 2004/2005. A primeira é talvez o facto de este ano o Benfica ser o “alvo a abater”, na temporada transacta davam pouco pelo Benfica, também pelo desconhecimento dos jogadores encarnados.

Mas o grande factor terá sido em termos de plantel. Se o plantel era mais vasto, mais equilibrado e com uma média de alturas maior, não chegou a garantir o brilho do ano passado. A diferença mais significativa esteve ao nível de bloco, onde Roberto Purificação fez uma época alguns furos abaixo da anterior e onde o internacional brasileiro Carlos Schwanke, apesar da subida de produção ao longo da época, esteve longe de fazer esquecer o exuberante Renato Júnior. Quanto ao titular da selecção portuguesa, Éden Sequeira, o banco foi o seu destino em grande parte dos jogos, mesmo quando quem estava em campo não fazia grande coisa. Outro factor decisivo para a menor eficácia de bloco, terá sido o 1,88 m de Manuel Silva em comparação com os 2,02 m de André França, a fazer um pouco a diferença no bloco da equipa.

Outra aposta falhada da direcção encarnada foi o distribuidor Doug Bruce. Os seus passes muito altos e denunciados, típicos da escola canadiana, nunca foram a melhor arma para fintar as defesas contrárias e os atacantes sentiram por vezes dificuldades nas suas acções. Muitas vezes chamado à equipa foi o segundo distribuidor, André Cabacinha, e por vezes a sua acção foi decisiva.

A nível de atacantes, o destaque da temporada vai para André Lukianetz, que fez uma época muito boa, apesar da lesão contraída no fim de Novembro. O jovem brasileiro afirmou-se na equipa e mostrou todo o seu potencial. André Lopes e Manuel Silva, internacionais portugueses, alternaram muitas vezes um lugar no “seis” do Benfica, tendo as suas prestações sido irregulares e prejudicadas pela distribuição de Bruce. O capitão Pedro Fiúza, numa época sem lesões, nunca foi titular, sendo chamado para servir ou para as funções de oposto, quando José Jardim trocava a ordem da sua formação.

Outra figura da época, pela sua excessiva irregularidade, foi o gigante Dudu. O jovem brasileiro alternou o muito bom com o muito mau. Houve jogos em que foi autenticamente o “abre-latas” das defesas adversárias, sendo por isso o elemento preferencial da distribuição de Doug Bruce. Teve outras partidas em que simplesmente nada lhe saiu bem, sinal de que tem de trabalhar muito e bem, até ser um jogador regular de topo.

Por último, mas primeiro no coração dos benfiquistas, o líbero Carlos Teixeira, sempre explosivo e emotivo, e que depois de um inicio de época a um nível mais baixo, arrancou para uma grande temporada, que lhe garantiu a liderança das estatísticas da especialidade.

O Benfica viu ainda partir esta época o director Sousa Seco, que abandonou a secção ao fim de muitos anos. Rui Mourinha passou de nº2 a nº1 e juntamente com a equipa técnica liderada por José Jardim e o vice-presidente Fernando Tavares, já trabalham na construção do plantel 2006/2007, de onde já se sabe que Doug Bruce, Carlos Schwanke e Dudu são cartas fora do baralho, ansiando os adeptos benfiquistas por jogadores com valor que possam conduzir o Benfica novamente ao título de campeão nacional.